[RP Fechada] Get off me car!

Eu estava afundado no silêncio, apenas ouvindo o motor violentamente barulhento do carro de Cassidy soar conforme eu o dirigia pela estrada de terra até onde se encontrava o terreno da minha irmã mais velha. Desde que ela havia decidido se mudar de casa há alguns anos, eu costumava lhe prestar visitar recorrentes, mesmo que estas custassem um bom tempo de transporte público e depois caminhada. Minha irmã havia achado graça em morar em um trailer no meio do nada e — mesmo eu tendo lhe dito milhões de vezes que não era tão legal quanto ela pensava — ela simplesmente amava aquele lugar.

Minha cabeça ainda voltava por alguns segundos até a noite passada e tudo o que havia acontecido. Eu queria tentar apagar grande parte dela da minha mente, mas era difícil, uma vez que aquelas memórias pareciam estar tatuadas na minha alma. Eu não sabia ao certo fazer um julgamento de positividade e negatividade dos eventos anteriores, então achava melhor só não pensar sobre eles. Não que aquilo fosse possível.

Alguns minutos se passaram e logo avistei o trailer não muito longe conforme estacionava o carro no local de costume que Cassidy gostava. Eu fiz questão de deixá-lo perfeitamente estacionado, evitando que ela achasse razão qualquer para me infernizar sobre detalhes pequenos. Saí do veículo e fechei a porta atrás de mim, caminhando até o trailer prestes a bater na porta, mas nem precisei. Antes que meus punhos sequer se formasse, Cassidy apareceu com um sorriso enorme, me abraçando em tom suspeito.

Segurei o corpo da menina que praticamente pulava sobre mim e revirei os olhos ao sentir sua mão dentro do meu bolso, puxando as chaves dali. Eu não sabia o que dava em Cassidy para que ela pensava que era uma ninja, mas seja qual fosse sua demência eu não estragaria. Apenas abri um sorriso e deixei ela se afastar, fingindo não ter notado nada de estranho no seu comportamento atípico.

— Cass, quanto tempo. Tem exatamente... Seis horas que não te vejo.

Olhei para o relógio em efeito dramático e sorri conforme ela disparava em direção ao Mustang vermelho. Ouvi a pergunta da mais velha sobre o desempenho do carro e dei de ombros, pensando um pouco. Era um carro velho, brega, mas ele havia funcionado ok. Pelo menos não havia quebrado quando eu mais precisei dele para fugir daquele inferno que chamavam de festas.

— Ele funcionou direito e... — Fui interrompido pelo corte ao ouvir que ela não havia falado comigo, mas sim o com o carro. Revirei os olhos com um sorrisinho e soltei uma risada baixa, balançando a cabeça em negação. Tateei os bolsos, abrindo uma expressão exagerada de surpresa e olhei para Cassidy, a ironia brilhando em meus olhos. — Oh não! Onde estão as chaves?!

Minha irmã balançou o objeto em tom vitorioso e isso fez com que um sorriso se formasse em meu rosto e que eu revirasse os olhos. Antes que eu pudesse sequer funcionar, Cass me puxou pela jaqueta e me arrastou em direção ao trailer, mesmo que a última coisa que eu quisesse naquele momento era conversar. Eu só queria deitar no meu quarto e morrer lá, mas obviamente aquela opção sequer existia com minha irmã.

Passei os olhos pela "casa" completamente bagunçada e ergui uma sobrancelha quando encontrei um par de pés sobre a cama de Cass. Eu ia abrir a boca para falar, mas fui completamente compreendido por um terceiro pé que gerou completa confusão em minha mente. Eu pensei em perguntar sobre o tripé, mas acabei me contentando com a possibilidade mais provável de se tratar de duas mulheres. Revirei os olhos, soltando uma risada irônica.

— Decepcionado, mas não surpreso. — Falei em tom brincalhão, tendo minha atenção completamente tirada por Shazam, cachorro da minha irmã, e definitivamente o membro da família de quem eu mais gostava. Sorri. — Oi Shazam! — Exclamei, passando as mãos pela cabeça do canino freneticamente, deixando-o agitado. Soltei uma risada gostosa que morreu no exato momento em que escutei a frase da menina.

Eu sabia que não conseguiria escapar daquele assunto e talvez fosse mais fácil dizer para Cass que nada havia acontecido. Ainda assim, eu não tinha muitas pessoas para quem contar e eu precisava tirar aquilo do peito de alguma forma... Ou não. Mas ela me obrigaria de qualquer forma.

Revirei os olhos em relação ao comentário do LOL e balancei a cabeça em desaprovação.

— Dungeons and Dragons, não League of Legends! São coisas completamente diferentes! — Corrigi, me arrependendo imediatamente. Eu nem sei a razão de tentar: para Cass tudo era a mesma coisa. — Bem, eu sei que alguém aqui trabalhou bastante noite passada. Como tem coragem de trazer Tico e Teco para esse lugar tão bagunçado? — Perguntei realmente surpreso, agradecendo ao pegar a xícara de café oferecida pela mais velha. Eu precisava daquilo. Soltei um suspiro me sentando sobre uma cadeira. — Hm... Sabe Corinne Mikkos? Nós transamos ontem a noite... Não surte!

Acrescentei rapidamente, fitando a caneca em minhas mãos. Eu não sabia exatamente como explicar para Cass sobre as coisas que aconteceram na noite passada, então só comecei a falar.

— Mas a festa toda foi um erro. Aparentemente eu fui convidado por uma aposta e fui centro das piadas no final da noite. E eu estou falando de humilhação pública. Eu disse que havia algo suspeito com aquele convite, eu não sou convidado para festas, principalmente das pessoas populares.