[RP Fechada] Wake me Up When December Ends

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Mensagem por Colleen J. Matheis Qua 13 Dez - 1:06:30

Wake me Up When... You got it.
A RP se passa em várias localidades ao longo do primeiro post (q), mas se ambientará majoritariamente na moradia dos Matheis em Belle Meade. Ela se passa em um domingo, duas semanas antes do Natal, e é entre Klaus, Colleen e Maxine (se ela quiser q) Matheis. O clima é frio e uma leve neve cai do céu, deixando o chão escorregadio, mas ainda verde pela grama.
Alguém me dá café!
14h58min;
2°C.


Última edição por Colleen J. Matheis em Qua 13 Dez - 2:23:25, editado 1 vez(es)
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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Colleen J. Matheis Qua 13 Dez - 1:55:08


Fuck Yeah!

" Been there, done that, got the t-shirt "


Minhas cutículas não existiam mais. Elas haviam sido arrancadas, uma por uma, por meus dentes que mordiscavam meus dedos em tom nervoso conforme meu coração batia forte dentro do peito. Eu já havia feito de tudo. Já havia pulado de uma ponte com nada além de uma corda em meu pé, já havia voado com uma asa-delta pelos céus, já havia pulado de para-pente, já havia feito um safari noturno e já havia me metido em lugares extremamente perigosos por uma simples aventura. Havia escalado arranha-céus sem qualquer proteção, havia beijado pessoas da realeza, mas nada do que havia feito até então um dia me preparou para a situação em que eu me encontrava naquele momento. Eu jamais pensei que fosse passar por isso.

Minha mão tremia com o passaporte entre os dedos e meu pé batia ansiosamente contra o chão. Meus olhos circulavam todas as extremidades do avião e — mesmo estando nele há pelo menos oito horas — eu queria vomitar. Eu não havia trazido muitas coisas comigo, eu tinha minha mochila, roupas e lembranças do meu passado, o que já era uma bagagem pesada o suficiente para eu não conseguir segurar. Eu havia ido além do tempo e reservado um hotel em Nashville quando recebi a notícia sobre Klaus, mas eu não estava preparada para àquilo. Eu não sabia como minha família me receberia depois de quatro anos longe de casa e eu tinha medo. Eu tinha medo do que eles pudessem dizer ou fazer comigo.

Colleen, você é sua própria pessoa. Você não é mais a garotinha de quinze anos que fugiu de casa. Tentei me dizer inúmeras vezes por mais que eu não acreditasse. Meus olhos pararam pelas folhas do meu passaporte todo rasurado, carimbado com mais de cinquenta estampas que representavam países diferentes. Eu havia crescido desde então, eu havia me tornado uma pessoa tão diferente que eu tinha certeza que meus pais não gostariam do que encontrariam. E eu não havia avisado ninguém. Não havia dito nada porque sequer sabia o que dizer. O plano eram quatro dias e nada mais: ver Klaus, ver Max, dar oi para uns velhos amigos e partir. O próximo lugar seria Havaí.

A ansiedade embrulhou meu estômago quando ouvi a voz do piloto anunciar nosso pouso. Olhei pela janela aflita, conseguindo aos poucos ver a paisagem se aproximar de nós. Enxuguei o suor das minhas mãos em minhas coxas e respirei fundo contando até duzentos e noventa e seis. Eu ainda não sabia o que fazer direito, mas sabia que uma hora ou outra eu teria que encarar os meus medos... Mas talvez só depois do almoço.

Um sorriso se formou em meu rosto quando observei a paisagem de Nashville, mas uma coisa ficou muito clara quando observei os prédios se tornando cada vez mais próximos: eu não havia experimentado daquela sensação de nostalgia ou saudades, daquele aperto no peito ou incerteza quando enxerguei a cidade onde nasci. Não. Eu não era uma pessoa apegada e não me continha com amarras geográficas. Eu não sentia falta de Nashville porque ainda tinham muitos lugares para conhecer, e eu não me deixaria ficar mais do que o necessário para resolver os meus problemas.

[..]

Meus olhos encaravam aflitos conforme o Uber deslizava pelo asfalto. Eu já havia feito check in no hotel, guardado minhas coisas, tomado banho, arrumado meus cabelos, pintado as unhas, arrumado minhas roupas por ordem de cor, almoçado, tomado café e comido um lanche. Agora eu estava sem qualquer atividade que pudesse adiar ainda mais o meu encontro com a família Matheis e aquilo era desesperador, por isso me obriguei a apenas pedir um uber e sentar minha bunda no banco de couro antes que eu mudasse de ideia.

Aos poucos as paisagens dos prédios e shoppings foram substituídas por árvores e belas casas de subúrbio. Eu não sabia ao certo se o endereço dos Matheis ainda era o mesmo desde que eu havia deixado a cidade, mas segundo o Google a mesma casa ainda era habitada pelo pastor, sua mulher e dois filhos. Abri um sorriso melancólico e troquei olhares com o motorista que parecia preocupado comigo.

— Senhorita, está tudo bem?

— É claro, Arthur. Por que?

— Bem, você está um pouco pálida. — Ele admitiu, dando de ombros. Soltei uma risadinha nervosa, coçando as costas das minhas mãos. — Quer uma água?

Rejeitei gentilmente. Se eu colocasse qualquer coisa no estômago, eu provavelmente iria vomitar e aquilo não seria bonito. O carro finalmente parou na frente da construção e senti meu coração acelerar. Reconheci a casa sem problemas e cuidadosamente paguei o motorista, descendo do Uber que como se lesse minha mente, correu para longe. Até pensei em chamá-lo e desistir da ideia, mas eu não era desistente. Eu havia chegado até ali e agora acabaria com aquilo de uma vez por todas.

Meu contato com Klaus e Maxine se resumiu por comentários secos em fotos do Instagram pelos últimos quatro anos. Maxine nunca atendeu minhas ligações — mesmo que eu não entendesse a razão. Meus pais sequer buscaram contato comigo — aparentemente ficaram contentes o suficiente por saber que eu estava viva e era isso — e Klaus... Bem, Klaus estava lá. Eu nunca fui realmente próxima do meu irmão mais velho, então comentários em suas fotos do Insta eram mais do que suficiente.

Caminhei em passos lentos até a porta e fechei as mãos em punhos, batendo com um deles contra a madeira. Minhas mãos e minhas pernas estavam trêmulas, eu provavelmente estava pálida e respirava com dificuldade. Engoli em seco quando ouvi passos e resisti ao impulso de sair correndo. Eu até mesmo cheguei a me virar um pouco, mas quando o fiz, a porta se abriu. Pisquei algumas vezes descrente com a imagem que encontrei.

Minha mãe parecia ter envelhecido dez anos e ela ficou tão pálida quanto eu quando viu minha imagem. Eu imaginei que ela talvez não fosse me reconhecer em primeira instância, mas assim que seus olhos bateram em mim, parecia que ela via um fantasma. Seus olhos começaram a se marear e isso fez com que os meus começassem também, mesmo que sem querer. Minha mãe cobriu a boca com a mão e então soluços escaparam dos seus lábios. Eu definitivamente não esperava essa reação, e ela estava acabando comigo. Ela não me abraçou. Apenas ficou me encarando em choque, pálida e chorando quando finalmente gritou.

— Oh meu Deus! Meu Deus! Colleen! É Colleen! Ela está aqui!

Se havia alguém em casa, definitivamente havia ouvido os berros dela. Abri um sorriso sem graça e então fitei meus pés sem saber exatamente o que fazer com minhas mãos soltas. Olhei para a senhora em tom um tanto tímido e então sorri. Eu não sabia exatamente o que fazer em seguida.

— Hm... Oi mãe.







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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Klaus Matheis Qua 13 Dez - 3:28:02




Danger Zone




I feel the need... The need... For... SPEED!


Alguns dias após ter recebido alta do hospital, eu estava de volta para a casa dos meus pais, tomando alguns remédios para aliviar a dor e, após muito discutir com meu pai sobre o assunto, comecei a ingerir álcool para aliviar o trauma que a última missão havia proporcionado. Naquele momento, estava sentado no sofá assistindo TV com minha mãe ao meu lado. Eu contava algumas histórias das minhas "aventuras" mais tranquilas para não a assustar muito, e eu ria o mínimo possível, já que qualquer movimento abrupto no tórax era como se aquelas balas me perfurassem novamente.



A proximidade com o período de festas era representada na decoração da casa, com luzes espalhadas pelas paredes e uma árvore enfeitada ao canto. Às vezes eu simplesmente parava de falar e observava as luzes piscando, aquilo era como se me lembrasse das noites dormindo sob as estrelas, mas alguns barulhos repentinos também me lembravam dos tiros e explosões, o que acabava me assustando mais do que deveria e fazendo com que eu me encolhesse um pouco no sofá.



Minha mãe botou-se de pé e partiu para a cozinha, dizendo estar com fome e indo preparar um lanche para nós dois. Uma das coisas que eu definitivamente havia sentido falta era da comida que ela preparava, então ela nem precisou insistir para que eu topasse comer algo, levantei-me para ir ajudá-la e minha ação foi recebida com um olhar surpreso, e também uma negação, dizendo para que eu apenas repousasse. Os poucos anos na aeronáutica me deixaram muito mais prestativo do que eu era quando saí, então ficar parado enquanto outras pessoas fazem algo era um tanto incômodo.



Tentei me levantar para abrir a porta assim que bateram na mesma, e era estranho terem feito isso mesmo com a existência de um interfone, mas talvez fosse só alguém que não entende muito bem como tecnologia funciona. Minha mãe rapidamente passou por mim secando suas mãos em uma toalha, indo na direção da porta, revirei os olhos e voltei a me sentar no sofá. Eu estava me sentindo praticamente inútil naquele momento, apenas sentado vendo televisão o dia todo, parecia até o meu pai, só que mais dolorido e agora muito menos retrógrado.



Levantei do sofá em um pulo e corri na direção da porta, o máximo que minha perna manca permitia, ao ouvir minha mãe berrando algo que não necessariamente compreendi o que foi. Mas apesar da dor, era como se eu tivesse ouvido a sirene de batalha e estivesse preparado para pegar um rifle e saltar sobre qualquer coisa que estivesse em meu caminho.  



Ao olhar quem estava do lado de fora da porta, meu queixo caiu e minha posição voltou à de alguém que estava com dor e havia acabado de se lembrar o motivo do médico indicar pouca movimentação. Mas apesar de estar todo dolorido, não tive nem tempo de pensar no que fazer antes de dar um abraço na garota que estava à nossa frente. E era Colleen, a minha irmã que havia fugido de casa e mal trocava duas palavras comigo, não que antes isso fosse muito diferente.



- Me perdoe...



Sussurrei enquanto abraçava a garota e deixava uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Não necessariamente por ela ter fugido de casa, ou por ter reencontrado a minha irmã perdida. Mas pelo fato de que eu havia percebido a pouco tempo que talvez ela não tivesse feito isso se eu a apoiasse mais, ao invés de só ser mais uma pessoa que cobrava dela e a criticava por ser quem ela era.



- Entra – falei, puxando-a pela mão até o meio da sala de estar.



Olhei a expressão confusa nos olhos da garota, tentei falar algo, mas as palavras não saíam e eu só voltei a abraçá-la.



- Você estava certa, eu não deveria ter te pressionado tanto, me perdoe. Foi tudo minha culpa.



Eu sussurrava enquanto a abraçava o mais apertado possível, mesmo que isso me fizesse sentir dor. Era como se eu nunca mais fosse soltá-la.





Klaus Matheis
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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Colleen J. Matheis Qua 13 Dez - 3:53:38


Fuck Yeah!

" Been there, done that, got the t-shirt "


Eu me considerava uma pessoa um tanto quanto rápida para pegar as coisas, mas a quantidade de informações que me atingiram nos segundos seguintes foram demais para que eu pudesse as processar. Meu nariz estava levemente vermelho e eu não sabia se era por causa do frio ou pelo fato de eu estar segurando minhas lágrimas para não chorar com minha mãe.

Quando eu imaginei minha volta, eu não pensei nem um pouco que seria assim. Eu pensei que meus pais me observariam em tom de desaprovação, cruzariam os braços e me mandariam de volta para o buraco de onde eu vim. Eu imaginava que eles sequer abririam a porta para que eu entrasse ou que me dissessem simplesmente que eu estava enganada, que eles não possuíam uma filha chamada Colleen. Mas por mais que todas as imagens que tive em minha mente foram extremamente duras, a que encontrei na realidade foi ainda pior.

Passos apressados foram ouvidos e antes que eu pudesse sequer raciocinar, fui puxada para um abraço forte conforme Klaus me enterrava em seus braços. Meus olhos se arregalaram em completa surpresa, principalmente quando o ouvi sussurrar "me perdoe" em meu ouvido. O Klaus que eu conhecia e havia deixado há cinco anos jamais um dia pediria perdão se esse não fosse dirigido à Deus.

Pisquei algumas vezes um tanto confusa pronta para perguntar se estava tudo bem com ele, mas antes que eu pudesse fui puxada para dentro da casa. Meus olhos caíram preocupados em minha mãe que se manteve parada onde estava, ainda me observando como se eu fosse uma miragem. Lágrimas escorreram por seus olhos e se eu não tivesse corrido em sua direção, ela teria caído no chão. Acenei para que Klaus me ajudasse a levá-la até uma poltrona e a sentamos ali. Meu coração estava em pedaços. Eu não acreditava que ela havia de fato sentido a minha falta.

— C-Colleen, o que você está fazendo aqui? Você está bem?

— Sim! Não se preocupe comigo, eu estou ótima! Eu vim assim que fiquei sabendo do que aconteceu no Oriente Médio. Eu sinto muito por não ter avisado, não queria causar nenhum tipo de alastre, eu...

Antes que eu pudesse terminar, minha mãe ergueu os braços e me puxou em um aperto que fez com que lágrimas despencassem dos meus olhos junto com soluços quase desesperados. Eu não chorava assim desde os doze anos de idade e agora eu e mamãe estávamos chorando, abraçadas como duas idiotas no sofá.

— Vai ficar tudo bem, filha, eu não acredito...

Ela soltou entre sussurros, repetindo "graças a Deus" inúmeras vezes em minha cabeça. Mamãe me soltou e logo eu fui tomada em outro abraço — agora de Klaus — que mais uma vez me surpreendeu. Eu não esperava tantos abraços nem em meus sonhos mais loucos, mas eu não podia reclamar. Eu havia sentido falta deles.

Abraçar o meu irmão mais velho era estranho. Ele sempre foi muito mais alto do que eu pela diferença de idades, mas acho que eu nunca havia o envolvido em meus braços daquela forma, o que foi como apertar um estranho. Além disso, eu tinha medo de colocar força demais no aperto e matá-lo com uma hemorragia ou algo do tipo. Ele parecia bem... Na verdade ele estava ótimo e isso foi um alívio para mim. Deus, por que Klaus se parecia mais com um modelo sueco do que eu me lembrava?

— Você estava certa, eu não deveria ter te pressionado tanto, me perdoe. Foi tudo minha culpa.

Meu queixo caiu. Ok, Klaus foi uma parte da razão para eu me sentir tão pressionada, mas se alguém tinha culpa naquela história toda eram nossos pais — mais especificamente falando, pai. Klaus sussurrava baixinho em minha orelha para que mamãe não pudesse ouvir e se magoar com suas palavras. Forcei-me a continuar em seus braços e abri um sorriso sentindo mais lágrimas caírem por minhas bochechas. Eu não esperava todo esse reencontro emocional, mas me partia o coração ouvir Klaus dizendo aquelas palavras. Ele realmente acha isso? Balancei a cabeça em negação, aproximando meus lábios do seu ouvido para que eu também pudesse sussurrar sem ser escutada.

— Eu não estava certa e nem estou. Eu só tomei uma decisão e essa culpa não é sua de forma alguma. A única culpa que você tem, é de me trazer de volta para cá. Seu idiota! Eu fiquei tão preocupada!

E as palavras eram sinceras. Apertei Klaus contra meu corpo por uma última vez até me afastar dele abrir um sorriso bobo. Enxuguei as lágrimas que caíam por meu rosto e então me voltei em direção da nossa mãe que nos observava em tom um tanto chocado ainda, mas agora mais ativa do que como no primeiro momento quando apareci. Ela limpou as mãos no avental que usava e caminhou até onde eu estava, acariciando meu rosto.

— Deus, você está tão parecida com seu pai! Você e Klaus nasceram uma cópia dele.

Ela falou ainda em tom emocionado fazendo com que meus músculos ficassem tensos por um minuto.

— E onde está ele?

Perguntei um tanto curiosa, recebendo um sorriso da nossa mãe em troca. Ela assentiu.

— Realizando um culto, querida. Por que não vamos até a cozinha? Estou cozinhando um bolo e... O céus! O Café!

Ela disparou em direção a cozinha fazendo com que meus olhos se arregalassem e minha boca salivasse.

— Café?!

Exclamei completamente empolgada, me sentindo muito aliviada pelo fato de papai não estar em casa. De todas as pessoas em nossa família, ele era de longe a mais... Difícil. Encontrar minha mãe e meu irmão mais velho havia se saído melhor do que eu imaginava — por um ponto trágico de vista — mas eu não sabia o que me esperaria quando meu pai me visse depois de tantos anos. Talvez ele falasse que minhas calças eram coladas demais.

— Hm... Klaus. — Chamei pela atenção do meu irmão, o forçando se sentar no sofá já que imaginava que ele deveria fazer todos aqueles esforços físicos. Me sentei ao seu lado, olhando em volta em tom curioso. — Onde está Maxine? Sabe por que ela não responde minhas ligações?

Perguntei um tanto chateada fitando as palmas das minhas mãos sobre meu colo. Maxine e eu costumávamos ser muito unidas quando mais novas, e de uma hora para outra essa união simplesmente desapareceu. Eu queria muito recuperar contato com minha irmã, mas ela parecia inalcançável.

— Eu precisava ver se as coisas estavam indo bem, eu estou tão feliz que você está vivo. O que estava pensando ao entrar para o exército? — Exclamei, me arrependendo logo em seguida. Suspirei. — Me desculpe, não vou julgar. Eu só... Eu estou aliviada.

Admiti, soltando um suspiro novamente. Abracei meu próprio corpo em gesto de conforto, não sabendo ao certo como dizer a minha mãe que eu ficaria na cidade apenas por três dias quando ela havia ficado tão feliz em me ver. Engoli em seco observando Klaus de rabo de olho. Eu poderia confiar em meu irmão com aquela informação? Ele era tudo o que eu tinha agora.

— Não conte para a mamãe, mas eu estou realmente só de passagem. Eu vou embora do estado na quarta-feira e eu preciso que você tome conta dela, Klaus. Eles já perderam uma filha, não podem perder o outro.







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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Klaus Matheis Qua 13 Dez - 4:36:52




Danger Zone




I feel the need... The need... For... SPEED!


Após termos ajudado nossa mãe a se manter em pé, realmente a idade e o desgaste emocional de quase perder um filho e recuperar uma filha em tão pouco tempo foram demais para ela, nos sentamos no sofá e começamos a conversar um pouco. Enquanto as duas trocavam palavras, eu apenas olhava para Colleen e pensava na resposta que ela havia me dado, dizendo que a culpa não era minha, mas eu sabia muito bem que ela não teria se sentido tão mal se eu ficasse mais do seu lado.



Virei o rosto ao ouvir minha mãe dizer que éramos parecidos com o nosso pai, e sussurrei mentalmente que "eu em nada me pareço com ele agora". Minha atenção foi tirada ao ver a mãe se levantando e indo para a cozinha ver o seu bolo e também o café que ela estava preparando, sorri ao ver a animação estampada no rosto de Colleen quando ela ouviu sobre a bebida. Respondi com um breve "hm?" ao ouvi-la chamando pelo meu nome, arqueando uma sobrancelha com sua pergunta seguinte.



- Provavelmente saiu para ajudar o pai com alguma coisa, ou foi ao shopping com uns amigos. Eu estava dormindo quando ela saiu, então não fui avisado de nada. Mas é estranho você não conseguir falar com ela, vocês mantinham tanto contato antes de eu me alistar.



Arqueei as sobrancelhas quando ouvi as palavras seguintes da garota, ela me dizendo que não pretendia ficar e parecia estar me dando um sermão por ter me alistado. Olhei com uma expressão de desacreditado enquanto ela me dizia todas aquelas palavras, dando a entender de que estava aliviada em saber que estava bem.



- Coll... Você fugiu de casa quando era criança porque percebeu que tinha algo errado. Eu era burro demais e não percebi nada disso. O pai sempre dizia que você era a menos inteligente, mas é o contrário, você percebeu isso e fez algo a respeito. Você acha que eu me alistei só para servir o país? Só pra ter um bom emprego ou estudar numa boa faculdade. - Aproximei-me da garota para poder falar mais baixo, impedindo que a mãe nos ouvisse. - Eu queria sair daqui, e eu precisava de tempo para pensar nisso tudo e de um lugar onde não me pressionassem tanto. E sim, eu encontrei isso tudo num campo de guerra. O momento em que eu estava mais perto de morrer foi a primeira vez em que eu me senti vivo.



Respirei fundo e voltei a abraçar a garota, sussurrando perto do seu ouvido.



- Não são alguns tiros à queima roupa que vão me fazer deixar a mãe sozinha com... Com ele. Ela não vai me perder, e nós também não perdemos você. Você está viva e está aqui. Se não quer ficar, tudo bem. Se não quer ver ele, tudo bem porque eu estou a ponto de explodir com o próximo sermão dele.



Soltei a garota e lhe dei um soco de leve no braço, olhando-a nos olhos com uma expressão firme no rosto.



- Você fez falta, mas o orgulho dele nos fez reprimir isso tudo. Ou você acha que as lágrimas dela são de alguém que não se importa com você? Eu saí porque precisava de respostas, e não foi nem Deus e nem aquela bíblia que ele me fez decorar de trás para frente que me deram o que eu procurava. Foi uma criança islã que me deu sete tiros quem me fez perceber que eu estava morto por dentro, até que um dia eu saí debaixo das asas dele e me recusei a seguir o caminho que ele traçou para mim.



Voltei à minha posição anterior quando percebi que a mãe se aproximava, com uma bandeja comportando três xícaras de café e três fatias de bolo. Servindo uma xícara para Colleen e outra para mim logo depois de depositar a bandeja sobre a mesa de centro.



- Pela reação da Colleen ao ouvir do café, acho que era melhor uma xícara de dois litros. - Sorri pouco antes de dar um gole em minha bebida.





Klaus Matheis
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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Colleen J. Matheis Qua 13 Dez - 5:18:20


Fuck Yeah!

" Been there, done that, got the t-shirt "


Um sorriso amargo se formou em meu rosto quando ouvi o comentário de Klaus em relação a minha frequência antiga de contato com Maxine. A verdade era que desde o momento em que saí de casa, ela havia mudado o seu tom comigo, o que me fez pensar que talvez ela se ressentisse por eu tê-la "abandonado", o que era completamente compreensível. Mas ao mesmo tempo em que o rancor da minha mãe e de Klaus parecia diminuir ao longo dos anos, o de Maxine parecia crescer.

Peguei meu telefone a abri a rede social de mensagens de texto, olhando para o número de coisas que eu havia mandado para ela e que foram completamente ignoradas. Perder minha irmã mais velha e minha melhor amiga havia sido difícil, e mais difícil ainda era chegar em casa e não poder encontrá-la. Mas não era culpa dela. Se eu tivesse avisado sobre minha visita com antecedência, talvez Max tivesse vindo me ver.

A expressão séria que se formou — mesmo que só por um momento com o arquear das sobrancelhas — no rosto de Klaus fez com que eu estremecesse e me arrependesse das minhas palavras na hora. Mas para a minha surpresa, ele não me xingou ou jogou o fato de eu ter abandonado nossa mãe por livre e espontânea vontade na minha cara como pensei que ia fazer. Ele apenas me observou em uma expressão de descrença, mas pareceu se controlar ao me chamar de Coll. Estreitei os olhos. Quem era aquele garoto?

— Eu entendo que tenha usado o exército como uma forma de libertação, mas por que o exército? É tão arriscado, você brinca com armas, não passaportes, e você tira vidas, não viaja o mundo. Entende o que eu quero dizer? — Observei o loiro em expectativa, esperando que ele compreendesse minhas palavras e conseguisse esclarecer por que diabos ele quase acabou com a sua vida. Senti meu corpo inteiro estremecer ao ouvir a frase de Klaus sobre se sentir vivo em momentos de risco de morte e me perguntei se aquela seria a razão para eu ser tão apaixonada por esportes radicais. Balancei a cabeça em negação. — Klaus, eu... Eu não sei o que você viu lá, mas isso foi capaz de te mudar tanto que... Eu nem sei com quem estou falando agora. E isso não é uma reclamação. Você está bem, é jovem, bonito, tem tudo para viver uma ótima vida e... Bem, você não pretende voltar, pretende?

Fui surpreendida novamente quando o menino me apertou em seus braços e voltou a sussurrar em meu ouvido, fazendo com que todo o meu corpo se arrepiasse. Eu estava começando a ficar um tanto desconfortável com aquela quantidade de contato físico, uma vez que os abraços partilhados por mim e Klaus poderiam ser contados nos dedos.

Eu entendia que ele sentia a minha falta, eu também sentia, mas eu não estava muito confortável nos braços do meu irmão mais velho. Me afastei um tanto sem jeito, tentando não transparecer o ato.

— Espere.  — Parei por um momento, observando meu irmão em choque conforme assimilava suas palavras. — Tudo bem? Você não me odeia pelo fato de passar apenas quatro dias aqui?

Klaus parecia com aqueles velhos veteranos de guerra, onde cada palavra sua era voltada para uma memória dolorosa do campo de batalha. A verdade era que a grande razão para eu ser contra guerras, é porque eu sabia como as pessoas envolvidas — aquelas mandadas para "morrer pela nação" — perdiam suas vidas todos os dias, não apenas com tiros letais, mas com experiências que são capazes de destruir a sanidade de até o homem mais equilibrado do mundo. E eu via um pouco disso em Klaus. Por mais que ele me dissesse estar livre de amarras, eu conseguia enxergar que um pedaço da alma dele havia morrido com aquela guerra, e isso era de partir o coração.

— Klaus, eu sinto muito. Estou falando como a mãe e o pai, julgando suas escolhas. Eu não vou opinar no que você fará com a sua vida, só me diga que você não pretende voltar a servir o exército. Digo, você disse que aprendeu tudo isso sobre você mesmo ao estar diante da morte, então quer dizer que você já se libertou de suas amarras e não tem razão para voltar, certo?

Eu não tive tempo de adquirir uma resposta, porque logo mamãe voltou à sala com uma bandeja com café e fatias de bolo. Agradeci ao pegar uma xícara e dei um longo gole, sentindo um orgasmo de paladar com o líquido dos deuses. Uma careta se formou em meu rosto com o comentário de Klaus.

— Ora essa, eu sou perfeitamente capaz de me controlar. — Falei com nariz empinado, olhando para a garrafa sobre a mesa. Abri um sorriso para nossa mãe. — Mas temos mais café, não é?

— Café em excesso faz mal para a saúde, Colleen. — Mamãe deu risada, balançando a cabeça em desaprovação. Sorri. De certa forma era estranho ouvir alguém se preocupando comigo daquela forma. — Esses jovens, sempre imprudentes.

Abri um sorriso com o que ouvi e balancei a cabeça em negação. Meus olhos vagaram pela sala conforme eu via alguns porta-retratos e quadros pendurados na parede, todos eles retratando momentos felizes dos nossos pais, Maxine e Klaus. Procurei pelos retratos que haviam ali antigamente de mim e de Maxine quando crianças, dos meus primeiros passos e um lindo retrato de quando eu era bebê que antigamente ficava posicionado na parede, mas não encontrei sequer um.

Engoli em seco tentando não me sentir mal pelo pensamento e busquei minha mente para tentar entender como as coisas haviam mudado. Klaus não se importava que eu fosse embora cedo, porque ele sabia que teria que lidar com a tristeza da sua mãe cedo ou tarde porque ele saberia que um dia eu partiria de novo. E ele não precisava de mim. Ele havia segurado as barras uma vez, e ele estava pronto para fazer de novo.

Eu havia sido excluída de todas as fotos de família porque deveria ser doloroso me ver pela casa. Maxine sequer respondia minhas mensagens de texto porque agora tinha amigos com quem ir o shopping passar a tarde e o pai vivia a sua vida cotidiana dando sermões aos domingos. Eu não sei ao certo o que eu esperava encontrar quando eu voltasse, mas a verdade era que eu não encontrei nada ali que lembrasse a minha existência, e isso foi um tanto quanto doloroso. Eu me senti mais do que nunca descartável e isso causou uma bela dor no meu coração.

— Hm... Eu agradeço pelo café, mas acho que vou voltar para o hotel.

Anunciei me colocando de pé, tentando não olhar para a expressão de desespero e confusão que se formou no rosto da mulher mais velha. Abri um sorriso agradecido e então abracei Klaus rapidamente, fazendo o mesmo com a mulher que sequer se mexeu direito. Olhei para meu celular e abri um sorrisinho fraco.

— Eu preciso fazer publicações ou terei problemas com meu salário esse mês. No entanto, eu os encontro amanhã de novo, ok? Que tal sairmos para comer algo? Eu pago.

Falei tentando soar o mais tranquila possível, conforme pegava minha bolsa e pendurava-a em meu ombro. Ergui a mão em um aceno para Klaus e minha mãe que ainda me observava em completo choque, incapaz de se levantar da poltrona.

— Foi ótimo lhes ver.

Falei antes de disparar em direção a porta e pular para a paisagem fria. Meus olhos estavam ardendo, mas eu não queria chorar porque tinha medo das lágrimas congelarem contra a minha pele. Chamei o Uber no endereço e ignorei o chamar do meu nome por minha mãe conforme eu continuava andando sem olhar para trás. Eu precisava de um tempo para pensar e eu precisava agora.

Eu já havia andado alguns metros até o terreno do vizinho quando parei para olhar meu telefone que vibrava e encontrar uma mensagem de Henry. Sem pensar duas vezes peguei meu telefone e coloquei-o contra a orelha. Quando ele finalmente atendeu, lágrimas já desciam pelas minhas bochechas.

— Colls?

— Eu sou uma fodida, Henry. Eu não consigo fazer isso, não mesmo.

— Calma, princesa. O que aconteceu?

— Eu só quero sair daqui. Eu estou esperando o Uber e vou para o hotel. — Falei em tom choroso. Meu coração batia pesado no peito. — Você vai me encontrar no Havaí?

— Mas é claro, como combinamos.

Um sorriso se formou em meu rosto mesmo com as lágrimas. Ouvir a voz de Henry, mesmo que do outro lado da linha, sempre tinha o poder de me acalmar como nunca. A verdade era que eu e o garoto nada éramos do que uma amizade colorida, mas ele havia sido a melhor pessoa que um dia pude encontrar, além de Naomi, é claro. A verdade era que eles eram a minha família, e mesmo sendo uma família não tradicional, era a que eu tinha. E eu era sortuda de certa forma.

— Eu sinto a sua falta, Henry. Como ousa passar três meses longe de mim, seu merda?

Uma risadinha escapou do outro lado da linha fazendo com que eu me acalmasse um pouco mais. Suspirei fitando minhas mãos cobertas pelas luvas.

— Eu tive que resolver coisas do trabalho, mas estaremos juntos até o final da semana. E logo compensarei por todo o nosso tempo perdido.

Soltei um suspiro com o comentário, assentindo. Ao longe pude encontrar o Uber que vinha em minha direção, provavelmente o que eu havia solicitado.







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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Klaus Matheis Qua 13 Dez - 6:35:20




Danger Zone




I feel the need... The need... For... SPEED!


Sorri com o comentário da garota sobre o café, e balancei a cabeça negativamente ao ouvir a mãe dizendo que jovens são imprudentes.



- Depois de levar sete tiros, morrer de tanto café não parece má ideia... - sussurrei numa altura que só Colleen pudesse ouvir.



Dei mais um gole na bebida, mas logo depositei a xícara sobre a mesa de centro, franzindo a testa em confusão ao ouvir a garota dizendo que deveria ir embora, a mãe mal conseguia arrumar palavras para convencer a garota a ficar, e eu sabia que qualquer coisa que eu dissesse seria inútil perante a ideia de ter que encarar nosso pai.



Poucos instantes após Colleen sair pela porta, me coloquei de pé, fazendo um gesto para que a mãe permanecesse sentada. Apanhei as chaves da minha pickup antes de sair pela porta e fechar a mesma. Desci as escadas para a calçada, apenas para ver a cena da garota chorando enquanto falava ao telefone. Pensei em esperar que ela concluísse sua ligação, mas fiquei um pouco impaciente e continuei andando até ela, depositando uma mão sobre seu ombro.



- Se você não quer ficar aqui para a sua mãe matar a saudade, ou para você se desculpar por ter abandonado sua irmã e estragado os planos que ela tinha de ir para a faculdade e se livrar dessa prisão, eu não vou te impedir de ir embora. Mas eu não terminei de falar tudo que eu queria, então você vai entrar no meu carro agora e nós vamos ter uma conversa.



Falei com um tom sério, mas nada que pudesse assustar a garota. Peguei-a pela mão e a levei até a porta do passageiro do meu carro, que eu logo abri para que ela entrasse. Acenei com a cabeça na direção do carro, e ela logo entrou. Dei a volta no veículo e entrei no banco do motorista, colocando o cinto de segurança e ligando a ignição do motor. Comecei a dirigir em direção ao centro, onde ficava a maior concentração de hotéis, e pediria mais informações quando estivéssemos lá, mas agora eu aproveitaria para falar tudo o que eu precisava.



- Quando você foi embora, todos nós sofremos em silêncio. Com exceção do pai. Ele ficou com tanto medo das críticas que receberia, e de como isso afetaria a carreira dele, que mal se esforçou para que pudéssemos te encontrar. Max foi a única que teve coragem para levantar a voz contra ele, e isso só lhe rendeu uma surra. E eu era um merda que não teve forças para encher aquele desgraçado de porrada, o máximo que eu pude fazer foi me jogar no meio daquilo e apanhar no lugar dela. Desde então, o jeito que ele nos tratava só piorou, ele impediu a Max de ir para a faculdade porque tinha medo de que ela fugisse igual a você. Mas ele se orgulhou quando eu decidi me juntar às forças aéreas, e ele confiava tanto em mim que não imaginou que eu pudesse ir embora.



Respirei fundo e ajeitei o cinto de segurança, que apertava um dos meus ferimentos. Encostei o carro antes que pudéssemos chegar ao fim do bairro. Desliguei o motor e me virei na direção da minha irmã.  



- A Max logo volta pra casa, mas o pai também volta logo. Você tem duas escolhas, ou eu te levo de volta para o seu hotel e você nos deixa mais uma vez para se aventurar com a sua nova família, sim eu vi seu Instagram. Ou eu te levo de volta pr'aquela casa e você se desculpa com a sua irmã e encara o seu passado com esses olhos que você tanto diz que são livres e independentes. Se você tiver alguma pergunta, você faz ela agora. E se você for embora, vai me dizer o nome do hotel e depois disso nós não vamos trocar mais nenhuma palavra durante todo o caminho.



Cruzei meus braços e encarei a garota com um olhar firme, apenas esperando por sua resposta. No fundo eu sabia que ela não iria ficar, mas eu nunca mais iria me contentar com um "e se", eu preferia falhar em alguma coisa do que nem ao menos tentar e depois me arrepender.





Klaus Matheis
Klaus Matheis


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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Colleen J. Matheis Qua 13 Dez - 15:23:58


Fuck Yeah!

" Been there, done that, got the t-shirt "


Meu corpo foi se acalmando conforme o Uber se aproximava aos poucos de onde eu estava, aumentando a esperança em meu peito de que eu conseguiria sair dali. Abri um sorriso com a última frase de Henry e não pude revirar os olhos. Não poderia mentir e dizer que não estava ansiosa para podemos "compensar o tempo perdido".

— É bom que o senhor esteja falando sério, porque não pretendo te deixar sair do quarto do hotel.

O tom em minha voz que era bem humorado foi cortado no momento em que senti uma mão tocar meu ombro, fazendo todo o meu corpo se arrepiar. Eu mal havia acabado de falar a minha frase para Henry quando fui virada e me deparei com um Klaus nada feliz. Meu coração disparou. Por mais que parte de mim quisesse aquela atenção, eu não esperava que ele fosse realmente me seguir.

"Se você não quer ficar aqui para a sua mãe matar a saudade, ou para você se desculpar por ter abandonado sua irmã e estragado os planos que ela tinha de ir para a faculdade e se livrar dessa prisão, eu não vou te impedir de ir embora. Mas eu não terminei de falar tudo que eu queria, então você vai entrar no meu carro agora e nós vamos ter uma conversa."

As palavras de Klaus me machucaram mais do que socos na boca do estômago, fazendo com que uma expressão de choque se formasse em meu rosto junto com uma terrível sensação de enjoo e frio na espinha. As palavras me pegaram de surpresa e eu congelei exatamente onde estava, tanto que sequer me movi quando o loiro simplesmente pegou o telefone da minha mão e desligou a ligação. Abri a boca para falar, mas palavras não saíam dela. Eu apenas consegui recobrar minha consciência quando Klaus me agarrou pelo pulso e passou a me arrastar em direção ao veículo ali estacionado.

— Klaus! Pare com isso já! Eu pedi um Uber! Não quero entrar no seu carro, seu...

Fui interrompida por um aceno de cabeça que fez meu corpo congelar. Ok, Klaus não gostaria de ouvir aquilo, mas com aquele gesto ele me lembrou nosso pai de forma assombrosa. Em silêncio e obediente, subi na caminhonete e tomei o assento de passageiro, usando meu telefone para cancelar a corrida de Uber cujo motorista deve ter me xingado muito.

Eu me mantive estática, parada enquanto o loiro dava a volta no enorme carro e tomava o banco do motorista. Eu fiquei no completo silêncio, o que era muito atípico principalmente para mim. Comecei a mexer nas minhas redes sociais tentando enganar minha mente, mas não durou muito. Klaus parou o carro quando alcançamos o centro da cidade, fazendo com que meu coração acelerasse. Suas palavras ainda machucavam e muito.

"...Você não quer ficar aqui para a sua mãe matar a saudade... se desculpar por ter abandonado sua irmã e estragado os planos que ela tinha de ir para a faculdade e se livrar dessa prisão...


E eu nem esperava o que viria a seguir.

Quando você foi embora, todos nós sofremos em silêncio. Com exceção do pai. Ele ficou com tanto medo das críticas que receberia, e de como isso afetaria a carreira dele, que mal se esforçou para que pudéssemos te encontrar. Max foi a única que teve coragem para levantar a voz contra ele, e isso só lhe rendeu uma surra. E eu era um merda que não teve forças para encher aquele desgraçado de porrada, o máximo que eu pude fazer foi me jogar no meio daquilo e apanhar no lugar dela. Desde então, o jeito que ele nos tratava só piorou, ele impediu a Max de ir para a faculdade porque tinha medo de que ela fugisse igual a você. Mas ele se orgulhou quando eu decidi me juntar às forças aéreas, e ele confiava tanto em mim que não imaginou que eu pudesse ir embora.


Meu corpo deve ter caído alguns graus de temperatura e agora minhas mãos suavam frio. Eu sabia que deveria ter feito alguma coisa quando saí de casa para que Max mudasse o tom comigo, mas eu não esperava aquilo. Eu sabia que ela ia para a universidade dos sonhos dela quando eu deixei a casa, e mais... Ela estava finalmente pronta para assumir sua sexualidade para nossa família. Eu queria saber se ela havia o feito, mas depois do discurso de Klaus eu duvidava muito.

Antes que eu pudesse sequer raciocinar todas as duras palavras que ele jogava contra mim, lágrimas já escorriam dos meus olhos e eu soluçava como uma criança. Eu não conseguia olhar no rosto de Klaus e mesmo ouvindo aquelas coisas, eu sentia raiva dele. Porque eu havia voltado para aquela cidade por sua causa e agora eu estava passando pela fase mais emotiva da minha vida, quando o que eu mais odiava era chorar. Eu me sentia fraca, eu odiava o sentimento. Eu só queria pegar minhas coisas de deixar tudo para trás, levando comigo as sequelas de uma conversa em que me acusavam de destruir a vida dos meus irmãos.

Maxine havia apanhado por minha causa, e Klaus por causa dela. Maxine havia sofrido porque nosso pai ficou ainda mais duro com eles, o que deve tê-la impedido de se abrir para a nossa família. E ela perdeu sua melhor amiga.

Conforme o choque de realidade me batia, mais pânico eu sentia. Meus olhos se voltaram para Klaus e senti meu corpo se eriçar como o de um gato pronto para atacar. Eu me segurei para não socar cada uma das feridas de bala, mesmo que no fundo eu soubesse que ele não tinha culpa. Eu só o odiava muito por me fazer perceber aquelas coisas e por provavelmente mudar a minha vida com um sentimento de culpa eterno.

— E-Eu não acredito! Como pode me dizer todas essas coisas e querer que eu volte para casa para tentar acertá-las? Não tem o que acertar, Klaus! — Exclamei entre lágrimas, sentindo meu peito doer. Meus olhos se voltaram para a foto de Henry que brilhava na tela do meu telefone em uma ligação, mas ignorei. — Não existe a menor possibilidade de eu ficar depois de tudo isso que você me disse! Max deve me odiar, minha mãe ficou ainda pior quando me viu e vai ficar pior ainda do que isso quando eu for de novo! Eu não acredito que Maxine não foi estudar direito fora do estado, eu não acredito que tudo piorou para vocês. E eu não acho que ela vá me perdoar, Klaus, porque não existe a menor possibilidade de eu ficar aqui para sempre. Eu não sou como vocês! E uma hora eu vou embora de novo e vocês vão ter que passar por tudo isso de novo: a fúria do nosso pai, a depressão da nossa mãe, e vai ser exatamente como cinco anos atrás. COMO PODE SUGERIR QUE EU VOLTE PARA A CASA PARA CONCERTAR AS COISAS?! ISSO NÃO TEM CONCERTO.

Eu havia gritado as últimas palavras e agora as novas palavras amargas de Klaus faziam um nó em minha cabeça. Olhei para ele de canto de olho com seu rancor ao falar da minha "nova família" e alegar que via o meu Instagram. A sua ironia ao me chamar de independente me irritou ainda mais, então desabotoei o cinto de segurança e balancei a cabeça em negação, pulando do carro. Caminhei em direção ao banco de Klaus e a abri a porta o puxando para fora. Segurei a gola da camisa do meu irmão sequer me dando conta do que eu estava fazendo.

— Eu não sei que grande ideia você achou que estava tendo quando me trouxe para "conversar". E quer saber, Klaus? A culpa é TODA SUA. — Cuspi as palavras com ódio. Minhas mãos tremiam, mesmo a que agarrava a blusa do meu irmão. — Se você não tivesse ido para aquela guerra idiota, eu não teria voltado para checar você e não teria magoado a mamãe toda de novo. Eu não ficaria sabendo que destruí a vida da minha melhor amiga e viveria a minha vida linda como estava, e vocês a de vocês. Nossos caminhos nunca deveriam ter se cruzado. Eu nem sei porque eu me importei, eu nunca gostei de você mesmo!

Falei em tom irritado, mesmo que a última parte não fosse verdade. Eu e Klaus poderíamos não ter sido as crianças mais próximas do mundo, mas ele ainda era meu irmão. Soltei sua camisa e afastei alguns paços, arrumando meu sobretudo sobre o corpo e cruzando os braços. Enxuguei minhas lágrimas com as luvas.

— Agora pare com esse papinho maduro de veterano de guerra e enxergue a realidade, ok? Talvez seja melhor falar para nossa mãe de uma vez por todas que eu fui embora para não deixá-la mais triste ainda. Eu não posso ficar, Klaus. — A última frase saiu muito mais fraca do que deveria porque eu estava realmente muito assustada. Apavorada. Mas é claro que eu não deixaria transparecer. — Eu não conseguiria ficar.







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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Klaus Matheis Qua 13 Dez - 16:31:42




Danger Zone




I feel the need... The need... For... SPEED!


Eu balancei a cabeça em negação quando Coll falou sobre nossa mãe. A expressão em meu rosto ficava cada vez mais fria conforme o volume das palavras da garota aumentava, ela definitivamente não sabia do que estava falando, e isso a tornava cega para o que realmente estava acontecendo lá. Por um breve momento, minha atenção foi chamada para o brilho do celular dela, onde a foto de um rapaz aparecia em uma ligação, provavelmente algum namorado, mas eu não dei muita atenção e logo voltei a encarar a garota, que agora abria seu cinto e saía do carro. À primeira vista, imaginei que ela tivesse a intenção de ir embora andando, mas logo percebi que ela se dirigia ao banco do motorista.



- E lá vamos nós... - revirei os olhos e abri meu cinto de segurança.



Desci do carro quando a garota me puxou pela cola da camisa. Eu poderia muito bem ter continuado dentro do carro se quisesse, mas a última coisa que eu queria era criar mais intrigas desnecessárias com a loira.



Cada uma das suas palavras soava mais egoísta do que a anterior, chegando ao ponto de me fazer sentir nojo daquela garota que eu já chamei de irmã. Mas se havia algo inegável, era o fato de que a fuga dela foi crucial em abrir meus olhos, então eu devia pelo menos isso para ela.



- Já acabou? Ou quer passar mais um pouco de vexame? - encarei a garota cruzando os braços - Você acredita mesmo nisso? Acredita que a sua volta deixou nossa mãe ainda mais triste? É a primeira vez que eu vejo ela sorrir daquele jeito EM ANOS. E aquilo foi por saber que você estava bem, e por imaginar que você se importava. Porque, pelo visto, você ainda não se importa nem um pouco. Diz que voltou aqui por minha causa, mas só uma ligação para mim já era o bastante para saber que eu estou bem. O seu medo é ficar presa aqui de novo? Eu pensei que você fosse livre, independente e pudesse fazer tudo que quer, quando você quer. Você já foi embora uma vez, ninguém esperava que você fosse voltar, e muito menos esperamos que você fique. Mas qual era a dificuldade de trocar mais do que três palavras com a mãe que passou anos chorando por sua causa? E que finalmente teve a oportunidade de matar as saudades da filha que NUNCA sequer se importou em perguntar se estava tudo bem.



Bati a porta do carro e passei minhas mãos pela cabeça, bagunçando um pouco o meu cabelo e sentindo uma dor aguda no tronco, que me fez franzir a testa e pressionar o ferimento que estava doendo.



- A minha guerra não foi nada comparado com o que eu e a sua irmã passamos naquela casa. Eu prefiro tomar outro tiro do que ser escravo dele de novo. Por que você finge que se importa, Coll? Como você acha que a Max vai reagir ao saber que você preferiu ir embora para postar fotos no Instagram ao invés de esperar ela voltar para casa? Que melhor amiga você é, hein... - As últimas palavras saíram quase como um sussurro.



Balancei a cabeça negativamente e, naquele momento, toda a raiva que eu sentia se transformou em tristeza, tristeza por começar a acreditar que realmente havíamos perdido nossa irmã. Respirei fundo e me aproximei da garota, vagarosamente puxando-a para um abraço. Por mais que ela tivesse me decepcionado muito, eu não conseguia ficar bravo pois enxergava seus motivos e seus medos, eu também os sentia.



- Eu também não quero que volte a ser como era antes. Eu não estou te pedindo para morar com a gente de novo, eu não quero isso para você. Você pode não acreditar, mas eu me preocupo com seu bem-estar e... Eu senti saudades, a mãe e a Max também sentiram. Eu não voltei à toa, Coll. Eu voltei pela Max e pela mãe, eu quero tirá-las de lá. Mas nenhuma delas tem coragem de encarar o pai e dizer que está indo embora. E não ouse julgá-las, porque você também não teve, simplesmente foi embora e, assim como ele nos obrigou a fingir que você não existia, você também fingiu que não existíamos. Mas você está aqui, e eu realmente quero acreditar que você se importa, Coll... Eu nunca disse isso e entendo se você não acreditar, mas eu te amo e fiquei feliz de te ver. A mãe ficou feliz em te ver, e tenho certeza que a Max também ficaria feliz, principalmente por saber que você se importa com ela.



Sentir a garota chorando com o rosto em meu peito me causou um aperto tão forte no coração, que parecia estar compensando todos os anos em que eu negava minha empatia por ela. Duas lágrimas teimosas escorreram pelo meu rosto enquanto eu respirava fundo e segurava minha irmã em meus braços, depois de tantos anos sem vê-la, e muitos outros anos sem conseguir dizer o quanto eu a amava. Levantei o rosto da garota para que ela pudesse me olhar nos olhos, usei a manga da minha camisa para enxugar as lágrimas que escorriam por sua bochecha.



- Como você cresceu, Coll... Nem parece aquela garotinha que me atormentava tanto quando éramos crianças. - Um sorriso fraco escapou dos meus lábios, e com ele mais algumas lágrimas rolaram em direção ao meu queixo.





Klaus Matheis
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[RP Fechada] Wake me Up When December Ends Empty Re: [RP Fechada] Wake me Up When December Ends

Mensagem por Colleen J. Matheis Qua 13 Dez - 17:16:30


Fuck Yeah!

" Been there, done that, got the t-shirt "


- Já acabou? Ou quer passar mais um pouco de vexame?

O ódio era tão forte em meu peito naquele momento que não consegui me conter quando explodi e meti a palma da minha mão forte contra o rosto do rapaz, causando um barulho abafado, mas alto. Meus olhos se arregalaram no segundo seguinte quando percebi o que eu havia feito e a expressão séria no rosto de Klaus fez com que eu me encolhesse. Eu não gostava daquela expressão e não queria levar meu irmão até a beira do seu ódio para ver o que aconteceria, principalmente porque ele sabia muito bem como usar uma arma.

As coisas que meu irmão dizia em tom regulado, mas com clara raiva na voz, faziam sentido. Eu sabia que nossa mãe não estava triste em ME VER, mas eu sabia que sua tristeza dobraria no momento em que eu fosse embora. Ou era isso o que eu esperava. Ela havia tido quatro anos para se acostumar com meu sumiço, e agora eu havia aberto todas as suas feridas que demorariam para se curar de novo, mas Klaus não parecia entender aquilo. Conversar com ele era extremamente frustrante!

Como ele ousava dizer que eu não me importava? Eu me importava muito, e era exatamente aquela razão que fazia com que eu não quisesse voltar! Senti meu coração doer dentro do peito quando ele disse que eu poderia apenas ter ligado para saber se as coisas estavam bem, e que ter voltado havia sido uma escolha minha, não dele. Mas as coisas não eram bem assim. Eu sabia que grande parte de mim queria ver Klaus, queria ver Max, mas não estava pronta para lidar com nossos pais.

Nossa mãe era uma boa pessoa, eu sabia disso, mas eu também sabia que ela jamais deixaria nosso pai, não só por conforto, mas porque ela acreditava nas palavras dele. Mamãe sempre foi muito dura conosco e mesmo que seu instinto materno gritasse para me procurar, ela aceitou as condições do meu pai. E eu tinha certeza que ele nunca havia usado força com ela, apenas palavras que ela queria ouvir e que ela seguia por escolha própria. Aquela era a mais pura verdade.

Era de partir o coração ver mamãe daquela forma, aliviada com a minha volta, porque de certa maneira isso deixava claro que ela estava realmente feliz uma filha com quem se importava. Ainda assim, suas crenças e a urgência de agradar o papai sempre foi maior do que o amor por nós, e todos nós — Klaus, Maxine e eu — sabíamos disso. Eu sabia também que Klaus tentava vitimizar nossa mãe porque ele queria que eu ficasse. Não importava quanto ele dissesse que ele não se importava se eu fosse, a sua expressão berrava algo completamente diferente.

— Você acha que eu não me preocupei se as coisas estavam bem?! Seu hipócrita do caralho, eu estou aqui, não estou?! — Exclamei, meus punhos se cerrando dos lados do meu corpo. — Eu também não me lembro, Klaus, de você ter me ligado sequer uma vez! Ou me procurado! Não aponte o dedo para mim, por favor. Eu não sou a única pessoa fodida nessa história, a verdade é que nossa família é completamente deformada e apenas nós sabemos disso. E PARE DE COMPARAR TIROS COM NOSSOS PAIS, PELO AMOR DE DEUS, VOCÊ LEVOU SETE TIROS, PARE DE SER RIDÍCULO! NINGUÉM PREFERE LEVAR TIROS!

Eu talvez estivesse gritando aquilo mais para mim do que para ele, mas eu não podia parar de imaginar: estaria Klaus tão desesperado para sair de casa que foi para a guerra apenas como uma opção de escape? Era difícil acreditar que sua decisão havia sido dirigida inteiramente a vontade de sair de casa, mas ser difícil não queria dizer que era impossível. Teriam as coisas ficado tão ruins mesmo da forma com que ele falava? Se sim, eu não culpava Maxine por me odiar agora e eu sinceramente não sabia o que fazer para mudar isso.

Por que você finge que se importa, Coll? Como você acha que a Max vai reagir ao saber que você preferiu ir embora para postar fotos no Instagram ao invés de esperar ela voltar para casa?

As palavras de Klaus foram perdendo a entonação de ódio, mas ainda me machucavam. Lágrimas escorreram do meu rosto, mas logo foram esquecidas pelo sentimento de raiva que me tomou por completo quando o garoto me puxou para um abraço apertado. Balancei o corpo tentando me soltar, socando os ombros de Klaus, mas inutilmente.

— UGH! ME SOLTE, KLAUS! EU TE ODEIO!

Os socos duraram mais ou menos uns dez segundos antes que eu simplesmente desistisse deles e abraçasse Klaus forte, puxando-o contra mim. Enterrei meu rosto contra o peito do menino e fechei os olhos, tentando fingir que aquele abraço não estava me ajudando a sanar todo sentimento de solidão que senti ao longo do tempo. A verdade era que aquele aperto de Klaus era nada mais do que perfeito e fazia com que meu corpo respondesse por si só, fazendo a raiva inteira desaparecer. Eu precisava de um abraço, e só havia percebido aquilo naquele momento. Por isso eu apertava o garoto para mim e pensava que jamais fosse soltá-lo.

As palavras agora dóceis de Klaus acabaram comigo. Por que ele estava sendo tão legal comigo? Eu não olhava para nada, apenas mantinha-os fechados e abraçava o corpo do meu irmão mais velho conforme a sua voz me acalmava. Eu não tinha certeza se Maxine levaria minha volta tão na boa quanto Klaus, uma vez que a pessoa que mais havia se machucado com minha decisão havia sido ela. E Maxine adorava fingir ser durona, então provavelmente seu orgulho impediria que ela me perdoasse, mesmo que eu soubesse que por dentro ela estaria morrendo para me aceitar de volta.

Eu os admirava muito, Maxine e Klaus. Eles sempre foram mais inteligentes, mais maduros e mais bem sucedidos. Mas enquanto Max me dava toda a sua atenção, Klaus nunca ligou para mim. Não. Ele nunca se sentou para me oferecer algumas aulas com o dever de casa, nunca me chamou para brincar com seus amigos — mesmo que eu implorasse — e sempre usou de todas as oportunidades que tinha para criticar algo que eu fazia. E agora eu estava diante de um cara completamente dócil e que conseguia falar que me amava sem engasgar oito vezes como eu faria. Eu estava muito confusa e — de certa forma— não conseguia reconhecer a pessoa diante de mim.

Eu não sei quanto tempo passei abraçando o garoto de cabelos dourados, mas logo senti sua mão tocar meu queixo em prol de levantar minha cabeça para que eu o olhasse. Me surpreendi ao encontrar traços de apenas duas lágrimas que caíram por seu rosto, sentindo meu coração disparar. Eu não conseguia olhar Klaus diretamente nos olhos, então eu fitava qualquer parte do seu rosto que fosse menos inquisitiva. Senti meu rosto corar inexplicavelmente quando meu ponto de foco foi — mesmo que por apenas um segundo — em seus lábios.

"Como você cresceu, Coll... Nem parece aquela garotinha que me atormentava tanto quando éramos crianças."


BAD MOVE, DUDE! Eu tinha certeza que as palavras de Klaus eram inocentes, mas ouvir essa frase após o rapaz tocar o meu rosto, enxugar minhas lágrimas enquanto eu sem querer fitava os seus lábios, fez com que eu me afastasse rapidamente e limpasse a garganta. Passei as costas das minhas mãos enxugando o meu rosto e me abracei novamente. Eu fiquei um tanto confusa, mesmo sem saber ao certo porque. Não demorou para que eu soltasse um suspiro e logo soltasse uma risadinha fraca. Pelo menos não estávamos mais gritando... Ou eu estava.

Klaus tinha razão. Eu tinha que tentar encarar as coisas, mas eu não poderia fazer isso de forma impulsiva. Eu tinha que fazer aos poucos e com segurança. Eu queria que minha família me perdoasse, queria ficar bem com eles, mas ao mesmo tempo não queria abrir mão do meu sonho. Com minha mãe e meu pai o assunto era um pouco mais complicado, uma vez que eu precisava perdoá-los antes, e eu claramente ainda não havia conseguido, mas nada me impedia de começar esse processo com Klaus, que agora estava ali perto de mim.

Peguei minha bolsa e a cavuquei desesperadamente até encontrar um lenço que trouxe da África do Sul comigo. Ergui-o para Klaus e então abri um sorrisinho bobo. Eu ainda mantinha uma boa distância segura dele.

— Hm... Enxugue essas lágrimas antes que elas congelem no seu rosto. — Falei em tom mais bem-humorado, esperando que ele pegasse o objeto. Quando o fez, enfiei minhas mãos dentro do meu sobretudo pesado. Eu odiava frio e odiava usar todas aquelas roupas. Só então percebi que estava tremendo. — Você tem razão, Klaus. Eu vou fazer as pazes com Max, mas eu preciso de certo tempo para organizar minhas ideias. Eu corri de casa porque entrei em pânico, são muitas informações de uma vez... Mas nada que uma boa bebida não possa resolver. — Abri um sorrisinho de canto, dando de ombros. — Eu sei que não somos próximos, mas eu gostaria de mudar isso. Tem um bar no hotel onde eu estou ficando, e ele é aquecido, o que é crucial nesse momento. Você pode pegar frio com esses ferimentos?

Me lembrei desse pequeno detalhe, me sentindo mal imediatamente por tê-lo puxado para fora do carro anteriormente. Pensei em ajudá-lo a subir de novo, mas me impedi. Apenas acenei de onde eu estava para que ele entrasse, mantendo sempre a distância por alguma razão.

— Se você quiser, podemos beber alguma coisa... E se você prometer não me denunciar pela identidade falsa. — Sorri de canto, esperando que o lado certinho de Klaus não me atacasse naquele momento. Fitei meus pés. — Dizem que álcool ajuda com a dor também, assim você pode se livrar um pouco dos incômodos dos seus ferimentos. Eu notei como você se contorce de tempos em tempos... E se você quiser... Eu posso te mostrar algumas coisas que coletei ao longo das minhas viagens. Acredito que você vá surtar com tantas maravilhas de tantas culturas diferentes.

Eu estava sem jeito, parecia estar chamando um estranho para sair, o que não deixava de ser verdade. Além de Klaus e eu nunca termos sido próximos, eu sentia que não conhecia a pessoa que ele havia se tornado. Tudo o que eu sabia era que eu gostava dela e que queria começar de zero, de preferência com uns shots de Tequila.

Olhei para Klaus em expectativa, sentindo o terrível frio do inverno agora que havia passado o calor do momento.







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