Seus braços quiseram agarrar o mais velho para que ele não saísse dali agora, mas o selinho em seus lábios a fez ficar no lugar que ele tinha pedido. Tirou o capacete, o colocando no chão ao lado da moto e, mesmo de longe, tentava enxergar o que ele estava aprontando lá dentro. Se assustou com a porta da garagem interna se abrindo, e logo sentiu o abraço quente a envolvendo. Rory se encostou no corpo mais largo, e apoiou a cabeça em seu ombro. Porém, a pose relaxada logo desapareceu quando viu a caixinha aveludada em sua mão.

Não podia ser.

Seu coração disparou, os olhos levemente arregalados. Logo viu a moto (pouco centímetros) menor que a sua, mas que estava em seus planos comprar. A garota fechou os olhos, abrindo um sorriso fraco, as batidas diminuindo seu ritmo causado pelo susto que a caixa preta tinha lhe causado. Virou-se em seus braços, pronta para dar um bronca por ter gastado todo aquele dinheiro com ela. Um cavalo, e agora uma moto. Samuel, em sua cabeça, era levemente louco, mas ela não ligava. Sua voz fez a garota levar as mãos até seu rosto, os dedões brincando com a barba que ela tanto amava, enquanto as orbes encaravam as mas escuras em sua frente.

-Primeiro de tudo, você é louco em gastar todo esse dinheiro com presentes para mim. -Ela jamis ia deixar de falar aquilo a cada presente que ele a dava. Não que ela não gostasse, pelo contrário. -Em segundo lugar, sim, eu aceito a viagem e os meus sonhos. -As mãos subiram para o pescoço, e os braços logo se entrelaçaram em sua nuca, o puxando mais para perto de si, seus lábios agora roçando. -Eu te amo tanto, Sam.

Sua voz era mais um sussurro, mas ela sabia que ele tinha ouvido e entendido a frase por completo. O coração acelerou mais uma vez, e ela se colocou na ponta dos pés, ficando na mesma altura que ele quando o mesmo tinha a puxado para um beijo forte. Ela tinha certeza que naquele segundo era a mulher mais feliz do mundo. Sua cabeça dava voltas e mais voltas, se sentindo leve. Longe de todos os problemas, longe de responsabilidades. Só os dois e mais ninguém.

Seus lábios moviam de acordo com os dele, e o vento gélido não era mais um importúnio para ela naquele instante. Seu corpo se esquentava aos poucos, e a pequena batalha entre as duas línguas pareciam se completar de um modo que ela nunca tinha sentido com ninguém antes. Sentiu os braços a levantarem do chão, e ela cessou o beijo com uma risada, voltando a olhar para o maior. A garota negou levemente, roçando rapidamente seus lábios aos dele e voltou ao chão.

-Tem alguns vários lugares que não testamos, mas podemos começar por aí.

Se soltou dos braços do maior e pegou em sua mão, entrelaçando os dedos e indo a caminho da piscina, do lado de trás da casa. Soltou a mão do maior ao chegar ali e apertou o enterrupitor, ligando apenas as luzes de dentro da piscina. Andou até a beirada e se virou para encarar o maior. Sem quebrar o contato visual, a jornalista tirou a jaqueta, colocando um meio sorriso no rosto. Jogou o couro no chão, enquanto tirava os sapatos dos pés.

-Eu preciso de ajuda com o resto.

Aurora sabia que não era a garota com mais cabeças de gado do estado, ou com a maior fama do mundo, mas sabia que as poucas coisas que ela tinha e por aquilo estava tudo perfeito. Uma daquelas coisas era Sam, que agora abraçava a garota por trás da mesma, e um calafrio subiu pela espinha da mais magra ao sentir os dedos no cós de seu short.

O corpo, como sempre confiante no outro, se recostou parcialmente, o suficiente para que ele pudesse mexer nas peças de roupas presentes na garota. Tomou a cabeça para o lado, a encostando no ombro do maior. Os lábios quentes em seu pescoço pareciam chamas de ignição, fazendo com que todo o resto de seu corpo se acendesse em um fogo ardente, sedenta pelo homem atrás de si.

No momento que ficou apenas com a lingerie preta de renda, levou a mão para o pescoço do tatuado, rebolando contra sua cintura, um sorriso levemente malicioso tomando conta de seus lábios. Virou-se nos braços alheios, levando as mãos para o cós da calça jeans do maior, até sentir o corpo ser puxado para trás, e um grito saiu de seus lábios, antes de atingir a água gelada da piscina.

Ainda por debaixo da água, nadou até Sam, logo emergindo da água e entrelaçando os braços em seu pescoço mais uma vez. As orbes encontraram as do mais velho, e ela deixou que um largo sorriso crescesse em seu rosto ao ouvir o comentário.

-O pegasse de vez? Quer dizer que todas as outras vezes não foram o suficientes? -O tom de brincadeira era presente em seus lábios, e ela enrolou as pernas em sua cintura, ficando ainda mais colado seus corpos, como se aquilo fosse realmente possível. Esfregou o sexo coberto no tecido molhado, provocando a si mesma e à ele, observando o homem que finalmente estava à sua altura. -E agora, se você prestar atenção, é o barulho das lágrimas de todos os seus contatinhos caindo. E os meus também.

Grudou seus lábios aos dele em um beijo necessitado, as línguas mais uma vez brincando entre si. Rory sentia um calor emergir de seu peito, e parecia que aquilo nunca tinha acontecido entre os dois. Era sempre o mesmo fogo que sentiu da primeira vez naquele banheiro sujo, quando ainda não fazia ideia de quem ele era. Deixou as pernas grudadas nele, as mãos rapidamente indo até a barra de sua camiseta. As unhas passaram pela pele bronzeada ao mesmo tempo que a garota pegava o lábio inferior alheio, o puxando para si e logo o soltando, para que pudesse arrancar o tecido branco dele.

-Eu já falei que não me canso de brincar com essa tatuagem? -Levou os lábios ao ombro tatuado do maior, dando mordidas ali, enquanto as mãos rapidamente voltavam para o cós de sua calça. -Eu estava com saudades de você.

Colocou um sorriso malicioso nos lábios, antes de colá-los aos dele novamente. Agora seu corpo inteiro estava em chamas, e, pelas mãos alheias, sua concentração de tirar a peça de roupa diminuiu, fazendo o beijo ficar ainda mais exitante, com mordidinhas e chupões nos lábios alheios. Encostou a cabeça no chão atrás de si ao sentir os lábios do outro em seu colo, enquanto as mãos desabotoavam a calça, e logo pegavam em seu membro parcialmente ereto.

Um gemido de susto escapou de sua boca ao sentir os dedos a invadindo, e o próprio lábio inferior foi mordido para suprimir o som. Voltou a cabeça para frente, encarando o homem que a observava. A mão direita começava movimentos na mesma velocidade com que ele a penetrava com os dedos, o dedão em especial dando atenção para a ponta do membro, fazendo movimentos circulares.

-Você não presta, eu já te falei isso?

A frase foi dita em meio a respirações levemente ofegantes, e depois de uma resposta, grudou os lábios novamente. Sua língua brincando com a dele. A cintura da menina se mexia levemente de acordo com os movimentos das mãos alheias, a mão livre voltando para a nuca do tatuado, segurando os curtos fios a cada vez que ele a enchia.

Rory não sabia o que prestava mais atenção: se era os movimentos que fazia com a própria, ou a alheia que - como sempre - não deixava a desejar nos movimentos que fazia. A cabeça da jornalista só desencostou da parede no momento que sentiu ambas as mãos em sua cintura, e deixou que fosse erguida para cima. O meio sorriso era claro em seu rosto, e ela deixou que seu corpo relaxasse na borda gelada pela noite, a língua quente e ágil do moreno começando a (des)tratá-la com toda a destreza que ele tinha em si. Seus olhos se fecharam. Ela estava perdendo a cabeça desde então.

Como sempre acontecia.

As mãos seguravam os curtos fios, e a barba mal feita trazia arrepios, que percorriam desde o fim de sua espinha até o alto de seu pescoço, fazendo gemidos saírem de sua boca ao passar pela garganta. Suas pernas eram seguradas pelo maior e, se não fosse por isso, estariam por todos os lados, sem controle nenhum da situação. Para o agrado dela.

***

O peito da garota subia e descia fortemente com a respiração forte pelo estado de êxtase que ela estava. O corpo contra a pedra fria da piscina era esquentado apenas pelo calor do outro ao seu lado. Um sorriso se abriu em seus lábios, e Aurora se jogou para o lado, ficando de bruços em cima do homem que tanto amava. Levou seus lábios aos dele em um selinho, logo descendo para seu pescoço em uma trilha de beijos, parando logo abaixo de sua orelha, deixando uma leve mordida ali.

-Eu te amo. -Sua voz era fraca, assim como suas pernas, e, mesmo com o vento gelado, ela não conseguia sair do lugar mais confortável do mundo: os braços do tatuado. Voltou a depositar beijos, dessa vez desde o seu pescoço ao seu ombro. -E é verdade, você nunca prestou. Mas ao mesmo tempo, você sempre prestou. -Olhou para o maior, levando a mão para seu rosto com um leve sorriso no próprio. -Pelo menos para mim.

Apoiou a cabeça em seu peito, um calafrio, dessa vez, a atingindo pelo vento frio e os corpos molhados. Seus olhos se fecharam brevemente, mas logo os abriu. Não queria pegar no sono agora, nem ali. Virou o rosto para olhar o maior, as mãos automaticamente traçando as linhas das tatuagens que tinham expostas.

-Você não acha que é hora de conhecer meus pais?

Rory soltou a bomba sem esperar uma segunda chance que ele fosse falar algo. Esse assunto a remoía por dentro, e mentir para os pais que ela não tinha nada sério com ninguém começara a machucá-la. Principalmente com os olhares de Vee durante os fins de semana na casa de praia da família. Ela sabia que era um assunto complicado entre os dois, mas não via mais saída a não ser conversar sobre.

-E minha irmã também. Em todo o caso, vocês mal se conhecem.

O tremor na voz do maior deixava um semblante preocupado nos olhos verdes da relação. Ela sabia que era uma relação complicada. Samuel não era bem o que seu pai super-protetor tinha planejado para que a primogênita dele namorasse. Ele era muito mais velho que ela e... Bem... Era apenas isso. Era um pouco de hipocrisia, levando em conta que ele era sete anos mais novo que a própria mulher e mãe das garotas.

Mas a culpa não era dele, era?

A garota suspirou, e fechou brevemente os olhos. Ela precisava daquilo. Ela precisava que seu pai visse o quanto ele era importante para ela. Ele tinha que ser parte daquilo que ela mais amava em sua vida: Sua família. Abriu as orbes novamente ao ouvir a resposta positiva, mesmo que aquela ideia não fosse uma das mais agradáveis para ele.

Assentiu ao ouvir sobre os planos dele quanto à Vee. Ela sim era o problema. Se a garota falasse que não gostava dele... Oh well. Resmungou ao sentir o calor alheio deixando seu próprio corpo, mas permaneceu sentada no chão gélido. O rosto encarou as pedras brancas abaixo de si, e um leve sorriso apareceu em sua face.

Seu peito podia explodir de felicidade.

***

Depois de muitos beijos, portas sendo fechadas na cara do outro e ela o empurrando para fora do banheiro para não precisar dividir aquele chuveiro maravilhoso, A garota estava com uma toalha na cabeça, sentada na cama com um blusa limpa, porém dele. Esperou que ele entrasse no chuveiro e levantou os olhos do celular, para a porta.

Ela também precisava falar com alguém.

Levantou e se moveu em passos sorrateiros para fora do quarto do moreno. Seus olhos percorreram o largo corredor, mas a porta que lhe interessava estava mais perto do que ela esperava. Sua respiração parou, e os passos calmos foram até a maçaneta cor de café. Abriu a porta levemente, sabendo que a mulher precisava de muito descanso nessa sua parte da vida. Porém, mesmo assim, Rory sabia que precisava daquilo. Sentou-se ao lado da senhora que tinha alguns equipamentos ligados a si, alguns ajudavam, e outros monitoravam. Ela ainda lembrava da época que ela dava largos sorrisos ao ver o filho chegar em casa.

-Oi, sogrinha. -O sorriso era fraco em seus lábios. A respiração da outra era compassada, e não parecia muito que fosse mudar aquilo. Mas, de algum jeito, Aurora tinha fé que ela estava ouvindo tudo ali. -Nada demais aconteceu. Seu filho me pediu em namoro. Eu disse sim. -Os olhos não saíam da mulher por um minuto. A mão foi até a da outra, e a levantou para colocar em seu próprio colo, acariciando as costas que não se movia. Manteve o sorriso ali. -Sabe, eu não achei que isso fosse acontecer, Maggie. Realmente não achei.

A garota voltou a olhar para a mão que tinha uma linda aliança dourada. Passou o dedão nas veias levemente saltadas. Ela sentia falta daquela mulher, mesmo com o pouco que conviveu com ela.

-Mas o seu filho... Ele não podia me tratar melhor. E eu estou realmente feliz. Sabe, muitos anos atrás, quando eu te conheci a primeira vez, você me disse que eu deveria seguir meus sonhos, se lembra disso? -O sorriso se alargou, e Rory deu de ombros. -Eu realmente tomei isso para minha vida, e, se não fosse por você, eu não estaria tendo essa conversa contigo hoje. Em todo caso, eu só queria que soubesse disso. Pessoalmente.

A garota beijou a testa da mais velha, afagando os cabelos brancos.

-Nós te amamos, Maggie. Não sofra muito, ok? Estamos aqui por você.

Voltou com o sorriso fraco, e repousou a mão da outra na cama de volta e, sem dar as costas para a outra, saiu do quarto, encostando a porta como se encontrava antes.