[RP FECHADA] Somewhere only we know

can I see your face?

How many times will you walk away? I just have to let you know. I'm not tryna start a fire with this flame, but I'm worried that your heart might feel the same and I have to be honest with you baby. Tell me if I'm wrong, and this is crazy.

Os olhos negros fecharam-se por um curto momento. Kayla ainda sentia resquícios de sono, já que dormir não havia sido uma opção duradoura durante a noite. Estava longe de reclamar daquilo, mas diante das circunstâncias e do trabalho que fazia, uma noite bem dormida era uma obrigação e não somente isso; era uma exigência. “Eu nunca falei sobre esse lugar com ninguém. Sempre vinha sozinha, quando a cabeça estava cheia demais e sentia que precisava de uma pausa.” era quase como um ponto de paz. Um lugar provido pela natureza, de águas tão claras quanto o céu, numa temperatura atraentemente morna e uma floresta virgem ao redor. Era possível inalar o odor de pequenas flores, da gramagem baixa e molhada pela umidade contínua da terra. Dos frutos amadurecidos após a friagem do inverno que havia passado, como também era possível ouvir o som de quebra de galhos secos e folhas deixadas para trás numa disputa entre coelhos, esquilos brincalhões e pássaros sobrevoando a copa das árvores. “Até hoje.” Um pequeno sorriso cresceu nos lábios da britânica, que passou os braços em torno da própria cintura.

Oasis era um tipo de culto num ritual matinal quando ainda morava com os pais e podia conviver com privacidade o suficiente para ter tempo de conhecer algumas canções. “E se eu disser que meu pai nunca perdeu um show?” Ele não era somente um grande fã. Parte de sua vida tinha sido dedicada a música, não diretamente, mas era evidente o quanto Bruce la Blanco gostava daquela parte do mundo. Bom, até quando decidiu que moda era tão mais atraente quanto a música. “E eu já disse que você canta bem, não disse? Daqui uns dias te convidam pra aparecer num videoclipe.” Kayla suspirou, passando a ponta dos dedos entre os fios do cabelo. Há algum tempo vinha pensando em cortá-lo. “Eu acho que vou passar na TheFox amanhã. Quero cortar o cabelo e como vai ser uma coisa radical, vou fazer o pedido diretamente. Se aprovarem, amanhã mesmo resolvo isso.” Estava ciente da parte do contrato que havia assinado onde dizia na cláusula 12.1.6

12.1.6 - Para fins estéticos remetidos ao gosto particular (Tatuagens, piercings, corte de cabelo, coloração ou pigmentação capilar, bronzeamento artificial e afins), é necessário o regimento de um ofício assinado pelo gabinete de Gestão Administrativa contendo a rubrica de no mínimo dois agentes de cunho alternativo e poder supremo, tal como um membro do conselho (Diretor, Coordenador de Marketing Pessoal, Pessoa no encargo Publicitário, Assessor Pessoal e afins) confirmando a mudança física e ilustrativa do modelo diante da TheFox.

“Vou descer aqui enquanto você estaciona.” Sorriu para ela, pescando a cesta para carregá-la. “Não demore!” Abriu a porta do Audi, apertando a mão esquerda da ruiva que ainda encontrava-se sobre o volante. A morena notou a falta de movimento, o que era de se esperar. Apesar de um ambiente de extrema beleza, não era tão conhecido pelos residentes de Nashville, ocupados demais com atividades diárias para se prestarem o “trabalho” de descansar por um momento.

can I see your face?

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Enquanto aguardava, Kayla olhava o ecrã do celular, onde cortes de cabelo lhe agradavam e facilmente poderia optar por um. Também repassava os afazeres do dia seguinte mentalmente várias vezes como uma forma de exercitar a mente e não se esquecer de nada. Quando o beijo na testa lhe despertou para a realidade, alargou um sorriso enquanto tomava a ruiva pela mão e entrelaçava os dedos para guiá-la até a parte mais fechada da trilha. ― Eu não sei se você vai gostar do lugar, é bonito, mas para quem vive na cidade por muito tempo.... Hm, não sei. ― a modelo falou, mas era como se estivesse numa divagação consigo mesma. Andaram cerca de cinco minutos até alcançar o caminho mais robusto, com pedras e galhos pelo caminho. Kayla segurou alguns galhos mais finos, sabendo bem quais promoviam risco de causar pequenos machucados que seriam desnecessários para o dia. ― Essa é a parte ruim. ― brincou, segurando outro galho para Olivia passar primeiro, sem soltar a outra mão da dela.

Um caminho de pequenas florzinhas era o próximo passo, com macieiras e tantos outros tipos de árvores e frutos que uma pequena confusão mental poderia se instaurar. Era um motivo e tanto para se distrair, visto a dinâmica de tipos de flores e frutas espalhadas pelo espaço natural que tanto agradava a britânica. ― Só mais um pouco... ― não parou ou deixou que a ruiva parasse para não perderem um minuto se quer do que estava previsto para mais alguns passos. Estava curiosa com a reação da raposa quando pusesse os olhos na bela vista que lhe aguardava. ― Na volta paramos e aproveitamos um pouco a trilha, se quiser. ― é claro que iria propor aquilo, devido ao requintado gosto por coisas daquele tipo. Esperava que Olivia também gostasse.

De onde estavam, já era possível ouvir a queda d'água e sentir o cheiro de água doce. Kayla sempre preferia ambientes daquele trejeito; ar livre, uma natureza generosa e uma companhia na qual pudesse desfrutar de tudo com total prazer. ― Okay. Feche os olhos e só abra quando eu pedir. Eu te ajudo a chegar até lá. ― podia ser considerado uma maldade absurda deter a visão daquele paraíso por mais algum tempo, mas a morena estava verdadeiramente ansiosa com o que Olivia acharia do seu lugar de paz.

Esperou que ela fizesse o pedido, parando a poucos centímetros de distância. ― Faça isso. ― pediu, beijando-lhe a ponta do nariz alvo, guardando um sorriso nos lábios enquanto esperava pelo feito.

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A animação era evidente e ficava cada vez mais claro o nervosismo causado pela futura descoberta daquela visão tida por Olivia. — Só mais alguns passos. — com cuidado, a modelo passou a guiar a ruiva, confiando que ela manteria os olhos fechados até alcançarem o ponto mais perto da cachoeira. O cheiro de umidade, folhas verdes e frutos mistos era mais forte naquele ponto, mas não superavam o aroma cítrico que vinha da água doce. O motivo daquilo se dava pelas pequenas espécies aquáticas que residiam no fundo da cachoeira. — Okay... — deram mais alguns passos, onde Kayla afastou as folhas de palmeiras que cobriam a entrada até que a ruiva ficasse frente a frente com aquele paraíso natural. Soltou-se dela, unindo as próprias mãos num gesto nervoso. — Pode abrir. — e ficou em silêncio, aguardando pelo que viria.

A britânica tinha aquele lugar como o seu ponto de paz, num sentido literal. Nashville era uma cidade barulhenta, apesar de aparentar não ser tão movimentada em alguns pontos. Enganava-se quem achava que a cidade tratava-se de um cerco de cowboys e cowgirls que viviam entocados no meio do mato tocando banjo e cantando ao redor da fogueira. Aquilo existia, é claro, mas havia muito mais o que se notar. — Nashville pode ser tão barulhenta quanto New York. Quando eu procuro por paz, é para cá que eu venho. Sem celular, sem contato com tudo fora desse espaço e você não imagina como me faz bem. — não existia nada além da verdade naquelas palavras. Os olhos negros focavam os verdes com atenção enquanto falava. — ....então quando você tenta falar comigo e eu não respondo, é aqui que estou. — findou com um suspiro, cruzando os braços em frente ao peito enquanto se virava para encarar a paisagem.

Ainda lembrava-se do dia em que havia descoberto aquele lugar. Tinha tirado a manhã para correr pela trilha e explorar o território, com o intuito de tirar da mente coisas que não deveriam tomar tanto de sua atenção, até que acidentalmente pisara numa raíz alta de uma árvore antiga. A queda foi inevitável, assim como os solavancos enquanto dava cambalhotas na pequena descida. Caiu na beira d’água, encharcando o tênis. Dali em diante, maravilhada com o que via, passou o resto da manhã traçando rotas de como chegar até ali sem que ninguém percebesse.

— Agora pode ser o nosso ponto de paz se te fizer bem também. O que achou? — perguntou, por fim.

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O sorriso se expandiu nos lábios da britânica, feliz por ter agradado a empresária com algo tão simples quanto a amostra de um ambiente praticamente privatizado, natural, e completamente a dispor delas. Fora aquilo, tinha uma bagagem especial, ao se tornar - agora - um lugar para elas perderem o rumo de preocupações e tudo o que pudesse afetá-las durante o dia. Assentindo, apertou as mãos da ruiva, apertando os próprios lábios de uma maneira amistosa. — Agora é o nosso lugar. — sorriu, mas comprimiu os olhos e os estreitou em direção dos dela. — Mas com uma condição. Quando uma procurar a outra e não tiver resposta, não vale vir aqui procurar. Só se for um caso de extrema urgência. Fechado? — apertou mais as mãos que segurava, tentando promover alguma feição mal encarada, falhando miseravelmente.

Quando o contato fora desfeito, Kayla tomou a frente e logo despediu-se da regata que havia vestido, deixando evidente a parte de cima de um biquíni preto. — Okay, eu estou com calor e preciso aproveitar essa maravilha. — era possível reparar o quão relaxada estava, somente por estar longe de todo o barulho da cidade, longe de ocupações e qualquer coisa ligada ao trabalho. — Você ou vai ficar ai só olhando? Anda, mexe essa bunda branca logo! — arqueou as sobrancelhas num movimento duplo, divertido, enquanto retirava também o short e jogava em cima do carro. — Aliás, se eu fosse você, aproveitava esse sol pra ficar menos albina. — gargalhou, apertando as bochechas da ruiva, correndo para a água de um azul transparente.

Mergulhou de cabeça, passando quase um minuto submersa, nadando, matando a saudade que estava dali. Era quase como sua segunda casa, um local que lhe acalmava, lhe trazia paz de espírito e muita, mas muita tranquilidade. — Vai morar ai ou ta criando raíz, raposa albina? — provocou, retornando até a superfície.