[RP FECHADA] That's how all this got started.

A gota de suor descia lentamente da têmpora até o queixo da morena que caíra diretamente entre as folhas que jaziam no solo. Mal dava para ver a verdadeira cor da bota de couro de tão suja de lama que estava, mas isso não se comparava a blusa manchada com a cor carmesim.

Parecia cena de filme... só parecia. A diferença era que tudo aquilo era real, infelizmente.

A mexicana ficara em silencio o tempo todo escutando o desespero de Natasha e os palavrões de Louise da estrada até a suposta cova. Procurava raciocinar sem surtar, pois esta função já estava nas mãos da Dragomir. O que restava era a calma, este fora um dos seus pontos fortes e que as vezes irritava muita gente.

— Não adianta se martirizar, está feito Nat. — depositou o tapete no chão que escondia o corpo sem vida. Não importava o que tinha acontecido antes daquele episódio e sim esconder todas as provas possíveis para ninguém fosse incriminado. Talvez as horas que gastara lendo sobre serial killer e assistindo o canal ID ajudaria naquele momento.

Aguardou Louise pegar a pá na caminhonete para começar a escavação, provavelmente demorariam a madrugada toda para ter uma cova suficientemente funda e que não chamasse atenção pelo cheiro ou por animais que pudessem descobrir. Precisariam de um álibi forte caso os policiais dessem conta do desaparecimento e o principal: se livrar da arma do crime.

Pegou a pá que lhe foi oferecida, afundando-a sobre a terra fofa — O que você usou para matá-lo? — Questionou com a face tranquila, mesmo que por dentro estivesse explodindo. Não demonstraria seu desespero, elas precisavam de alguém forte e precisavam manter o controle. — Eu assisti em um episódio de How Get Away With Murder que devemos colocar o objeto do crime bem na cara, assim ninguém vai suspeitar — comentou tentando achar uma solução para tudo aquilo, mesmo vindo se um série fictícia.

O universo era deveras estranho colocando três pessoas completamente diferentes para compartilhar a culpa da morte de um individuo. Se aquilo não se chama amizade, então o mundo estaria totalmente desestabilizado.

Seus tímpanos captaram um barulho vindo do céu e, assim que ergueu o rosto iluminado pela lua pode sentir uma gota pousar sobre sua testa em seguida de várias outras. Só podia ser sacanagem!

— Acho que queimar o corpo acabou de sair da lista.

Pegou a garrafa que lhe foi oferecida, levando-a aos lábios secos, sorvendo o resto do conteúdo para o interior de sua garganta, descendo quente, fazendo-a relaxar os músculos tensionados. Pouco se importou com a chuva que caía e percorria por cada canto do seu corpo assim como fazendo com que a blusa grudasse em sua pele. O sangue misturado com água repousava no solo de terra, purificando-a do pecado que acabara de cometer e participar.

No final das contas Pandora não era tão diferente de sua família.

Por mais que fugisse tais situações sempre a encontravam. E, daquela vez, não pôde se desviar do caminho, a raiva e ódio partilhada com os estímulos de suas amigas apenas ajudou naquele momento. Pandora achava que planejar um assassinato com Louise e Natasha era apenas um passa tempo para que pelo menos, na imaginação, se sentissem vingadas. Isso, claro, até receber a ligação de Louise pegando-a de surpresa completamente.

Quando deu por si, estava com as duas carregando o corpo na caminhonete para desová-lo, seu estado era semelhante à de um mendigo esfaqueado no abdômen, pelo menos, parecia por fora. O sangue em sua blusa não lhe pertencia. Assim como a vida que fora ceifada, uma vida inocente.

Era tarde demais para arrependimentos.

Estava feito.

Colocou a garrafa no chão para terminar a escavação agora com o auxílio de Natasha que tinha se recuperado do choque. Para a latina, aquela reação era totalmente compreensível: ser acostumada com uma vida feliz, ter tudo planejado e então, simplesmente do nado vem a perda de uma tão importante como James fora para cada uma das três em sua maneira, obviamente que somente o luto não curaria seu coração partido, mas a vingança, ela sim, ajudaria a pelo menos ter a sensação de dever cumprido.

Parou de cavar notando que já estava fundo o suficiente. Se aproximou de Louise ficando no enquanto Natasha largava a pá para ir na ponta opostas. A morena assentiu fitando as duas para abrir o tapete, puxando o tecido para trás enquanto o corpo mole e feminino caía de encontro a sua cova.

— Vamos, definitivamente, enterrar isso de uma vez por todas.

Pegou o cabo da pá voltando ao seu trabalho, pegando a terra fofa e jogando contra o buraco, tampando pouco a pouco o rosto pálido da menina. Não conseguiu olhá-la no rosto, aquilo apenas a enfraqueceria psicologicamente, não podia ser fraca depois que Dragomir recuperou as forças, precisava terminar.

Não sabia exatamente quanto tempo ficaram cavando, talvez horas para que finalmente tivesse tampado. Aproveitaram para colocar galhos e folhas para tampar a terra remexida. Mesmo aquele lugar não ser constantemente frequentado ainda existia uma pequena possibilidade. Tomou a garrafa em mãos, jogando-a atrás da caminhonete junto das pás enquanto as duas levavam o tapete ensanguentado no mesmo lugar que repousara os outros objetos.

A chuva continuava, ficando ainda mais forte, como se chorasse pela morte da garota. A própria natureza repudiava semelhante ação. E, a mexicana, se repudiava por tudo. Adentraram o veículo, Pandora colocando a chave na ignição para partirem rumo aos álibis. Se martirizou internamente enquanto pisava no acelerador que, provavelmente, precisaria da ajuda de alguém da máfia para executar a limpeza necessária. Ela não era tola, seriados policiais não se comparavam com a perfeição que aqueles caras se livraram de um corpo sem que a as autoridades locais dessem conta.

E o que ela faria com o tapete?

Pandora se ofereceu para o trabalho, iria lavá-lo apropriadamente e vendê-lo no e-bay para algum país tão distante do seu continente que ninguém conseguiria alcançá-lo. O resto ela deixava para as garotas esperando que ambas tivessem uma ótima habilidade em atuação.