Sua segurança particular não estava satisfeita com a deixa da madame de suas vistas. Toda a equipe entrava num lapso de acontecimentos dos quais haviam sido treinados para fazer; Mas a srta. Zadaward havia sido muito clara: Sem interrupções. Sabiam o quanto ela prezava pela ordenha do seu rebanho de homens engravatados prontos para assegurarem sua integridade, mas quando era o primeiro obstáculo, as coisas ficavam sempre um pouco mais difíceis. O que servia de tranquilizante era o fato de conhecerem as arestas da mulher com quem ela andava lado-a-lado. Natasha Dragomir não era uma víbora assassina, muito menos alguém tão descuidado a ponto de armar um cerco no meio de um festival sediado por ela mesma. Todos os olhares da segurança estavam apontados naquela direção, as respirações densas e as imaginações fervendo com a possibilidade - e curiosidade - do que duas mulheres que exalavam uma tensão sexual altíssima fariam juntas, longe dos olhares sedentos por qualquer indício do que iria acontecer.

Nem a própria Samantha sabia bem o que fariam no destino final. Estava ciente de suas vontades e em como havia deixado Natasha, mas o próprio estado de sanidade não estava tão ao seu alcance. Era provável que agisse como a sensata inglesa que sempre fora, mas também cederia algum espaço para a fera indomável que lhe apertava os parafusos. Não era fácil lidar com um passado como a russa, ainda mais quando se via que ela também estava se perdendo entre um momento ou outro.

O silêncio perpetuava entre elas, sem a necessidade de que algo fosse dito para suprir a falta de pensamentos. Estava emudecida por completo. Boca, cérebro, ações.... Nada funcionava naquele instante. Era uma mania que tinha para iniciar a junção de todas as suas forças para se concentrar naquilo que queria. Acreditava que o fato de estar livre de qualquer pensamento lhe clareava a visão, e podia enxergar tudo de forma mais apurada. Como por exemplo, naquele momento percebia a queda da iluminação, que aos poucos ia ficando menos clara e mais focalizada. É claro, controlava o impulso de empurrar a russa em qualquer porta ou parede, para enxergá-la mais de perto, mas preferia ser paciente e aguardar pela próxima jogada. De forma alguma acreditaria que o olhar derrotado no qual ela deixara demonstrar duraria por muito tempo. Natasha não era uma mulher de derrotas.

Enquanto ainda permaneciam na caminhada para o duto de privacidade, Sam cortou sua linha de concentração para dar voz a uma dúvida mental. Naquela noite, perder significava tê-la por uma vez mais? Se a resposta da russa fosse um contra-ataque para suas investidas.... Um mínimo sorriso discreto repuxava o canto esquerdo dos lábios da inglesa. Pela primeira vez, se seus pensamentos fizessem sentido dentro daquela permuta de coerência, não se importaria em perder um jogo. Afinal, era do tipo de mulher que pensava que não valia a pena lutar contra uma guerra onde já sabia que no final seria vencedora.