[RP FECHADA] So you think you can tell?

Tudo que via eram flashes de imagens embaralhadas em sua mente. O cheiro que impregnava em suas narinas ainda estavam intactas em seu subconsciente, já o tinha sentido antes, no elevador. Abruptamente erguera o corpo para frente, não tendo muito sucesso ao voltar a cair de encontro ao estofado macio. Colocou a mão direita sobre a cabeça acariciando-a para tentar afastar a dor que sentia, parecia que tinha levado um soco forte na face.

Será que ela tinha caído no chão?

— Hijo de puta! — praguejou contra o novato, era bem a cara dele ser um completo babaca.

— Pandora? — finalmente abriu as pálpebras vendo o rosto de Richard, seus olhos esmeraldinos a analisavam com o cenho franzido sem entender se o xingamento era pra ele ou se não passava de um delírio, suas mãos seguravam seus ombros sustentando-a para não cair.

— Olha, se eu fiz algo de errado, me perdoa, mas quem não retornou a ligação foi você.


— Ein? — colocou ambas as mãos sobre os braços do médico afastando-o com delicadeza que, por incrível que pareça, ela estava tendo. Ele voltaria a repetir a frase, porém a morena não tinha paciência, só queria a porra de uma rosquinha, café expresso e encontrar aquele xereta. Colocou o dedo indicador rente aos lábios do loiro, fazendo-o desistir do que pretendia dizer — Onde está Michael Ackerman? — as pernas novamente começaram a obedecer seus comandos, sentando-se e girando o corpo pronta para se levantar.

— É melhor descansar mais um pouco, o soro ainda não acabou e…

— Essa merda de soro não vai resolver nada, eu só preciso de rosquinhas é pedir muito? — Retirou a agulha da veia puxando o equipo. De sua pele era possível ver gotas de sangue saindo pelo orifício. Fitou mal humorada para o doutor que lhe ofereceu o algodão junto do band aid. — Já que não pretende ficar, posso lhe dar um atestado e te levar em casa. — Ele era tão perfeito, mesmo possuindo toda essa áurea de ser sempre cuidadoso. Por que tinha que se interessar sempre por aqueles que são impossíveis?

— Richard, não vou pra casa e muito menos descansar.

Dito isso, levantou-se  pegando o sobretudo preto e então fora de encontro a saída da enfermaria.


Sua aparência tinha quase melhorado, pôde ter certeza ao fixar as orbes contra seu reflexo no banheiro, jogando um pouco da água corrente contra a face. Suspirou, arrumando o cabelo para não parecer uma louca despenteada perdida por ai a procura de carne humana para devorar. Achou melhor prendê-lo em um rabo de cavalo alto, alguns fios caíam ao lado de seu rosto.

Quase pronta.

Rompeu do banheiro para a lanchonete pedindo algumas rosquinhas para viagem e dois cafés expressos grande. Se queria mesmo que tudo se resolvesse era melhor estar ao seu lado e acompanhar cada passo da investigação de perto, para isso deveria ajudá-lo a desvendar o seu crime. Parecia uma péssima ideia, mas no momento não estava com a mente boa para conseguir uma performance melhor.

Agradeceu a atendente, segurando com a mão direita o suporte das bebidas e do outro a caixa de donuts. Não foi difícil achá-lo entre as mesas distribuídas com o notebook sobre a mesa e o olhar para uma ruiva… Como assim?

Desgraçado, a deixara na enfermaria, foi um completo estúpido para depois ficar se engraçando com a primeira sirigaita que aparecia! Ah, não ficaria assim, não mesmo.

Primeiro se aproximou atrás dele, esperando que terminasse com a gracinha enquanto a ruiva notava a presença da latina e, posteriormente, assim que depositou os copos sobre a mesa tocou com delicadeza o ombro de seu novo colega — Aqui está você, Michael! Albert tentou ligar pra você e não conseguiu. Ele pediu para avisar que esqueceu sua cueca na casa dele. — As íris divertidas focaram na ruiva que murchou o sorriso, se levantando da cadeira e se afastando.

A risada rouca escapara da boca, ocupando o assento da oferecida, finalmente pegando o primeiro donuts e dando uma mordiscada saboreando como se fosse a sua última refeição. — Nossa, isso é maravilhoso, pega. — proferiu assim que engoliu o doce — Ah, e sobre o que acabou de acontecer, acredite, eu te salvei mesmo você não querendo ser salvo. — levou a cadeira ao seu lado, inclinando o corpo perto dele, mas somente para conseguir enxergar o que estava escrito na tela. Como esperado, procurando a primeira testemunha no caso, nada melhor que começar pela pessoa que encontrou o corpo. — Se tivesse pelo menos me esperado na enfermaria saberia que o nome do cachorro é Mister Focinho e seu dono o Diogo nojento. — Voltou a posição inicial pegando a chave do casaco e estendendo para ele com a ponta dos dedos — Você dirige.

Pegou o seu café, deixando-o apenas o dele para trás enquanto a caixa de rosquinhas estava sobre sua proteção. Esperava muito respirar um ar fresco e tentar de alguma forma observá-lo mais sem que ficasse tão nua como tinha ocorrido antes de desmaiar.

Acenou para alguns colegas que encontrara no caminho, atravessando a porta que dava acesso ao lado de fora da delegacia. O lado bom que não reencontraria os namorados e muito menos Richard reclamando de uma ligação que não viera a mais ou menos um mês.

Parou rente a porta, levando o copo térmico de encontro aos lábios que sorveram com cuidado o café quente para o interior de sua boca. Como amava café, aquilo a tranquilizava em qualquer momento de tensão assim como uma boa cerveja que, aliás, tomaria assim que chegasse em seu apartamento. — Bom, serei sua assistente por hora, então vamos tentar pelo menos não tentar repetir o que fizemos em minha sala — um policial que estava caminhando próximo ao carro os fitou de forma torta, tinha uma mente muito pervertida, isso sim — Eh, você entendeu. — riu sem graça.

Adentrou o carro colocando o cinto de segurança — não podia confiar muito bem da conduta daquele desconhecido — e, por fim, colocou as coordenadas da casa de Diogo, próximo ao banco Synovus. — Antes de qualquer coisa, saiba que Diogo não dirá nada a menos que diga que sabe do que ele fez dentro de uma range rover vermelha no verão passado. — balançou a cabeça ao se recordar do que ocorrera naquele utilitário.

Por incrível que pareça, sentia um pouco mais disposta e relaxada. Talvez o fato de estar naquele local em específico sendo monitorada até quando fosse para o banheiro deixava-a mais tensionada, embora Michael conseguisse fazer aquilo em qualquer lugar. Dessa vez não permitiria que vencesse, não mais.