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Mensagem por Rory-Marie van Hepburn Dom 16 Jun - 15:23:41

d-o-l-l-h-o-u-s-e
Passaram-se alguns meses desde que Rory foi vista alegre e sorridente nas ruas de Nashville com seu bebê quase a tempo de sair do seu corpo para o mundo real. Esse roleplay se passa no Hospital de Nashville, depois de um sequestro e um desastre terem acontecido quatro meses atrás, quando a Van Hepburn estava grávida de sete meses.
junho de 2019
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Última edição por Rory-Marie van Hepburn em Dom 16 Jun - 22:40:45, editado 2 vez(es)
Rory-Marie van Hepburn
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Mensagem por Rory-Marie van Hepburn Dom 16 Jun - 17:30:03

"D-O-L-L-H-O-U-S-E"


Aurora: claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do Sol. Aurora é a cor de esperança em rosa e roxo que o céu resplandece quando a estrela mais quente do universo está prestes a dar as caras.

Mal sabia Rory que seu nome poderia fazer parte de momentos tão obscuros em sua vida.

Durante os quatro meses que a adotada dos Van Hepburn ficou em coma no hospital, só uma imagem conseguia passar pelo corpo de descansava obrigatoriamente: Calliope. Aurora viu a menina, loira como ela, começar a andar enquanto o pequeno corpo de bebê cambaleava. Ela viu Calliope entrar a primeira vez na escola primária de Nashville, enquanto ela e Samuel esperavam do lado de fora que ela, pelo menos, soltasse uma lágrima que nunca chegou. Aurora viu Calliope, agora com todos os traços da mãe e atitude do pai, mostrar a língua em cima do pódio onde estava pegando seu diploma de encerramento do ensino médio.

E então, Calliope caía para frente, com uma faca em suas costas.

Esse era o pesadelo que repetia um milhão de vezes em sua cabeça, como se Aurora estivesse vivendo do próprio inferno que tinha sido construído para ela. Cada vez que ela via a própria filha, com um futuro tão brilhante a sua frente cair do pódio, ela sentia uma pontada em seu estômago. A dor tomava conta de todo o seu corpo e ela caía ao chão, apagando mais uma vez e recomeçando o pesadelo.

Cento e vinte. Era esse o número que representava os dias que ela via todos os seus sonhos morrerem. Cento e vinte era o número de dias que Venus apareciam para ficar ao lado da noiva e da irmã. Cento e vinte era o número de dias que foi necessário para a barriga que, uma vez carregava uma vida, voltasse ao seu tamanho normal, dessa vez sem a mesma. Cento e vinte era o número de dias que o corpo de Aurora demorou para, finalmente, ganhar força de voltar a vida.

Mas no dia cento e vinte e um, ela queria que ele não tivesse tido força para acordar em nenhum aspecto.

No dia cento e vinte e um, o primeiro desafio da adotada era abrir os olhos. Eles pareciam que tinham sido grudados com cola de tão pesados que estavam. Sua visão estava turva, mas a cabeça caída para o lado conseguiu ver Vênus deitada com a cabeça na cama que ela usava. Os olhos rapidamente caíram em sua barriga que estava com um curativo e nenhum indício de bebê.

Seu coração acelerou, as memórias voltando para ela como o vento que cortava sua pele quando ela pegava a estrada em sua moto.

Aurora tinha passado quinze dias sequestrada dentro de um porão. Ela mal tinha sido alimentada e água era tomada de uma torneira que, com certeza, tinha algum tipo de bactéria que seria ruim para a criança que estava dentro dela. Diariamente, a pele ávida da loira era abusada com novos roxos por todos os lugares, vindos de socos e chutes, tudo para um cenário mais bonito em uma fotografia que era enviada diariamente para Sam. Os olhos chegaram a secar de tantas lágrimas que ela derramou. A voz já não tinha mais força de pedir por misericórdia.

E então, o último dia, quando ela viu Samuel na porta do porão, ela sentiu a faca atravessando sua pele, logo onde as costas de Calliope estavam. O sangue começou a jorrar pela roupa que cobria seu corpo. O vermelho escarlate contracenava com a blusa branca e suja que estava em Aurora, escorrendo pelo seu short e manchando o jeans escuro que ela vestia. Um grito fino saiu de sua boca e a faca rodou em sua barriga, enquanto o corpo cedia ao chão de uma só vez.

A última visão que ela teve, era de Samuel correndo em sua direção.

A mão da Van Hepburn foi à cabeça de Vênus. As lágrimas já caíam em desespero e o seu monitor de batimentos cardíacos começou a ficar descompassado. A boca estava resseca, parecia que ela tinha engolido um quilo de sal antes de acordar.

-Vênus... Calliope. Calliope. Onde ela está?

O corpo se remexeu em cima da cama, sem sucesso, tentando se erguer para que ela conseguisse, pelo menos, ficar um pouco mais acordada.
tag: venus | wearing: hospital clothes |@: nashville hospital
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Mensagem por Wendy Bellerose Dom 16 Jun - 21:26:05

Welcome Home, Baby
// 000 words

Abri um sorriso de canto, erguendo a mão direita em aceno para Gina que - assim como em todas as quarta-feiras anteriores - estava atrás do balcão de atendimento, vestindo o mesmo uniforme esverdeado e com seus cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo bem arrumado. Assim que seus olhos encontraram os meus, um sorriso amigável tomou conta do seu rosto.

Eu havia acabado de sair do trabalho, então estava com minhas roupas de costume, a bolsa pendurada em meu ombro direito e as mãos ocupadas por um novo vaso de rosas alaranjadas que davam um trabalho do cacete de encontrar.

De todas as cores no mundo, a preferida de Rory tinha que ser logo laranja? Ninguém gosta de laranja!

E exatamente por essa razão a missão de trazer rosas na cor favorita da minha melhor amiga havia se tornado minha missão recorrente mais desafiadora. Não mais desafiadora, é claro, do que vê-la todo santo dia desacordada naquela cama de hospital.

Eu achava que as coisas fossem melhorar com o tempo. Que eu fosse me acostumar em ver Rory - sempre tão cheia de vida e alegre - quieta e imóvel naquele quarto de hospital, mas eu estava errada. O tempo que se passou, os quatro meses em que ela esteve ali, apenas foram ficando cada vez pior. Os médicos acreditavam que ela iria acordar, mas a esperança estava começando a morrer a cada dia que se passava.

E por isso as malditas rosas alaranjadas.

- Boa tarde, Gina! Adorei a sombra. Noite importante hoje?


- Quem me dera! Foi apenas uma nova paleta que ganhei da minha prima, você gostou? E trouxe mais flores, aparentemente.

- Eu adorei! - Soltei uma risada divertida, olhando com uma careta para o vaso em minhas mãos. Assenti. - Sim, achei que as flores de Rory estavam ficando murchas e quis trazer novas. Você sabe... Para trazer um pouco mais de vibrância para o lugar.

Eu não queria olhar para Gina porque sabia muito bem que ela estaria me olhando em um tom de piedade que eu não tinha vontade de ver. E, mesmo sendo uma enfermeira muito bem treinada em competente, eu sabia que ela realmente sentia muito por mim. Depois de tanto tempo vendo Vênus, James, Harold e eu em visitas diárias ao quarto de Rory, havíamos criado um vínculo.

- Rory é muito sortuda em ter amigos como vocês. - Ela falou em tom calmo, fazendo com que meus olhos ardessem. Funguei. - Mas rosas laranjas?

- Né?! - Balancei a cabeça em negação, abrindo um sorriso divertido. - A culpa não é minha que ela tem um gosto questionável.

Segui com meus passos pelos corredores conhecidos, entrando no mesmo elevador que eu sabia que me levaria ao quinto andar da área de internação, onde o quarto de Rory ficava. Ouvi meus passos ecoarem conforme os saltos se batiam contra o chão, sentindo um arrepio ruim me tomar quando me lembrei da noite em que eu havia vindo encontrar James e Sam ali.

Eu jamais me esqueceria do pânico e alívio que senti quando James me ligou, dizendo que haviam encontrado Rory. Infelizmente não nas melhores condições.

Interrompi completamente qualquer passo ou pensamento quando percebi certo movimento próximo à porta do quarto da minha melhor amiga. Alguns enfermeiros estavam reunidos, olhando para dentro do local conforme eu ouvia barulhos um tanto quanto atípicos. E quando finalmente consegui escutar o tom de voz conhecido, senti todo o meu corpo se arrepiar, fazendo com que eu congelasse por um momento em meu eixo.

Mas, Deus! Isso durou muito pouco.

Disparei pelos corredores em direção ao quarto e me enfiei entre as pessoas, sequer me importando em pedir desculpas. Arregalei os olhos e senti meu coração doer tão forte quando me deparei com Rory, agora consciente, que sequer havia largado as rosas em cima da mesa quando comecei a chorar e disparei em direção à cama.

Eu sabia que Vênus queria um tempo com a irmã dela, mas Deus! Como eu estava feliz! E apesar de adorar a irmã da minha melhor amiga, naquele momento abstraí completamente a sua presença.

- Rory, oh meu Deus! Eu não acredito! Você está acordada! O que você está sentindo?! Você está com dor?! - Arrastei os fios de cabelos castanhos para trás das orelhas da menina, não conseguindo segurar os meus soluços. Não me segurei ao puxa-la em meus braços, a apertando com tanta força que tive medo de quebrá-la. As lágrimas caíam em tanta intensidade dos meus olhos, que escorriam por minhas bochechas e pingavam no avental que a menina vestia. - Meu Deus, eu não acredito que você está bem! Eu fiquei tão preocupada! Eu senti tanto a sua falta!

Wendy Bellerose
Wendy Bellerose
jornalista investigativa no The Nashville Times


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Mensagem por Rory-Marie van Hepburn Dom 16 Jun - 21:45:53

"D-O-L-L-H-O-U-S-E"


Para a garota hospitalizada, o tempo não tinha passado nem um pouco. Aquilo era visível em seus olhos - que ainda não conseguiam focar direito - estarem com um ar de desespero constante. Ela não entendia o que estava acontecendo ali. Conseguia reconhecer que era um hospital, mas sabia que aquilo não era um bom sinal.

O apito constante e rápido dos seus batimentos cardíacos não deram tempo de Vênus responder sobre o que ela realmente queria ouvir. A cabeça de Aurora girou e o que pareciam ser um milhão de pessoas vestidas de azul e branco correram para dentro da suíte que seu pai tinha insistido em a colocar. Mãos começaram a encostar na garota, medindo um milhão de coisas diferentes que seu corpo, ainda fraco, queria dizer.

Mas nada daquilo importava para ela.

Uma mão quente e uma voz aguda tomou conta da sala: Wendy. A melhor amiga da Van Hepburn correu em direção à cama que ela não conseguia se mexer com todas as partes do seu corpo ainda, apesar de sentir todos os utensílios médicos que passavam pela sua pele, em espera de uma resposta padrão do corpo humano.

-Wendy... -Sua mão encostou na dela e a agarrou forte. A esquerda foi para a cabeça da irmã ao seu lado. Um sorriso fraco cresceu em seu rosto. -Você achou que ia se livrar tão rápido de mim?

O comentário remetia à um milhão de anos atrás quando elas tinham se conhecido no novo emprego. A colunista de investigação criminal e a de eventos sociais não eram o par que qualquer um dentro daquele jornal esperava, mas elas eram, com certeza, o melhor par daquele lugar.

-Quanto tempo estou aqui? Onde está...

-Aurora? Como você está se sentindo?

Os olhos verdes encararam o homem que a olhava de cima, com um curto sorriso no rosto. Os olhos, agora mais focados, observaram a estatura do homem antes de olhar para todo o recinto. Se perguntou, por um momento, porque Samuel não estava ali ao seu lado.

-Ahm... Acho que bem. Doutor, o meu noivo, ele está aqui, certo? Os olhares trocados dentro da sala e o esvaziamento que aconteceu quase que instantaneamente fizeram o estômago da loira revirar de um jeito que nunca tinha sentido antes. A destra foi para a barriga. -E Calliope? Ela está na maternidade ou com o Sam?

tag: venus&wendy | wearing: hospital clothes |@: nashville hospital
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Rory-Marie van Hepburn
Rory-Marie van Hepburn
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Mensagem por Wendy Bellerose Dom 16 Jun - 22:00:58

Welcome Home, Baby
// 000 words

Eu queria chorar.

Quer dizer, mais do que eu já chorava. Eu estava tão feliz que Rory estava de volta, tão aliviada, que não conseguia me conter! Um sorriso largo se formou em meu rosto quando a menina pegou em minha mão, ainda muito mais fraca do que eu gostaria de admitir.

No entanto, tive que conter os meus ânimos. Por mais que eu estivesse morta de saudades da minha melhor amiga e muito feliz por tê-la de volta, eu tinha que entender que não podia simplesmente querer jogar todos os acontecimentos dos últimos quatro meses em cima dela. Rory havia passado por um trauma, esteve em uma situação que eu jamais poderia sequer imaginar, e provavelmente não havia conseguido assimilar tudo o que havia se passado até ali.

Por mais que pensar isso me fizesse querer vomitar, eu já havia visto muitas vítimas na situação de Rory, e eu sabia muito bem como agir. Tudo bem que era muito mais difícil quando ela não era uma completa estranha e sim uma pessoa que eu amava.

Uma risada gostosa escapou dos meus lábios e eu abri um sorriso tão grande que meus olhos quase se fecharam. Balancei a cabeça negativamente, apertando a mão da menina com a minha. Ela parecia tão frágil e tão fraca que me fazia querer chorar mais. Mas eu tinha que ser forte. Eu tinha que vestir a máscara de Wendy jornalista criminalista, mesmo que eu não gostasse da ideia.

É pelo bem da Rory.

- É claro que não. Eu até tive um pouco de esperança, mas sabia que você seria muito mais forte do que isso.

Todo e qualquer sinal de humor em minha expressão morreu no momento em que Rory falou sobre Sam. Meu rosto se tornou um pouco mais pálido e troquei olhares silenciosos com Vênus que, sem querer, falou muito mais do que gostaríamos.

Ninguém queria falar nisso. E é claro que Rory percebeu o elefante na sala.

Por um momento, pensei em limpar a garganta e mudar de assunto, mas ela foi mais rápida. Ela perguntou para o médico, mas no final os seus olhos se encontraram com os meus e senti meu coração se quebrar em milhões de pedaços. E cacete, como doeu! Eu estava decidida que não ia mais chorar. Estava decidida que tinha que ser forte por Rory e por mim, mas quando ela citou o nome da minha afilhada, meus olhos se enxeram d'água de novo.

E, sentindo os prantos entalados em minha garganta, segurei a mão dela contra a minha, a apertando forte. Fitei os olhos da minha melhor amiga, mesmo que doesse muito. E ergui a mão para tocar o seu ombro.

Eu tentei não deixar minha expressão mudar, mas uma lágrima desceu por meu rosto.

- ... Rory... Eu sinto muito.

Wendy Bellerose
Wendy Bellerose
jornalista investigativa no The Nashville Times


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Mensagem por Rory-Marie van Hepburn Dom 16 Jun - 22:28:29

"D-O-L-L-H-O-U-S-E"


A voz quebrada de Wendy foi a primeira coisa que fez o estômago de Aurora passar de algo que tinha virado, para algo que não sentia nada. A garota ergueu as costas para que pudesse enxergar o médico melhor. Ela não gostava do clima que estava ali. Ela não estava suportando ver o olhar daquelas pessoas. Ela não estava, sequer, acreditando que Samuel não estava ali.

-Aurora, quando o James e o Sam te encontraram, você estava muito fraca. Você lembra o que aconteceu?

Seus olhos olharam ao seu redor como se ela estivesse correndo atrás de alguém que gritasse com ela para falar o que havia acontecido. Wendy estava chorando. Vênus tinha um semblante quase que impossível de identificar, o que ela sabia que só podia dizer que alguma merda grande tinha acontecido.

-Eu... Eu lembro de passar... Duas semanas? Em um porão, até que o Samuel e o James chegaram e... -Seus olhos se arregalaram e as lágrimas subiram até os mesmos. Aurora negou com a cabeça. Não podia. Aquilo não podia estar acontecendo com ela. Como um caminhão batendo contra uma parede, ela se lembrou novamente do seu pesadelo. Não o de mentira no momento que ela tinha ficado em coma, mas sim o de verdade. Ela lembrou da facada. Aurora apertou a roupa contra os dedos. O seu corpo tremia e ela ficou com frio no mesmo momento que o médico abaixou os olhos. -Eu preciso saber que ela está bem.

O médico no recinto olhou mais uma vez para a menina. No momento em que ele negou com a cabeça um grito de desespero saiu da boca da menina junto com as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. A facada que tinha sido atrelada contra o corpo dela... Toda aquela dor, não passava de uma mera cócega para o que ela estava sentindo agora.

-O delito que cometeram contra você, acabou atingindo a sua filha... Por ela estar no sétimo mês, acabou não resistindo, por mais rápido e eficiente que o James e o Samuel foram ao trazer vocês aqui.

-Eu não acredito nisso. -Os olhos correram até Wendy. -Me diz que tudo isso é uma brincadeira de mal gosto. Me diz que ela está bem. Por favor, Wendy, me diz que minha filha está viva.

As palavras saíram em um tom desesperado junto com os soluços que o choro causavam nela. As mãos foram para a própria barriga e seu corpo cedeu contra a maca do hospital. Aurora se encolheu em posição fetal, abraçando o local que não conseguia mais sentir ninguém mexendo. Ninguém crescendo. Ninguém a amando. Entre palavras, ela tentou falar o nome de Samuel, que saía quebrado todas as vezes que ela colocava para fora.

-Sam... Meninas... Pelo amor de deus. A minha filha... A nossa filha...

Ela se sentia vazia.

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Mensagem por Vee-Elyse van Hepburn Seg 17 Jun - 0:01:42

 
nightmare
darling, everything's on fire.
Eu estava tendo uma semana ruim.

Na verdade, eu estava tendo o mês inteiro ruim — e não apenas aquele mais os últimos cinco passados em minha vida. Eu sabia que naquele dia, como em todos os outros cento e vinte e um que vinham logo atrás, essencialmente nada mudaria.

Eu havia chegado ao hospital cedo, como era de costume, somente para encontrar o jazer de minha irmã mais velha, Aurora, naquela cama ridiculamente confortável instalada no interior de uma suíte particular que lhe guardava todos os luxos possíveis, apesar dela não saber disso ainda. "Ela precisa dos melhores cuidados e do melhor ambiente para se recuperar e eu vou garantir isso! Segurança e conforto", foram as palavras de nosso pai, antes de transferi-la para uma ala hospitalar privativa, na intenção de resguardá-la do mundo exterior — e eu sabia bem que esse mundo se resumia a um único ser. Sam O'lvier. O grande monstro culpado por tudo aquilo, ao menos de acordo com meu pai, minha mãe e poucas pessoas que sabiam o que suficiente do que havia ocasionado aquela tragédia.


Mas o que eu achava?
O que Rory acharia, assim que acordasse?


Cento e vinte e um dias com as mesmas questões, da ida à faculdade e horas de estágio extra-curricular as vigílias no quarto da Van Hepburn, que apesar de tão imóvel, pálida e frágil, ainda parecia serena e bela em um sono profundo. Era como a minha própria visão de uma princesa Aurora; a minha acidentada Bela Adormecida. Mas aquela versão era mais sádica, porque nem mesmo as centenas de beijos de amor verdadeiro e desesperados que lhe eram depositados no alto da cabeça, todas as noites antes que eu a deixasse ali, havia surtido algum efeito.               

Volte para mim, cobrinha... Eu ainda preciso de você — eu costumava dizer, sussurrar, com o máximo de forças que me restavam para enfrentar o típico nó na garganta quando toda a resposta audível que eu tinha eram o de suas frequências vitais nos aparelhos perto da cama.

Eram sempre os mesmos barulhos. Era sempre a mesma serenidade congelada sobre a cama. Era sempre a mesma prece sufocada dentro do peito, expressada por cair de lágrimas silenciosas e que molhavam o lençol todas as vezes que eu me inclinava para deitar a cabeça ao seu lado.


Volte para mim, e fique aqui...

Volte para mim...

Apenas volte.


*

"Vênus..."

Bip. Bip. Bip. Bip

Um toque frouxo fez meu couro cabeludo formigar — me fez perceber o quão pouco atenta eu estava para a minha realidade, eu deveria estar num sonho muito desconfortável. Não era diferente dos anteriores ao longo dos meses passados. Eu sonhava que Aurora despertava e eu entrava naquele cômodo com a pequena Calliope nos braços, deixando que o calor daquele pequeno ser adorável aquecesse-a e livrasse toda e qualquer sombra sorrateira e gélida que outrora pairou sobre a sua vida. Sonhava que ouviria a voz de minha irmã me chamando pelo nome mais uma vez. Entretanto, no meu sonho não havia aquele barulho irritante e mais constante que o comum de equipamentos monitores de frequência cardíaca, e foi exatamente nisso que descobri o quão estava longe de um sonho.            

"Calliope... Calliope, onde ela está?" A voz fraca murmurou, me fazendo erguer o rosto num misto de incredulidade e ansiedade. Que não seja um sonho, eu pedi com todo o meu coração, com os olhos turvos de lágrimas teimosas. Que não seja um sonho, insisti, quando encontrei o olhar de minha irmã sobre mim. Acordada. Frágil, com movimentos vagarosos, mas acordada. — N-não seja um sonho... — sussurrei sem muita noção do que realmente precisava dizer. Meus dedos tatearam a mesa ao lado por puro impulso. Um botão desceu com a força do meu anelar. No que pareceram instantes, a porta do quarto se escancarou e um grupo de médicos invadiu o lugar, com vozes agitadas e gestos ainda mais ansiosos, cobrindo Aurora e me deixando estupefata de fora.  
 
Ela estava mesmo acordada, então?

M-minha... minha irmã! — eu ainda sussurrava, como se nenhuma força me fosse revertida para falar algo em alto e claro tom. Eu não conseguia sequer me mover. Meus olhos ardiam e todos os cento e vinte e um dias que se passaram correram diante deles, como um flashback de um sonho muito ruim do qual eu finalmente havia despertado; era como ter ficado perdida dentro duma floresta escura e finalmente achar a saída através de um labirinto de árvores que pareciam monstros, fortalecidos pelas  sombras da falta de esperança.        

Quando o som de uma nova voz feminina bradou no quarto, me vi despertar para a realidade mais uma vez. Meus olhos procuraram o foco e a imagem de Wendy Bellerose surgiu ali, do lado da cama, sendo a porta-voz de palavras que eu não era capaz de reproduzir naqueles instantes. Respire, me obriguei, trêmula e sentindo o peito arder. Respire fundo, ela precisa de você. E por alguns segundos, eu apenas pude agradecer a qualquer divindade acima de nós que enviou Wendy para aquele lugar, no momento em que a pergunta foi refeito, excedendo todos os questionamentos.      

"E Calliope?"


Me ergui da poltrona agora comprimida no canto da parede ao lado da cama. A mão de Wendy segurava a de Rory e eu não suportei olhar nos seus olhos azuis porque sabia que o remorso os encheria de lágrimas e traria o mesmo para os meus. Eu não podia desabar ali. Não com Aurora precisando de mim. Minha mão trêmula alcançou a das outras duas, minha presença se fazendo notável quando Aurora tentou ler minha expressão e eu apenas me forcei a não lhe entregar nada.


Wendy dissera que sentia muito.
O médico responsável preencheu as lacunas que Aurora não conseguiria adivinhar. O mundo inteiro desabou naquele quarto de hospital.

   
Aurora havia perdido uma filha. Eu havia perdido uma sobrinha. Wendy havia perdido uma afilhada. Aquilo não era uma novidade para mim e Bellerose, mas a ferida ainda estava aberta; ainda sangrava e ardia, sempre que precisávamos lembrar daquilo. Mas nem toda a pior notícia do mundo surtiria tanto efeito como a visão de minha irmã, dobrada sobre a cama, em queda livre no desamparo de descobrir a morte de um pedaço de sua vida. Não chore! Não afunde com ela agora! Eu ordenei, dentro de minha cabeça.

Um braço cercou a cintura de Wendy, puxando-a para junto, enquanto o outro tentou cercar a nuca de Aurora e confortá-la num toque amoroso. — Eu amo você, Aurora. Nós amamos você. Estamos aqui e seremos forte por ti. Estamos aqui.





 
_________

you'll be alright,
no one can hurt you now

+ rory & wendy
wearing
• Hospital
 


naxz @epifania



Vee-Elyse van Hepburn
Vee-Elyse van Hepburn
universitário (a)


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[RP FECHADA] d-o-l-l-h-o-u-s-e Empty Re: [RP FECHADA] d-o-l-l-h-o-u-s-e

Mensagem por Wendy Bellerose Qua 19 Jun - 18:32:02

Welcome Home, Baby
// 000 words

Ser jornalista investigativa era difícil.

Em meu currículo vinham diversos cursos de psicologia criminal, leituras corporais, além de alguns atributos básicos como estômago forte, a capacidade de manter expressões neutras durante o esboço das histórias mais aterrorizantes e a demonstração de sentimentos apenas em momentos específicos. Como jornalista, era essencial que não influenciássemos as respostas das vítimas ou suspeitos por reações aos seus casos e que nos mantivéssemos imparciais durante o processo inteiro.

Não se emocionar. Não se envolver.

Mas naquele momento, conforme eu olhava para minha melhor amiga encolhida em forma de bola sobre a cama do hospital - chorando em prantos de tristeza e horror pela morte da sua única filha - era como se eu jamais tivesse aprendido sequer uma das técnicas comportamentais que utilizasse diariamente, regredindo ao estado emocional de uma adolescente de quinze anos.

Eu queria abraçar o meu próprio corpo e chorar. Eu queria gritar com todo mundo e mandá-los sair do quarto. Nós havíamos perdido muito. Doía demais. Vênus uma sobrinha, eu uma afilhada e Rory uma filha. E por mais que eu soubesse como doía para mim, como eu sentisse na pele o horror de perder alguém que nunca conheci, mas que já amava tanto - jamais seria sequer capaz de começar a compreender o que Aurora deveria estar sentindo.

Diziam que não havia dor pior do que a de enterrar um filho. E, sinceramente, mesmo com todas as histórias horrendas, eu continuava a acreditar naquela afirmação.

Tantas mães não mereciam os filhos que tinham. Tantas pessoas eram ingratas com as condições que a vida lhes dava. E ter que assistir minha melhor amiga sofrer daquela maneira, passar por aquele nível de desespero enquanto eu convivia diariamente com tantas pessoas que destratavam, abusavam ou até matavam sua própria família; me inundou com o sentimento de ódio. Ódio porque aquilo não era justo.

Porque Rory não merecia nada daquilo.

Nenhum de nós.

— Nós estamos aqui, amor. E não vamos a lugar algum.

Foi tudo o que consegui dizer, impotente por saber que não havia nada que eu pudesse fazer para amenizar a sua dor. Ela precisava sofrer. Ela precisava chorar. E apenas o tempo seria capaz de curar — jamais por completo — aquele vão em seu peito.

Eu odiava não conseguir fazer nada. Droga, Wendy. Faça alguma coisa.

Quando senti o abraço de Vênus, não consegui segurar algumas lágrimas que desceram silenciosas por minhas bochechas. Abracei minhas duas amigas de volta e soltei um suspiro pesado, me permitindo sentir toda a dor que eu havia demorado tanto para amenizar desde o dia em que Rory desapareceu, até o dia em que James e Sam a encontrou; até o fatídico dia em que descobrimos que havíamos perdido Calliope.

— Coloque tudo pra fora, Rory. Nem tente amenizar o sofrimento. Nós não estamos aqui para fazer você se sentir melhor porque isso vai ser impossível, mas quero que saiba que estamos aqui. E vamos te apoiar e estar ao seu lado. Sempre.

Wendy Bellerose
Wendy Bellerose
jornalista investigativa no The Nashville Times


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