[RP Fechada+18] Jingle Jangle Jingle

Bad Reputation

Era quinta feira, se não me engano, eu perdia a noção do tempo até os finais de semana, porque eu raramente precisava ir trabalhar de segunda à sexta. Aproveitei o período de ócio para fazer várias coisas que eu queria fazer. Como dormir, fazer compras no mercado, dormir, praticar mais músicas no violão, dormir e levar o meu carro para fazer uma revisão geral. Enquanto eu dormia no sofá do escritório do mecânico, é claro.



Após algumas horinhas de espera, meu carro estava pronto e era hora de voltar para casa. Ou melhor, para o trailer que eu chamava de casa. Chegando em meu destino após correr muito para verificar se meu carro realmente havia fico bom, e ficara, tomei um banho quente para tentar me disfarçar do frio que fazia do lado de fora.



De banho tomado e roupas, extremamente confortáveis, colocadas... Me joguei sobre a cama com o violão em mãos, ligando a TV e praticando um pouco enquanto o aparelho fazia qualquer barulho de fundo. Após algumas horas ensaiando, comecei a ficar com fome. Me levantei colocando o instrumento musical de lado, e indo até a geladeira pegar uma maçã. Em cima da mesma geladeira, estava o cartão que Olívia Hunterfox havia me entregue alguns dias atrás. Durante todo esse tempo, sua atitude ao ir embora me fez hesitar em ligar para a garota, talvez deixar para lá fosse uma boa opção afinal.



Mas como a curiosidade para saber do que se tratava a tal proposta da ruiva, peguei o cartão e corri até a cama, apanhando meu celular e deitando sobre a mesma mais uma vez. Disquei os números conforme era indicado sobre a superfície de papel.



- Por que você vai fazer isso, Cass? - Questionei a mim mesma. - Porque eu sou teimosa e curiosa, é por isso.



Cliquei no botão verde que aparecia em minha tela, dando início ao meu primeiro contato com Olivia desde que havíamos nos encontrado pela primeira vez naquela noite que, apesar de um pouco frustrante, foi muito divertida.



- Alô? - Respondi assim que fui atendida por quem eu presumi ser uma secretária. - Meu nome é Cassidy Stinsen, a senhorita Hunterfox me entregou um cartão com esse número.



"Um minuto, por favor" foi o que a garota disse antes de me deixar pelo menos cinco minutos, que pareceram algumas horas, ouvindo uma música de elevador. Aproveitei para dar mais algumas mordidas na minha maçã. "A senhorita Hunterfox disse que pode atendê-la hoje mesmo. Esteja aqui às 17:30 em ponto.", disse a possível secretária.



-Sem problemas. Eu estarei aí. - Disse desligando a ligação logo em seguida.



Após alguns instantes encarando a tela do celular com a minha mente vazia, resolvi virar meu olhar na direção do relógio e vi que já eram 16:45. Levantei-me da cama e troquei minhas roupas. Vestindo uma calça jeans, uma bota marrom de cano longo, que ia aproximadamente até a metade da panturrilha e não tinha salto, uma blusa preta de mangas longas e um casaco de couro da cor vinho. Ajeitei meu cabelo sem colocar muito empenho no mesmo e saí do trailer, saltando por cima da porta do meu carro e dirigi em direção à The Fox.






Chegando na enorme empresa, fui até a primeira recepcionista que encontrei e expliquei os detalhes da minha visita. Assim como era esperado, a mulher pediu que eu entrasse em um elevador e eu fiz como ela disse, mas não antes de lhe dar uma piscada.



- Será que é pedir demais por um elevador sem música?



Comentei com os três homens de terno e gravata que entraram junto comigo. Aquela subida demorou horas e mais horas. Ok, talvez só um minutinho, mas eu fiquei muito entediada. Espero que tenha valido a pena. Olivia pelo menos admiraria o fato de eu ter chegado com quase meia hora de antecedência.



Saindo do elevador eu me deparo com, pasme, mais um balcão de recepcionista. Quem precisa de dois recepcionistas? Voltei a explicar o motivo da minha visita e ele me pediu para que aguardasse, o que já era esperado levando em consideração que eu cheguei bem antes do combinado. Mas, por sorte, eu tinha alguns joguinhos baixados em meu celular e pensei que seriam o suficiente para passar o tempo. Ah, como eu estava enganada.



Eu joguei, eu li todas as revistas daquela recepção, eu olhei o Instagram, o Twitter, o Facebook e até tive tempo de fazer um perfil no Tinder. E nada de Olivia. Alguns engravatados saíram da sala, eu me botei em pé e sussurrei um "finalmente" enquanto ajeitava minha jaqueta. "Os senhores já podem entrar", disse o recepcionista para os homens que estavam sentados ao meu lado.



- Espera... COMO ASSIM? Eles também vieram ver ela?



"O escritório da senhorita Hunterfox é o único desse andar.", ele esclareceu.



- Quem... Precisa... De um escritório TÃO GRANDE?



Agora imagine que você, caro leitor, sim você! Imagine que está assistindo a um filme, o que provavelmente já está acontecendo dentro da sua cabeça, mas eu gostaria de me certificar. Já está imaginando? Muito bem! Imagine que eu estou sentada, com minhas pernas cruzadas e balançando o meu pé impacientemente, uma leve transição de cena e eu estou inclinada com os cotovelos apoiados em minhas pernas, jogando em meu celular. Outra transição e eu estou deitada sobre o sofá conversando com o recepcionista.



- ... E foi aí que eles me deixaram ser quarterback do time masculino, já que no basquete eu acabava machucando as meninas. Não é minha culpa se elas se preocupavam mais em não quebrar as unhas do que em se posicionar direito na quadra. Tudo bem que no rugby eu machuquei um cara no campeonato, mas aquilo foi um acidente durante o tackle e... Caralho, esse sofá é tão confortável. Onde vocês compraram?



Outra transição e eu estava do outro lado da rua comprando um café. A pior parte foi ter que aguentar aquela música de elevador mais duas vezes, e saber que isso aconteceria uma terceira vez me dava vontade de desistir da ideia, mas eu não tinha nada para fazer e meu carro ainda estava estacionado lá dentro. Voltei até a recepção, onde fiquei sabendo que os homens que chegaram junto comigo ainda estavam lá dentro.



- Aaaaargh, não acredito! Até eu sei que não se deixa uma garota esperando. Marque as minhas palavras, Alfred. Se eu souber que um dia você deixou uma garota esperando, vou esfarelar a sua coluna de tanta porrada.



"Mas... O meu nome é Marcus.", ele timidamente respondeu.



- Cala essa boca, Alfred. Você não sabe do que está falando, você perdeu completamente a sua sanidade! Passar tanto tempo nessa sala não te faz bem. Você precisa de ar puro. E de um bife, porque você tá muito magro. Acho que é por isso que você não tem namorada, você não é assertivo, meu caro. Você precisa... Você precisa de uma barba!  



Após duas horas de espera, minha conversa com Alfred foi interrompida pelas portas do escritório de Olivia que se abriam para que dois sujeitos saíssem acompanhados da ruiva, que se despedia dos mesmos.



Tirei meus óculos de sol e encarei a garota, que fez uma expressão de surpresa e pânico ao me ver, provavelmente havia se esquecido de que eu viria, ou não esperava me ver aqui de jeito nenhum.



- Finalmente! Se eu esperasse um pouco mais, criaria raízes aqui. E olha que nem tem terra por perto. - Me apoiei sobre o balcão e dei um tapa no ombro do recepcionista. - Pensa no que eu disse, Alfred, você vai se dar bem.



Com as mãos em meus quadris, óculos de sol de volta no rosto e nariz empinado, segui Olivia para dentro do seu escritório, evitando contato visual com a garota para efeito dramático. Ergui meu dedo indicador assim que ela tentou se desculpar pelo atraso.



- Ah! Não serão apenas reles palavras que irão fazer com que eu me esqueça do vosso deslize, minha cara. Tu feriste meu coração. - Peguei um lápis sobre a mesa, apontando-o para Olivia enquanto assumia uma pose de esgrima. - En garde!  



Botei o lápis de volta no lugar assim que recebi o olhar de desaprovação da ruiva. Abaixei minha cabeça e, assim que ela passou ao meu lado, segurei-a pelo pulso.



- Tem uma coisa que eu preciso te contar, Olivia... - Aproximei-me do rosto dela com uma expressão triste no rosto. - Eu bebi muito café hoje.



Roubei um selinho dos lábios da ruiva, me afastando da mesma logo em seguida soltando uma risada enquanto me acomodava na cadeira em frente à sua mesa. Cruzando as pernas e ajeitando meus óculos, fazendo minha melhor imitação de uma mulher séria de negócios.



- Pois bem, vamos às negociações, madame? Eu acredito que o mercado Chinês continue sendo o mais promissor. Apesar do padrão socioeconômico do país, tanto a produção quanto a exportação da nação em questão têm se apresentado extremamente viáveis a investimentos monetários.

Oh all my friends are turning green

If you're ready, heart is open

O dia começava, mas sinceramente? Olivia não sentia a menor vontade de levantar de sua cama hoje. Estava exausta e até pra quem ama seu trabalho, tem momentos de querer ele longe pelo menos por algum instante. – Aaaaah! Vamos Liv, que hoje sua agenda está mais cheia que a Disney nas férias. – Suspirou juntamente dos olhos que reviravam, dando impulso em seguida para se levantar da cama.

Correu para o banheiro, tomando todas as providencias para realizar seus costumes matinais. Quando saiu do banho enrolada em sua toalha e os cabelos ruivos preso em um grande coque no topo da cabeça, a raposa se deparava encarando algumas de suas roupas em seu enorme closet. – Esse, esse é perfeito para o dia de hoje. – Puxou cuidadosamente um vestido preto, deixou com que a toalha caísse sobre o chão e assim ela começava a se vestir.

Nos olhos passou um leve delineado de gatinho, rímel e um blush rosa claro para as maças do rosto, sem muito exagero, para que pudesse aproveitar a cor no batom, passando o seu favorito “vermelho sangue”, o que dava destaque em sua pele claro junto ao cabelo laranja.
- É, estou pronta para mais um dia de trabalho. – Se olhou ao espelho quando terminou de calçar seu scarpin preto e pegar a bolsa em cima da bancada. – Bom, então vamos... – Passou a mão pela roupa, dando mais uma olhada antes de começar sua longa jornada de trabalho.


- We said goodbye, that's what you told me once, so many times we've made our peace… – A voz da raposa começava a cantarolar conforme uma de suas músicas favoritas do momento começava a tocar no som do carro. - But this is love I'll never give you up, I know you'll always come home to me. – Mantinha o tom calmo, como o da Birdy catando. - Like a river always running, I keep losing… You. Like a fire always burning, I'll be here for you…uh, uh, uh, uh, uh… – Logo o tom de voz se tornava alto e empolgado entrando no refrão da música. – IF YOU’RE READY, HEART IS OPEN… I’LL BE WAITING… COME FIND ME! – Seu rosto expressava a dor de uma pessoa com o coração partido, colocou a mão sobre o peito no exato momento que parou no semáforo vermelho. – IF YOU’RE SEARCHING, FOR FOREVER... I’LL BE WAITING... COME FIND ME! – Ajeitou os cabelos do rosto para trás, soltando um longo suspiro ao parar de cantar por um momento.

- Aaaaaaaaah… Run to me and never leave now… Aaaaaah… Run to me and never leave now! I see you, here in the darkness… Blinding light right, where your heart is. – Cantou a música inteira interpretando exatamente como a Eleven de Stranger Things fazia no clipe. – If you’re ready… heart is open, I’ll be waiting… Come find me… – A voz sumia junto a música e o rosto tomava uma expressão triste. Olivia respirou fundo e deu seguimento ao caminho para o trabalho.


– Bom dia Senhorita Hunterfox! – A voz masculina demonstrava toda empolgação logo cedo.
- Marcus!? O que faz aqui tão cedo? Onde está a Ana? – Liv olhava um pouco assustada por não entender o que o garota fazia ali de dia.
- Ana está doente, pediu para que te avisasse e que assim que melhorar, ela retornará aos serviços dela... Até então eu a cobrirei. – O jovem abria um sorriso cativador ao terminar a explicação.
- Ah sim, tudo bem. Então bom dia e um ótimo dia de trabalho para nós. – Retribuiu o sorriso da mesma forma, se direcionando a sua sala.

Sem tempo para muita coisa, Liv se envolvia cada vez mais em seus trabalhos, tendo reuniões atrás de reuniões com empresas que imploravam por seus trabalhos e grande parte deles queriam o rosto mais famoso de todos... Kayla.
Mas como sempre a agenda da modelo estava lotada por um longo tempo, a empresária sabia como levar as negociações e mesmo necessitando mudar uma peça, ela sempre conseguia.

– Hunterfox, tem uma garota na linha... Cassi.. – Tentava dizer ao ver a empresaria em seu único momento desocupada.
- CASSIDY? – O olhar de Olivia de arregalava, esperava por dias a ligação da garota e finalmente ela teria entrado em contato.
- Isso... Cassidy Stinsen. Disse que a senhorita passou o contato a ela. – Ela olhava para a empresária com uma cara confusa pela reação.
- Sim, claro. Diga a ela que posso atendê-la hoje mesmo. As 17:30 em ponto. O dia está bem cheio hoje. – Olivia dizia com a voz firme, tentando disfarçar a reação anterior.




As horas se passavam e Olivia não conseguia um momento de folga para pelo menos almoçar, a TheFox decolava cada vez mais e isso trazia a tona ideias brilhantes a mente da empresária, que desde o dia que conheceu a garota na casa noturna, sua mente não parou de pensar em seu futuro projeto.

Ela se levantou de sua cadeira e acompanhou os homens até a porta para a saída. – Ce fut un grand plaisir de conclure un marché avec vous. – A ruiva concluía as palavras em francês, esticando o braço para poder cumprimenta-los antes que partissem. – Au revoir. – Todos se despediram, deixando finalmente a raposa livre de compromissos.

Os olhos seguiram os homens que partiram e se surpreenderam com a presença de Cassidy, Liv havia esquecido por um momento de que tinha combinado em conversar com a garota. – Cassidy... Vamos? – Ainda um pouco assustada, indicou para que ela a seguisse até sua sala.

- Me desculp... – Tentou dizer ao adentrar a sala e virar para olhar a garota a frente, mas ela revogava as palavras da raposa com o dedo indicador, invocando o silencio. Queria entender o porque Cass agia assim, mas logo começava a balançar a cabeça negativamente e segurar  riso com as atitudes completamente estranha dela.

Respirou fundo e caminhou em direção a cadeira, mas assim que passou ao lado de Cass, sentiu seu pulso ser segurado, imediatamente levou os olhos aos azuis profundos, que se aproximavam com uma expressão triste.  O beijo roubado manteve a raposa em silencio por um tempo, até que começou a rir antes de se sentar em sua cadeira.

- Pelo jeito esse café realmente não te fez nada bem... - Ria da postura feita pela garota, mas uma risada meiga, demonstrando um pouco de seu divertimento. – Bom, vamos ao que interessa. – Liv apoiou os braços sobre a mesa, aproximando um pouco o rosto do de Cass. – Eu tenho ótimas propostas para te fazer, mas a inicial de todas é... Estou morta de fome, pois não comi nada até então... Quer pedir algo pra comer ou irmos a algum lugar? – Apoiou o queixo nas mãos, esperando ansiosamente a resposta de Cassidy.

Sigma - Find Me ft. Birdy . vestindo . TheFox . Cassidy

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Soltei um riso curto, porém um tanto histérico ao ouvir o comentário de Olivia sobre a quantidade de café que eu havia ingerido.

- Café nunca fez, e nunca me fará mal, minha cara. É simplesmente assim que as coisas funcionam. Além do mais, a senhorita parece estar se divertindo com isso, então vejo apenas pontos positivos.

Pensei acerca da proposta de Olivia durante alguns minutos, eu definitivamente havia passado tempo o bastante naquele prédio, mas onde poderíamos ir para comer? Foi nesse momento em que um estalo surgiu em minha cabeça.

- Eu passei por um Hard Rock no caminho para cá, não é muito longe e eu também estou com fome, já que uma certa pessoa me deixou esperando aqui por horas.

Após Olivia concordar com a minha ideia, nos levantamos e eu a segui por todo o caminho de volta à garagem, dando algumas espiadas no corpo da garota, que era ressaltado pelo vestido que ela usava. Tal roupa aproveitava bem as suas qualidades físicas, mas de maneira alguma tirava o ar de profissionalismo da ruiva.

Encostei-me contra a parede do elevador, cruzando meus braços e encarando Olivia com uma expressão curiosa no rosto. Eu já havia conhecido várias pessoas interessantes, mas a ruiva tinha um ar misterioso e certinho que mexia comigo. Tamanha era sua influência sobre a minha curiosidade, que eu acabei dando alguns passos em sua direção com a sobrancelha erguida e um sorriso presunçoso em meus lábios.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ouvi um barulho estranho enquanto o movimento do elevador parava bruscamente. As luzes se apagaram e uma luz de emergência acendeu. Andei até os controles do elevador e comecei a apertar vários botões.

- Merda!

Peguei meu celular dentro do meu bolso e verifiquei as conexões de Wifi, não havia nenhum sinal disponível.

- Ou o seu elevador é feito de cobre, ou a energia acabou.

Um barulho alto, porém abafo, pôde ser ouvido do lado de fora do elevador. O som parecia ecoar, então ficou fácil de perceber que se tratava de um trovão, e não de alguma explosão ou algo caindo.

- Ah, acho que já temos o culpado pela falta de energia.

Tateei a porta do elevador, tentando sentir a espessura do metal utilizado nas portas, e seria pesado demais para eu conseguir abrir sozinha, mesmo se eu não tivesse deixado minha faca dentro do carro.

- Espero que você não seja claustrofóbica, e não tenha medo de tempestades.

Enfiei minha mão no bolso da minha jaqueta, tirando uma pequena barra de chocolate de dentro dele. Entreguei a embalagem para Olivia, me sentando no canto do elevador logo em seguida.

- Não dá pra saber se vamos ficar aqui por muito tempo, então não tem pra quê esperar em pé, muito menos de barriga vazia. Pode comer, eu comprei quando fui pegar café e eu comi antes de vir para cá.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estava com fome, mas tenho certeza que a fome de Olivia era muito maior do que a minha, já que a garota ficava tão focada em seu trabalho que até mesmo se esquecia de almoçar.

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Era interessante a forma que a empresaria olhava para a garota, existia sim o modo profissional, mas se você conseguir ver, vai perceber que existe algo curioso, vindo de ambas as partes. Olivia era um enigma até pra si mesma, sem perceber o olhar, o lugar que mais transmitia seus sentimentos, então se você realmente quer conhecer algo sobre a raposa, eu tenho uma dica para você Cassidy... Olha-a no fundo de seus olhos.

Esperar uma resposta não demorou muito, Cass jogou uma oferta incrível para irem jantar, faziam-se anos que Olivia não iria ao Hard Rock, era tão perto e mesmo assim evitou tudo por longos anos por conta de seu foco em seu trabalho. Apenas uma pessoa até então lembrava Liv de que era necessário viver fora de seu quadrado profissional. – Me desculpa...[/color] – Suspirou enquanto segurava sua risada, mas era possível reparar nos olhos a tristeza por ter demorado tanto. – Eu acho essa ideia ótima, então vamos? – Liv era sempre prática, pegou seu celular e a bolsa preta ao lado, logo se levantando e seguindo para a porta ao ver Cassidy se levantar também.

Caminhou um pouco mais a frente para guiar a garota até o elevador, andando sempre com toda sua elegância, mesmo estando exausta do longo dia de trabalho. O elevador vazio a esperavam, Liv entrou primeiro e apertou o botão que indicava a garagem e esperou em pé ao meio do local, olhou para ao lado e percebeu a garota de braços cruzados se aproximar com a sobrancelha arqueada, fazendo com que sua expressão curiosa também arqueasse a sobrancelha da ruiva.

- O que f... – As palavras da empresaria eram imadiatamentes interrompidas por uma parada brusca do elevador. Liv levou a mão para se apoiar na parede, seus olhos foram diretamente para o teto ao perceber o local escurecer e apenas uma leve iluminação ambiente manter a visão do local. Apenas observou todas as reações da garota sem falar uma palavra se quer, deixando ela sem resposta por um momento.

Estremeceu o corpo paralisado, tomando seus movimentos de volta ao conseguir escutar o som, aquele som que sempre a fizera esconder de tudo, o que parecia bobo, mas era o que lhe botava mais medo. – Não... – Ela sussurrou ao ver a garota lhe entregar uma embalagem e a apertou em sua mão, pois a fome não era mais um problema. – Eu não posso ficar aqui! – Sua voz era firma ao empurrar o corpo para frente, apoiando suas mãos a porta. – ALGUÉM! POR FAVOR, ABRE O ELEVADOR! – Ela dava três batidas na porta com o punho fechado, usando toda sua força para tentar fazer algum barulho.

Não era necessário de silencio para escutar a tempestade piorar cada vez mais, o som os trovões se tornavam tão fortes que pareciam estar dentro do elevador. Estava desesperada e tentava não demonstrar, lembranças começavam a entrar em sua mente novamente, ela não estava preparada para um dia como esse, não estava em sua casa e isso a deixava cada vez pior. – POR FAVOR! ME TIRA DAQUI! – Bateu novamente com o punho mais três vezes, o coração acelerava e o medo a tomava a cada pedaço.

Não, essa não era a Hunterfox conhecida por todos, a empresaria bem sucedida e tão nova, Olivia, a ruiva tão invejada por seus talentos e trabalhos na TheFox. Essa era apenas mais uma parte de Liv, aquela a qual escondeu até mesmo de Kayla, pelo menos uma parte disso era seu segredo mais obscuro.

”Olivia....”

A voz sussurrava em sua mente a fazendo socar novamente a porta do elevador, seus olhos apavorados, o coração disparado. Esquecia-se até de Cassidy no local.

Sigma - Find Me ft. Birdy . vestindo . TheFox . Cassidy

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A preocupação se tornava cada vez mais nítida em meu rosto, conforme as reações de Olivia foram se escalando de um pouco nervosa até o desespero. Eu não tinha certeza se era por causa da tempestade, ou apenas o fato de estarmos trancadas dentro do elevador. Comecei a olhar em volta até encontrar um duto de ventilação, o que já era um sinal de que não ficaríamos sem oxigênio, e meu próximo objetivo era acalmar a garota.



Fiquei de pé atrás dela, admito que seus berros me deixaram um pouco assustada, assim como os socos que a garota desferia contra a enorme porta de metal que eu mesma já havia constatado serem impossíveis de abrir sem as devidas ferramentas. Respirei fundo e andei até que estivesse ao seu lado. Segurei o punho da garota, não com muita força, mas o bastante para impedi-la de atingir a porta em cheio mais uma vez.



- Olivia, eu não sei o porquê de você estar assim, mas não vou deixar que continue a fazer isso. Você vai acabar se machucando. A última coisa que você precisa agora é quebrar o seu próprio dedo tentando derrubar uma porta de metal.



Segurei seus ombros, virando-a de frente para mim, o desespero no olhar da garota era tão grande que me deu um leve aperto no coração. Minha personalidade forte sempre me fez resistir ao lado emocional, mas eu tinha uma estranha simpatia pelo sofrimento alheio em alguns momentos, sem contar que a última coisa que eu precisava era que Olivia realmente se machucasse.



- Não adianta ficar gritando, Olivia. Eu já apertei o botão de emergência, quem quer que cuide disso logo virá nos ajudar e vai ficar tudo bem depois disso. Eu estou aqui com você, ok? Vamos passar por isso juntas.



Foi com essas últimas palavras que eu envolvi Olivia em meus braços, apertando-a gentilmente. Eu estava prestes a acariciar seu cabelo, quando fui empurrada pela ruiva e caí no chão, que se virou de costas para mim e começou a encarar um dos cantos do elevador. A única coisa mais evidente do que a confusão em meu olhar, era a expressão de surpresa e susto. Olivia era sempre tão elegante e delicada, que ser empurrada por ela ao ponto de cair me deixou em estado de choque. Eu apenas encarava as costas da ruiva.



- Olha... - Disse encolhendo minhas pernas para abraçá-las. - O que quer que eu tenha feito, me perdoe, eu não fiz por mal. Eu só queria te acalmar para que você não se machucasse. Alguém vem nos ajudar a qualquer momento, então realmente não tem pra que ficar com medo. E você não está sozinha, então fale comigo. Quanto menos você pensar nisso, mais rápido o tempo vai passar e logo estaremos comendo os Onion Rings do Hard Rock. Você vai ver só.



Meu estômago ameaçava roncar só com a menção dos onion rings, mas minha preocupação com Olivia era muito maior do que minha fome. Era a segunda vez que eu via a garota, e mesmo assim estava me preocupando tanto com ela. Provavelmente era somente simpatia pelo medo que ela estava sentindo naquele momento, mas eu precisava ajudá-la de alguma forma. Deslizei pelo chão até me encostar no canto mais distante dela, onde voltei a abraçar minhas próprias pernas.



- Se o seu problema foi o contato comigo, eu vou ficar aqui até que você esteja melhor, ou fora do elevador. Vou continuar falando, mas não vou me mexer se você não quiser, ok?

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Admito ser uma situação difícil de entender, mas Liv não tinha culpa, não tinha como controlar o desespero agudo do momento, mesmo piorando tudo não sabia como controlar, não depois de tantos anos sem passar por algo assim. Quando sentiu algo prender seus pulsos, ela apenas congelou por um longo momento, sua mente lembrando-se dos sussurros.

”Venha, eu te levo para casa...”

“Agora você é completamente minha...”

A respiração se tornava cada vez mais forte, Liv tentava escutar as palavras da garota que lhe fazia companhia no elevador, mas estava atormentada por tudo que rodava em sua mente novamente. Como se estivesse cega, surda e muda pelas emoções que lhe causavam todo esse pavor, encarava Cass com os olhos arregalados e a respiração mais forte que antes, ela conseguia ver você Cass, mas sua mente ignorou completamente essa informação. Quando sentiu braços envolver seu corpo, uma nova lembrança chegava a mente.

”Estava presa a parede no momento, os olhos me encaravam de forma louca e ao mesmo tempo tentavam ser gentis para enganar minha mente. - Olivia... Hunterfox... – Ele dizia ao aproximar o rosto e acariciar a mecha de cabelo que estava a frente de meu ombro.
Eu o encarava de forma irritada, mas ao mesmo tempo com medo. Segurei seu pulso retirando sua mãos de meus cabelos e antes que eu pudesse dizer algo, o homem segurou o meu pulso com toda força. - Nossa, quanta agressividade... Se quiser eu... – Ele era interrompido no momento certo por uma das organizadoras do desfile que avisava meu tempo de entrada. Ele soltou meu pulso e caminhou, me encarando sempre que pudesse, assim como eu o encarei, tentando entender tudo o que havia se passado por ali.”

- Me solta! – Liv dizia alto ao empurrar o corpo a frente com toda sua força e virou-se de costas a ela. Levou as mãos ao rosto, tentando expulsar todas aquelas imagens de sua mente que distorciam tudo ao seu redor, como se tudo mudasse ao seu redor, lembrando apenas dos olhos daquele homem ao qual esqueceu até o nome com seu tratamento, mas de seu olhar nunca.

Demorou um tempo para que conseguisse entender tudo o que havia feito, sentindo as palavras ditas por ela afetarem seu interior, ela estava com medo também. – Cass... – As mãos destamparam o rosto ao se virar de frente a garota encolhida no canto do elevador abraçando as próprias pernas. – Cass, me perdoa... Eu... – A voz falhava por conta do rosto desesperado se transformar em tristeza, tristeza pelo que tinha abacado de fazer.

Olivia se jogou de joelhos ao chão, ficando de frente aos olhos azuis assustados, mas você lembra quando disse que era só observar o olhar da ruiva que enxergaria o que ninguém mais via? Então esse era o momento em que ela demonstrava todo seu medo, toda sua preocupação pelo que havia feito, era possível observar lagrimas escorrem por seu rosto derrotado. - Eu... Me desculpa, não queria te machucar. – Dizia com a de voz choro, suas mãos tentaram tocar a garota, mas apenas caíram sobre suas coxas.

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Ao ver a expressão de choro se formar no rosto da garota, tive que ter muito auto controle para não me levantar e ir abraçá-la, mas julgando por sua atitude anterior, isso provavelmente só iria piorar as coisas e eu havia prometido que não sairia de lá até que estivesse tudo bem.



- Você ficou com medo, eu entendo isso, Olivia. Sério, entendo mesmo. E você não me machucou, mas me deixou assustada. Eu só quero que você consiga ficar calma, ok? Eu realmente não sei quanto tempo vamos ficar aqui dentro, então acho que deveríamos aproveitar para nos conhecer melhor. Eu começo! Eu já comentei que tenho um cachorro, mas ainda não havia dito que ele é um pastor alemão enorme chamado Shazam.



Peguei meu celular e abri a galeria de fotos, abrindo uma imagem em que Shazam estava sentado no banco do meu carro, com um lenço vermelho em seu pescoço e meus óculos de sol apoiados sobre o focinho. Não consegui conter o sorriso ao olhar para a foto. Coloquei o celular no chão ao meu lado, e o empurrei para que deslizasse até Olivia.



- Eu consegui ele com uma veterinária que eu estava saindo. Eu tinha almoçado com ela e dei uma carona até o trabalho. Fiquei lá um tempo brincando com uns gatos, quando um homem chegou com o Shazam no colo. O coitado estava doente e estavam levando ele pra... - Engoli em seco. - Enfim, pelo visto o cara não achava que gastar tanto dinheiro em um tratamento para um cachorrinho valia a pena. Eu me ofereci para tratar o cachorro se eu pudesse ficar com ele, o homem nem se importou e foi embora. Nós cuidamos dele e eu ganhei um amigo de quatro patas. O nome dela era Billy, igual ao Billy Batson que é o alter-ego do Shazam, aquele super herói que ninguém dá bola, mas é muito melhor que o Superman.



Quem olha toda a minha atitude, pensa que eu não gosto de nada além do meu carro e de transar, mas animais fofinhos são meu ponto fraco para desmontar a cara de má e me fazer soltar uma voz aguda, não tenho ideia de como isso começou, provavelmente sou assim desde que nasci. Tanto o amor por animais, quanto a cara de brava e a atitude.



- Ah, é. Também tem uma coruja que vive aparecendo perto da minha casa. Eu chamo ela de Fjädrar. Significa "penas" em sueco. E não, eu não sei falar sueco. Só procurei no Google mesmo.



Eu sempre fui péssima em acalmar as pessoas de um jeito que fizesse sentido (vide os dois posts anteriores), então apenas falava qualquer coisa aleatória e torcia para que isso pelo menos fizesse com que os outros se distraíssem e talvez rissem um pouco.

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As lagrimas percorriam dos olhos até o rosto até caírem sobre e vestido escuro de Olivia, que agora olhava para suas mãos por cima das coxas, tentou evitar olhar para Cass, para que não se magoasse mais com o que havia feito. Mas assim que escutou a voz da garota, levantou a cabeça para que pudesse encontrar os olhos da voz que tentava lhe acalmar desde o principio. Então apenas escutava atentamente tudo o que a felina tinha a dizer, algumas lagrimas ainda corriam, mas Liv tentava respirar fundo discretamente para conseguir parar de chorar.

Olhou para o celular deslizar no chão e o capturou com a mão, observando a foto do pastor alemão cujo nome era Shazam. O cachorro era incrivelmente lindo, Liv sempre gostou de animais, mas principalmente de cachorros grandes, sentiu até falta de sua falecida husky Sona, havia crescido ao lado da loba, mas aos seus 18 anos ela veio a falecer e deixando uma saudades enorme dentro da raposa.

Se você reparasse bem, perceberia que a empresaria tentou sorrir ao escutar sobre a magnifica história de como Cass deu nome a sua coruja, ela te observava atentamente Cassidy, e se reparar nisso também, em seus olhos existia aquela essência frágil, como o olhar de uma criança.

Você estava conseguindo conhecer Olivia profundamente.

- Cass... – Ela entregou o celular para a garota e quando ela pegou o aparelho, Liv aproveitou para segurar sua mão em um momento imóvel. Um trovão estrondoso interrompia o silencio dos olhares e rapidamente a raposa rolou seu corpo para o lado se Cassisy, deitando sua cabeça nas pernas dobradas dela e manteve sua mão a dela, segurando cuidadosamente.

Se permaneceu em silencio por esse tempo, tentava ficar bem e ao mesmo tempo mostrar a mais jovem que ia ficar bem.

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Bad Reputation

Após alguns instantes em silêncio observando a foto, vi um sorriso tímido ser formado no rosto de Olivia, o que fez com que eu também sorrisse. Saber que a garota estava em condições de sorrir, mesmo depois de tudo o que estava acontecendo dentro de sua cabeça, era reconfortante. Liv sussurrou meu nome e devolveu meu celular, antes que eu pudesse respondê-la, a mesma segurou minha mão. Estendi minha outra mão para segurá-la com ambas as mãos, porém minha atenção foi chamada para um outro trovão. Novamente me surpreendi com as atitudes da ruiva, que rolou para o chão e deitou-se em meu colo, segurando minha mão.



- Vai ficar tudo bem, Liv. Eu estou aqui com você até isso acabar.



Depositei meu celular no chão ao meu lado, e em seguida coloquei minha mão sobre a cabeça dela, acariciando seus longos cabelos ruivos. Ver pessoas sofrendo assim, ou em uma situação vulnerável, era algo que eu sempre odiei, mas ficar tão tocada por alguém que eu nem conhecia tão bem assim era novidade. Talvez fosse devido à minha vontade de conhecê-la melhor, já que ela possuía algo que a tornava tão interessante.



- Sabe, Olivia... Eu tinha medo do escuro quando eu era criança. Não necessariamente do escuro, mas das coisas que eu imaginava que existiam dentro dele. Aí um certo dia eu disse para mim mesma que o que quer que estivesse no meu quarto, não queria me atacar, senão já teriam feito. Depois daquele dia, eu passei a dormir com a luz apagada. Eu sei que com os trovões não é a mesma coisa, mas talvez ajude.



Assim que eu terminei de falar, as luzes do elevador se acenderam, fazendo com que eu cobrisse meus olhos com o antebraço. A grande caixa de metal voltava a se mexer. Ajudei Olivia a se levantar e, em seguida, peguei meu celular de volta do chão e guardei-o em meu bolso. Abracei a garota mais uma vez.



- Eu te disse que ia ficar tudo bem, não disse? Só mais alguns andares e estaremos fora daqui.



Assim que as enormes portas de metal se abriram, segurei-as e fiz um gesto para que Olivia fosse primeiro.



- Você sai primeiro, não vou te deixar sozinha aqui dentro.



Assim que a ruiva atravessou pela saída do elevador, eu a segui, dando-lhe um sorriso em seguida ao ver que ela se sentia melhor. Continuamos nosso caminho através da garagem do prédio, onde já era possível ver a chuva forte que caía do lado de fora. Ao ver que a ruiva ainda estava abalada pelo elevador e também pelos trovões, peguei-a pela mão enquanto a guiava até o meu carro.



- Nem a pau vou te deixar dirigir desse jeito, você vem comigo.



Abri a porta para ela, e logo em seguida dei a volta no veículo, saltando sobre a porta e caindo sentada sobre o banco do motorista. Ativei a ignição e apertei um botão para que a capota do carro se abaixasse. Liguei os faróis e comecei a dirigir em direção à saída do estacionamento.



- Você ainda quer sair para comer, ou prefere que eu te leve embora? Nós podemos passar em um drive-thru e pegar algo para você comer quando já estiver em casa.



Parei o carro um pouco antes da saída do estacionamento, onde fechei as janelas para que não entrasse água do lado de dentro. Puxei meu cinto de segurança e logo depois olhei para Olivia, esperando por sua resposta.