[RP Fechada] If you told me to

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Mandy poderia ser confundida facilmente com um furacão. Seus olhos azuis cintilavam como safiras, e os fios castanhos aos ventos devido a pressa de seus passos de certo chamavam a atenção. A universitária não se importava se alguns olhares a acompanhavam enquanto ela caçava um certo alguém na multidão.

Estava em um de seus lugares favoritos no mundo e indo em direção a uma das pessoas que mais amava. Miranda, ou como prefere ser chamada, Mandy, irradiava felicidade e isto era mais perceptível no sorriso largo estampado em sua face. Não era a primeira vez que se encontrava com Charlie naquele lugar, então sabia exatamente onde o encontraria.

A mensagem enviada quase uma hora antes indicava a urgência dela em se encontrar com ele, porém o local marcado insinuava que não era um caso de vida ou morte. Mandy tem quase um dom para o drama.

Revirou os olhos azuis de forma tediosa ao notar os olhares acusadores sobre si, afinal todos sabiam a quem ela procurava. Não entendia simplesmente como poderiam insinuar que haviam sentimentos além entre eles. Claro que algumas coisas sempre se mostravam confusas, como em ocasiões nas quais ele citava sobre outras garotas e isso fazia com que o sangue de Mandy fervesse.

Mas era apenas cuidado com ele, não? Charlie era especial demais e ela não permitiria jamais que uma vadia qualquer quebrasse o coração dele ou o magoasse. Apesar do jeito doce, é capaz de causar grandes danos a qualquer um que causar mal aos que ela ama. Espantou os pensamentos que não a levariam a conclusão alguma e no timing perfeito o encontrou.

Os passos ligeiros cessaram, fazendo-a diminuir drasticamente suas ações. Mandy ajoelhou-se diante dele, sentando-se no tapete fofo que cobria o chão de madeira. Receosa de lhe acordar de supetão, levou um bom tempo para que finalmente deixasse de apenas velar pelo sono dele para então anunciar sua chegada. Parecia um filhote tirando uma soneca e Mandy conteve-se para não apertá-lo com toda a força.

Seus dedos deslizaram pelos fios loiros, tão macios e dignos de um cafuné. Vê-lo naquele estado quase adormecido arrancava sorrisos e mais sorrisos da morena. A vontade era de mordê-lo por inteiro. Poderia contemplar a cena por um bom tempo. — Hey babe, estou aqui. — Num sussurro, o tom calmo e doce de sua voz em nada faziam jus ao sentimento que a preenchia naquele momento.

Ele usava o perfume que ela tanto gostava, assim como ficava lindo demais naquela camisa, os braços fortes… Mandy balançou a cabeça rapidamente, espantando pensamentos que não deveria ter. Charlie parecia realmente cansado e seria um grande pecado despertá-lo. A moça continuou com o cafuné vagaroso por um bom tempo, sorrindo ainda mais ao notar a paz que ele parecia sentir. Agora lhe fazia total sentido o motivo de sentir ciúmes dele, nenhuma garota era digna daquele príncipe encantado tão lindo.

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O jeito sonolento a fazia esquecer qualquer outro assunto, momentaneamente até o motivo de seu encontro havia escapado dos pensamentos da jovem. — Eu acabei de chegar. — Sorriu com certo embaraço ao pensar que ele poderia ter percebido o tempo que a morena havia dedicado em admirá-lo cochilando. — Me desculpe. — Sentia-se mais do que culpada por aquilo, seus exageros quase sempre a colocavam em situações complicadas, mas não conseguia evitar. O problema de fato era quando atingia a quem ela ama, como no caso do ursinho dorminhoco.

— Vamos, eu te levo para casa. — Ainda que parecesse mandona, sua voz era calma e baixa, não queria tirá-lo daquele estado. Levantou-se e estendeu a mão direita, esperando que ele entendesse o recado. — Você precisa descansar, nossa conversa fica para outro momento. — Percebeu que ele não se moveria antes que ela falasse qualquer palavra. Talvez o sono, talvez a teimosia ou bem provavelmente a combinação dos dois fatores.

Se não pode contra… una-se a ele. Reclamou seu lugar ao fazê-lo se erguer unicamente para que ela pudesse se ajeitar ao lado dele, o fazendo deitar-se sobre seu colo. — Cafuné? — Perguntou mesmo que soubesse a resposta, não necessitando dela para iniciar uma nova onda de carícias, sua missão era outra vez induzi-lo ao sono. O canto mais afastado era propício a isto, já que aqui a movimentação de pessoas era quase nula.

— Charlie, você acha que eu causo muitos problemas por aqui? — O questionou de forma aleatória, sabendo que a lentidão com que sua mão acariciava o cabelo dele talvez não lhe desse a resposta esperada. Mas o olhar da moça estava em um ponto distante, imaginando que tudo mudaria dali para a frente. Voltou a encarar a face serena do veterinário mais cobiçado em toda Nashville. Suas bochechas quase imploravam para serem apertadas, mas Mandy mantinha o controle, focada em fazê-lo dormir por alguns minutos antes de o arrastar para casa.

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Um sorriso largo se instaurou em sua face de imediato ao notar que mesmo em quase um estado perfeito de sono, ele ainda se dedicava a prestar atenção no que ela dizia. — Durma, eu cuidarei de você. — Um suspiro escapuliu de seus lábios ao ser contrariada, o que lhe fez cessar os afagos. Não que o fato de não ter sua vontade atendida lhe irritasse, mas ele ter tido a iniciativa de se afastar não era muito de seu agrado.

—  Teimoso! — Murmurou, todavia não negou a mão que era estendida em sua direção, sorrindo ao notar o quão pequena era a sua quando encaixada na dele. Como parte de sua animação, balançou-as no ar enquanto ria, desmanchando-se diante do sorriso do médico.

— Não sei, talvez um café. — Disse distraída ao checar se havia chego alguma notificação em seu telefone durante aquele período de tempo. Por impulso apertou a mão do rapaz com mais intensidade do que deveria, transferindo ao ato um pouco do desconforto que sentia ao notar o olhar da outra sobre Charlie.

Aquilo lhe fervia o sangue de tal maneira, que sequer conseguiu não demonstrar, sendo ríspida em seu tom de voz ao anunciar que não desejava bebida alguma. Acompanhá-lo até a mesa estava sendo um bom tempo, quase resmungando quando ele desfez a união de suas mãos. Parou um segundo, observando a movimentação através da vidraça, instintivamente se remexendo nervosa.

— É que agora os problemas envolvendo meu sobrenome na cidade serão em dobro. — Suspirou ao desviar o foco de seus olhos azuis para os guardanapos perfeitamente alinhados no centro da mesa. Encolheu os ombros, apoiando as mãos sobre a mesa e capturando entre os dedos um pequeno sachê que deveria conter açúcar. O semblante de criança que havia aprontado lhe entregava perfeitamente, atenuando a sensação de culpa que a preenchia.

O pedido feito por ele chegou poucos segundos antes e pôde sentir o olhar da atendente sobre eles, sequer sabia disfarçar o interesse sobre o homem. Aquilo embrulhou o estômago. Em suas divagações ela reencenava uma cena de Mean Girls,  onde poderia com facilidade pular sobre o pescoço da outra, tal como a personagem de Lindsay Lohan. O som da xícara sobre a base de porcelana a acordou de seus devaneios e isso fez com que ela se ajeitasse outra vez sobre a cadeira estofada.

Procurou o olhar dele, sentindo o aconchego que somente ele é capaz de lhe proporcionar. — Estou grávida, Charlie. — O encarou com seriedade, apreensiva em como seria a reação dele diante da notícia. Mas a verdade veio a tona cerca de vinte segundos depois quando ela não suportou. A face preocupada da morena aos poucos foi se tornando mais relaxada, e diante da reação dele, ela não pôde responder de outra forma.

Gargalhou como se estivesse recebendo a melhor sessão de cócegas do mundo. — É brincadeira! — Charlie lhe parecia em choque, talvez sem entender a maldade que ela lhe contara. Colocou sua mão sobre a dele, acariciando a superfície com seu polegar.

— A verdade é que Dahlia está vindo para a cidade. — Nem ela conseguia acreditar naquela notícia. — Minha irmã gêmea, Charls. Ela morava com meu pai, na Califórnia ou em Nova Iorque, não tenho bem certeza. — Deu de ombros, não sabia ainda o que deveria esperar com a chegada de sua cópia perfeita, até porque a única coisa a saber sobre a irmã era a semelhança física e nada mais.

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Miranda tinha mesmo a tal mania de cometer certos exageros em suas ações. Tudo lhe era oito ou oitenta. E este era o motivo de muitas vezes seu nome estar envolto de alguma confusão por onde quer que fosse. O responsável por sua calmaria era justamente ele, Charlie.

Vacilou ao notar a intensidade do olhar, inspirando profundamente após a leve crise de riso, procurando manter o foco para não se perder na imensidão azul que tanto lhe encantava. A morena era muitas vezes comparável a um furacão de categoria cinco, e que causava grandes estragos.

Porém ele era quem lhe mantinha na linha, apesar do comportamento quase infantil e mimado que em momentos a dominavam. Justamente por isso ela acabava a extrapolar os limites. Recebeu além da reação esperada, lhe fazendo gargalhar com ainda mais vigor ao notar o efeito causado por suas palavras.

— Charlie, Charlie! — O repreendeu ao notar o descuido que resultou em quase um banho de café no rapaz. — Não fique assim, foi só uma brincadeira. — Ela acariciava a face do rapaz, levemente corada pelo calor do café. Reprimindo as vontades absurdas que lhe inundavam a mente e que não deveriam jamais existir. Deveriam?

Reparou então no desagrado dele por tudo que parecia estar acontecendo, de imediato se arrependendo de seu comportamento volátil. Passou ambas as mãos pelo rosto dele, segurando-o com firmeza e apertando ambas as bochechas, fazendo-o imitar um peixinho. — Eu poderia te morder nesse momento! — O pensamento canibal era devido a extrema fofura que ele representava naquele instante.

— Estou apenas apreensiva do que pode acontecer, há anos não a vejo. Ainda bem que tenho você. — Acariciou de leve o dorso da mão dele, como um pequeno pedido de desculpas pelo acontecido. O aborrecimento do veterinário não era algo que ela poderia prever ou esperar, mas não poderia negar que sentia haver algo mais naquele comportamento.

Como ele mesmo havia mencionado, o melhor talvez fosse continuar a conversa num ambiente mais calmo. — Vou cuidar de você e garantir que durma um pouco. — O abraçou, garantindo a quem quisesse parar e observar o casal, de que pertenciam um ao outro.

É claro que somente lhe restava admitir isso. O corpo junto ao dele e os braços entrelaçados ao redor da cintura do veterinário lhe davam o conforto necessário. Miranda desejava não solta-lo tão cedo. — Como foi seu dia? Parece tão cansado.

Ela só queria se certificar que ele ganharia todos os cafunés aos quais tinha direito, era quase um vício bom velar o sono de Charlie. — Se quiser posso até te dar um banho, o que acha? — As segundas intenções representadas pela frase passaram despercebidas a ela no momento em que proferiu tais palavras, querendo apenas deixar claro que teria o restante da tarde livre de aulas na universidade, podendo assim aproveitar a companhia dele.

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Somente Charlie conseguia fazer Mandy sorrir daquela maneira, tão descontraída sem ter que aparentar ser a senhorita Westbrook – tão perfeita. O vislumbre da imagem que se formou em sua mente por decorrência das palavras dele a fizeram corar violentamente, ao ponto em que ela escondeu o rosto com a mão livre, deixando que um riso nervoso se fizesse presente nos lábios vermelhos.

Segurou o lábio inferior entre os dentes por um momento, fazendo pressão o suficiente para que logo sentisse o gosto de sangue, negando com a cabeça que poderia ter tido tal capacidade de pensar indecências a respeito de Charlie. Mas algo a fazia querer ir além, descobrir se ele iria até as últimas consequências, colocando à prova as palavras ditas em um tom de provocação.

Mandy o encarou sem a capacidade de proferir palavra alguma, fosse de repreensão ou qualquer outra intenção. Parou bruscamente, soltando-se dele enquanto o observava permanecer tão sereno diante da tempestade que o esperava. Ela não esperou para sorrir a ele em agradecimento pelo gesto tão gentil. Não podia negar que uma parte de seu coração se aquecia diante do cavalheirismo do veterinário, mas no momento havia um furacão se formando diante deles.

A expressão no rosto da garota não poderia ser outro além da descrença ao notar que ele se acomodava ao seu lado no banco do motorista, tão tranquilo como somente ele poderia ser. ― Não me diga que esqueceu do aniversário de Vee? ― Miranda encontrava-se de braços cruzados, ato que  havia realizado após encaixar o cinto de segurança, e a face divinamente desenhada por anjos não demonstrava toda a leveza que era de se esperar.

Imaginou que aquele assunto teria sido o último a passar na mente dele naquele dia em questão, ainda mais após os relatos que ele havia feito sobre como trabalhara de forma intensa. Bastou um suspiro e encarar os olhos azuis dele para que o sentimento se dissipasse, trazendo de volta o sorriso que somente ele era digno de receber. Será que Vênus ou Aurora a perdoariam pela falta?

― Se quiser podemos trocar a festa por uma noite de pizza e Netflix, o que acha? ― Com certeza era a sua preferência em resposta, mesmo que isso lhe custasse a vida depois. Todo o tempo que havia gasto na ajuda do planejamento do aniversário não seriam em vão afinal. Talvez Vee sequer notasse sua falta. ― Aposto que Dino irá preferir isso também. ― Apelar utilizando de argumento o ser mais fofo do mundo era algo que quase sempre se fazia presente na conversa dos dois. ― E ainda te faço mais cafuné. ― O observou apenas para ter a certeza de que havia ganho dessa vez.