[RP FECHADA] Hello, my sweet child.

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No momento em que a dormência nos pés começou a ser um problema na caminhada de Hassan, este tomou a sucinta e sensata decisão de sentar-se na margem da trilha íngreme que percorria, sobre um considerável tronco caído. A madeira morta já estava sendo lentamente coberta de líquens verde-cinzelado e pequenos cogumelos orelha-de-pau alaranjados, formando escadas em tamanho miniatura –– “de fada”, como lhe dizia sua mãe quando pequeno –– nas laterais daquilo que, um dia, fora uma árvore. Pensou se alguém estivera por perto para ouvi-la vir ao chão.

Constatando a realidade, a tombada do frondoso caule que lhe servia de banco era o de menos. Em sua jornada pelos entremeios da floresta, encontrara-se muitas vezes passando pelo coração de clareiras abertas à força, as copas desfolhadas e destruídas pelo homem fazia o rapaz cerrar seu olhar com desaprovação. Hassan tinha um diminuto conhecimento sobre essa catástrofe em específico, mas sabia –– pelas histórias que corriam à boca pequena –– que seus agentes, ou melhor, sua espécie,  voltariam quando à vida retornasse novamente neste lugar.

Uma brisa incidental soprou, fazendo farfalhar as folhas e produzindo assovios em um juncal mais para o lado. “Nada de novo no front”, fez-lhe pensar. Hassan  estava praticando um de seus Hobbies favoritos, uma caçada. Ele retirava um pequeno besouro preto e lustroso que subira nas costas de sua mão e produzia cócegas ao movimentar os pares de pernas em sua pele, segurando-o entre o indicador e o polegar, inclinando-se para recoloca-lo em segurança na grama.

Foi quando o vento soprou com uma intensidade anormal, aumentando o rumorejo dos esgalhos, fazendo com que o homem se levantasse. Ele poderia ver seu alvo tão indefeso, que um sorriso sacana surgia em seus lábios. Hassan era quem caçava e aquilo trazia uma sensação luxuriosa em seu interior, antes que sua cabecinha tomasse para si uma explicação plausível, como uma intempérie por vir, o canto esquerdo do seu bolso vibrava com sons estratosféricos, ecoando na pelo ar, fazendo sua vítima " que possuía uma ótima audição" corresse desesperadamente.

Hassan entreabriu a boca, como se estivesse prestes a gritar, contudo, só o que saiu foi um xingamento de espanto, enquanto redirecionava os olhos na direção do bolso, pegando seu celular.

- Espero que você tenha um bom motivo fazer essa ligação. - Sua voz ríspida e gélida, era sentida nos ouvidos de Naomi, uma de suas secretárias.

- Desculpe senhor, mas é importante. Recebemos uma ligação de uma empresa conhecida como Thefox, eles necessitam de nossos serviços!  

Naomi sabia que deveria falar com cautela. Hassan não era um líder que gostava de informalidades, principalmente de seus funcionários. Ele odiava que muitos até mesmo conversassem entre si.

- Irei analisar Naomi.

Hassan não deu nem sequer dois passos, disposto a ir atrás da sua presa, quando percebeu que voltava à estaca zero, seu rosto esculpia a expressão mais estúpida da face da terra, realinhou a compostura, levando a mão direita para coçar a nuca.

-TheFox? - Suspirou, parecendo momentaneamente desnorteado, desviando os olhos para baixo, encarando uma porção de folhas secas que recobria o chão da floresta.  O moreno caminhava em direção a trilha que deixara para não ser mais um desafortunado e perder-se em meio aquela vastidão florestal.

Os dedos de Hassan arrancavam notas do violão, trazendo consigo algo triste, parte de seu passado envolvia todo o ambiente. Um sorriso tênue podia ser visto em seus lábios claros, o tom da música se intensificava. - Continue Naomi.

Dizia, intensificando ainda mais o sorriso, agora seu canino branco aparecia enquanto seus olhos lambiam o belo corpo da secretária, que dizia tudo sobre a empresa interessada. Foram necessários apenas alguns minutos e Hassan ouvia com clareza todas as informações que a mesma conseguiu obter.

- Estou indo pessoalmente verificar esse trabalho, Naomi.   -A mulher por algum momento gesticulava com sinal de reprovação, mas no fundo, ela sabia quem dava a palavra final. Hassan poderia enviar inúmeras pessoas em seu lugar, mas algo naquele dia estava prestes acontecer, no fundo ele sentia algo diferente.

Os ponteiros do relógio se aproximavam cada vez mais do horário marcado, sendo um homem que prezava pontualidade, rapidamente vestia um de seus Blazer preto e caminhava em direção ao encontro marcado.

Chegando no lugarejo, Hassan esperava seu futuro cliente, com um sorriso no rosto ele exalava um odor adocicado, confiante que fecharia naquele dia um ótimo negócio.

...

Hassan mergulhava sua mão no bolso da calça tirando um relógio de bolso que carregava sempre consigo. Um relógio estranho, objeto que sua falecida mãe lhe presenteou, no entanto o metal enegrecido da tampa jazia amassada por sua falta de zelo.

O moreno segurava o objeto como se o tempo ao seu redor congelasse, lembranças de um passado nada agradável turbilhoava seus pensamentos, cada minuto que passava o mesmo sentia-se muito impaciente até o minuto que uma voz chamava sua atenção.

- Senhor, venha comigo, por favor.

Seguindo as ordens da mulher, Hassan estranhamente estava com seu humor aflorado. Poderia-se dizer que muitas nuances de sua face eram mostradas a cada segundo ou minuto. A cada passo que dava ele tentava procurar algo que nem mesmo saberia explicar, criando uma chama em seu interior, que não iria apaziguar facilmente.

- Obrigado.

Hassan falava educadamente, abrindo a porta do recinto. Um sorriso largo já formava-se em seus lábios quando girava a maçaneta da porta. Seus olhos azuis encaravam a bela mulher sentada . De algum modo, a chama em seu interior aumentava cada segundo, como se fosse explodir a qualquer momento.

- Hassan Sabbah.

Apresentava-se, sentando ao mesmo tempo. Seus modos aos olhos da mulher poderia ser rude, mas era o jeito de Hassan tratar os negócios.

- Está interessada nos serviços da minha empresa, vamos conversar melhor.  

O sorriso era resplandecente e poderia ser muito encantador. Seus olhos azuis era como um abismo sem fim, demonstrando que estaria disposto à fazer uma proposta interessante. Uma certa desconfiança aflorava em seu interior também, de alguma forma ele já tinha visto aquela mulher.