[RP Fechada] Sweet Home Alabama

Os pés de Melanie batiam rapidamente contra o chão conforme ela pulava do táxi e corria em direção a porta da casa. Pegou em seu bolso o molho de chaves e girou-as na fechadura, rezando para todos os deuses que Duncan estivesse em casa naquele momento. Algo incrível havia acontecido e ela tinha que contar tudo para seu único e melhor amigo em todo mundo. Ele precisava partilhar da alegria dela!

Duncan era muito ocupado e passava grande parte do tempo na empresa da sua família, mas Melanie se sentia com sorte naquele dia. Quando pulou para dentro da construção, fechou a porta com o pé e olhou em volta, tentando encontrar qualquer sinal de movimentação. Quando isso não aconteceu, ela colocou as mãos em torno dos lábios em formato de megafone e com todo o ar dos seus pulmões gritou:

-DUNKEY, VOCÊ ESTÁ EM CASAAAAAAAAAAAAAAAA!

A menina abriu um sorriso largo quando os passos alarmados do mais velho desceram as escadas e, como de costume, ela correu rapidamente em sua direção, o apertando em um forte abraço. Ela adorava sentir os batimentos fortes do coração do menino contra o seu peito, então ela costumava assustá-lo com frequência. Antes que ele pudesse lhe dar uma bronca como ela já imaginava que aconteceria, a menina depositou um beijo em seu rosto, abrindo um extenso sorriso de orelha a orelha.


-Você é muito assustado! Até parece que pensa estar sendo perseguido pela máfia ou algo do tipo! -Ela deu risada com a ideia ridícula, revirando os olhos e batendo com a ponta do dedo na própria testa. Olhou para o garoto com brilho de excitação e então pulou nos próprios calcanhares, acompanhando seus movimentos com palmas. -Você não vai acreditar no que aconteceu comigo hoje!!

Expressou toda a sua alegria, pegando na mão do garoto e puxando-o consigo até a sala de televisão. A morena se sentou sobre as pernas no sofá e então sorriu abertamente para o menino ao seu lado. Começou a bater nas coxas, imitando o som de tambores.


-Eu estava no parque quando eu vi um rapaz que cantava uma música no violão por uns trocados. Ele era gigante, parecia uma montanha, você tinha que ver! Ele parecia um bárbaro ou algo do tipo. Eu até perguntei se eu poderia escalá-lo, mas ele disse que não. -A garota deu de ombros, como se aquela não fosse a parte importante. Ela estava claramente eufórica.
-Enfim! Eu peguei o violão dele e comecei a cantar uma música boba que criei quando estava no Saint. Anne. e ele estava até que gostando. Nisso, um homem que passava pelo parque nos abordou e me entregou o cartão dele, dizendo que eu tinha uma voz bonita, que ele tinha gostado da minha música e que era um produtor. Eu claramente duvidei, mas o cartão dele era tão bonito que tinha que ser real! Aí ele perguntou se eu não queria acompanhá-lo até o escritório dele ou ligar para marcar um horário.

Tomou uma pausa para respirar em sua história. O sorriso em seu rosto parecia impossível de ser desfeito.

-Enfim, eu fui. Aí chegando no prédio nós entramos em um escritório bem bonito, cheio de discos nas paredes, e começamos a conversar. Ele marcou uma reunião comigo para daqui quatro dias e eu realmente acredito que é possível assinar um contrato para começar uma carreira musical. Olha que coisa incrível! Eu tenho tantas ideias! Tenho várias músicas que já compus e talvez até já possa lançar um álbum. Dá para imaginar?!

A menina deu pequenos pulinhos sobre seus joelhos, puxando o garoto e lhe dando um abraço novamente. Seus olhos estavam inundados com brilhos de esperança e ela realmente parecia convencida das palavras que havia acabado de contar ao mais velho. Melanie nunca havia pensado em qualquer tipo de carreira, mas agora que aquela oportunidade havia lhe atingido, ela acreditava que poderia dar certo.

-Eu quero comemorar. Nada de ir dormir cedo hoje, Dunkey! Vamos assistir filmes! De terror! Eu faço a pipoca e os bolinhos!!

Duncan parecia dificilmente seguir o que acontecia no momento, mas Melanie estava animada demais para notar. Os olhos do garoto aos poucos se fechavam e ele mal tinha forças para dar broncas na morena como de costume. Os olhos castanhos de Melanie observaram o garoto de cabelos claros conforme sua cabeça parecia pesar e, antes que ela sequer pudesse terminar de expressar seus planos, ele desmaiou.

-Eita. -A garota olhou um tanto confusa, cutucando o rosto do rapaz com o dedo indicador. Um sorriso se abriu em seu rosto ao observar a expressão tão serena no rosto de Dunkey conforme ele se apoiava em seu colo. -Tão fofinho...!

Ela exclamou com um sorriso, se perguntando o que deveria fazer. Melanie arrastou o corpo cuidadosamente colocando uma almofada para suportar o rosto do menino e então se colocou de pé, correndo escadas acima até seu quarto. A morena se despiu das roupas que usava durante o dia e vestiu uma camisola velha, soltando seus cabelos conforme eles escorregavam pesados por suas costas.

A menina encheu as mãos com cobertas, travesseiros e tantos bichos de pelúcia até que se tornasse impossível carregar aquela quantidade de objetos, e desceu as escadas, jogando tudo sobre o sofá. Curvou as costas conforme puxava a base do sofá que se esticava o suficiente para ficar quase como uma cama. Com as mãos cuidadosas, empurrou o corpo de Duncan, o endireitando, e então jogou o cobertor sobre seu tronco nu, colocando alguns bichos de pelúcia ao seu lado caso quisesse abraça-los.

A menina caminhou até a cozinha e pousou o dedo indicador nos lábios, olhando em volta de forma pensativa.

-Hm... Cupcakes!

Um sorriso se formou em seu rosto conforme ela pegava todos os ingredientes do armário, armando um circo na cozinha. Era hora do show!


-Bom dia, bela adormecida! -A menina sorriu quando os olhos de Duncan finalmente se abriram em confusão. Ela havia deixado ele dormir porque ele a lembrava de um ursinho de pelúcia e ela gostava de vê-lo com aquela expressão.Ele não havia ficado muito tempo inconsciente de qualquer forma. Talvez duas ou três horas. -Acho que alguém andou pulando algumas noites de soninho!

Melanie tinha um sorriso no rosto conforme Duncan parecia tentar entender o que estava acontecendo. Os dois estavam deitados sobre o sofá - esticado em forma de cama - repletos de cobertores cor de rosa e ursos de pelúcia espalhados pela superfície. Sobre o colo da menina estava pousado um pote com pipocas cor de rosa que ela comia arduamente.

Sobre a mesa de centro era possível encontrar cupcakes cor de rosa e roxos, contrastando o vermelho escarlate do sangue que banhava o filme de terror exibido na grande televisão. A garota ergueu um copo cor de rosa com um unicórnio estampado, assim como os óculos de Duncan na outra mão.

-Você apagou, então achei melhor deixar você dormir um pouquinho. Você está trabalhando muito, Dunkey, precisa de férias. -Falou decidida, balançando o copo em sua mão. -Pegue. É café.

Ela observou o rapaz cuidadosamente conforme ele parecia se ajustar ao novo cenário.

-Amanhã você não vai trabalhar. Me dei a liberdade de ligar para o seu trabalho e avisar! Eu e você vamos passear juntos. Eu pensei no parque de diversões! -Ela sorriu animada, comendo mais um punhado de pipoca rosa. -Ah, e a empregada vem amanhã? Porque eu sem querer derrubei farinha no chão da cozinha e ela está... Um pouco bagunçada. -Sorriu inocentemente, tocando a ponta do nariz do rapaz com o dedo indicador. -E eu sei como você é maníaco com limpeza.

O sorriso no rosto de Melanie foi diminuindo na medida em que Duncan falava. O rapaz estava lindo com uma expressão recente de desperto, mas isso não chamava mais a atenção da garota. Suas palavras entravam por seus ouvidos e como pequenas facadas, a menina sentia seu peito doer. Era simples fazer uma lista com o número de itens na fala de Duncan que conseguiram tirar Melanie do sério.

"Mel, não é simples assim. Eu não posso ficar tirando folgas só por sua causa. E se algum dia eu ficar doente e realmente tiver que faltar?" A frase ecoava vezes consecutivas na mente da menina, cada vez soando mais dolorosa do que a anterior. Ela havia largado tudo para encontrar Duncan. Havia deixado seu país para trás - não que ele importasse algo para ela - e havia ido morar com o rapaz, cozinhado para ele, feito de tudo para agradá-lo, mesmo que não conseguisse. Ela tentava. E muito. Para ouvir que ele não podia perder algumas horas do seu precioso trabalho para passar com ela. Logo ela que não era tão importante assim.

Um peso no peito da menina e então ela não estava mais na sala de estar da casa de Dunkey. Não. Ela conhecia aquela paisagem, era muito maior, muito mais familiar do que o ambiente onde morava pelos últimos dias. O sofá de marca, as tintas caras, a mobília calculosamente posicionada. Melanie estava em casa. E pela proporção das coisas a sua volta, ainda tinha seis anos de idade.

Seu pai falava no telefone e tinha uma maleta nas mãos. Olhando de perto, a sua semelhança com Duncan era assombrosa. Ele fazia um sinal de espere para ela, conforme Melanie se sentava sobre os seus pés, pedindo por atenção. Ele desligou o telefone, e então se virou em sua direção. Um sorriso estava estampado no rosto da garotinha, feliz em encontrar seu pai.

-Papai, olá! Eu estive te esperando para mostrar! Olhe! Eu fiz! Somos eu, você, a mamãe e o Jona...

A frase da menina foi interrompida conforme tentava mostrar ao seu pai sua mais nova obra de arte. Ela havia passado as últimas horas trabalhando nela e na sua parte inferior era possível encontrar as palavras: "com amor, para papai". O homem balançou a cabeça em negação, olhando para seu telefone e voltou a coloca-lo sobre a orelha.

-Agora não, Melanie. Papai está ocupado.

E então ele saiu. Uma clássica cena de mais um dia comum. Melanie piscou algumas vezes e logo estava na sala de estar da casa de Duncan de novo. Seus olhos estavam cheios de água, ela não conseguia ver, mas pela ardência, ela tinha certeza daquilo. Seus olhos estavam fixos em Duncan, mas com a visão embaçada, ela apenas jogou o pote de pipoca de cima do seu colo, que impotente caiu sobre o chão, liberando todos os grãos.

A menina se colocou de pé e arrumou sua camisola, assentindo e dando as costas para o menino logo em seguida.

-Eu não acredito que você virou ele.

E com essas últimas palavras, ela apenas disparou escadas acima em direção ao seu quarto. Seu peito queimava de ódio e ela sentia raiva, muita raiva. Melanie trancou a porta atrás de si e deixou as lágrimas caírem por seu rosto conforme logo seus soluços as acompanhavam. Trancando a porta e em passos firmes, a menina caminhou até a sua cama, colocando o travesseiro sobre o seu rosto e soltando um altíssimo grito agudo, agora abafado pelo tecido.

Seu corpo estava quente, ela chorava como uma criança e - depois de muitos anos - ela experimentou daquele terrível sentimento de rejeição com o qual estava acostumada. E mais uma vez ela teve que simplesmente aceitar. Abrindo a gaveta do criado mudo ao seu lado, Melanie retirou um enorme facão pintado de esmalte cor de rosa, e usando todas as forças do seu corpo, a menina começou a desferir golpes sobre o travesseiro diante de si, lançando penas para todos os lados do quarto.

Seu coração batia forte contra seu peito e seus movimentos violentos descontavam toda a sua frustração, conforme a lâmina da faca rasgava o tecido, fazendo um barulho abafado. Gritos de ódio saíram da boca da menina até que ela finalmente derrubou o objeto cortante no chão e abraçou suas próprias pernas, chorando em posição fetal sobre uma cama cheia de penas.

Ela pensava que aquilo tinha acabado, que ia parar. Mas não. Ela havia percebido que seu único e melhor amigo havia se tornado a pessoa que ela mais abominava em todo o mundo.

As lágrimas caíam pelo rosto de Melanie, sua bochecha pressionada contra o colchão, fazendo com que algumas plumas se colassem contra sua pele molhada. Doía muito. Doía para um caralho. Melanie já deveria estar acostumada com a rejeição e a perda já que aquilo fazia parte da sua vida desde muito nova, mas ela não estava. Não com Duncan. Não com a única pessoa que havia conseguido convencê-la de que talvez o mundo não fosse tão merda assim.

A menina olhou para a palma da sua mão e encontrou seu coração batendo, sangue escarlate pulsando dele. Alguns rostos sorrindo a observava do canto do quarto, as paredes estavam rindo dela. A morena cobriu o rosto com as mãos, seus soluços saindo altos conforme mais lágrimas caíam. Risadas. Ela conseguia escutá-las. Uma multidão de monstros, todos com faces distorcidas, rodeavam a sua cama. Os dedos apontados em sua direção, dos seus lábios entreaberto, dentes sangrentos e pontudos. Eles se alimentavam da tristeza dela, e estavam presentes em um banquete.

Os gritos de Duncan do outro lado da porta não ajudavam. Mesmo com as risadas era possível escutá-lo, e mesmo brava com ele, Melanie odiava negar-lhe qualquer coisa. Ouvi-lo pedir para abrir a porta fazia com que ela quisesse se levantar e correr até ele, mas ela não podia. Afinal, era apenas ela. Nada demais para ele. E aquilo doía muito.

As risadas dos monstros a sua volta foram perdendo potência quando a voz de Duncan se sobressaiu, chamando pela atenção da menina. Ela ainda estava deitada em posição fetal, abraçando seus joelhos, mas parou para prestar atenção. Seu coração doía dentro do seu peito e agora os rostos a sua volta a observavam cuidadosamente. Sua memória voltou para o dia em que a pequena Melanie chorava dentro do armário escuro do zelador após uma briga com uma garota de classe que havia lhe xingado de nomes feios. Todos ficaram com raiva dela, mas não Duncan. Ele falava com ela pela porta, mas não pedia que ela saísse. Ele a respeitou. E eles ficaram conversando até que ela finalmente se acalmasse, coisa que apenas ele conseguia.

Conforme a mente da menina voltava para o seu pequeno mundo do passado, Duncan havia adentrado o quarto e se aproximava da cama onde ela estava. Melanie ergueu a cabeça observando a aproximação, sequer querendo reagir. A mais pura verdade era que ela não conseguia odiar Duncan, independentemente do que ele fizesse. Ele pode tê-la machucado, mas ela não queria magoá-lo também. Ela queria vê-lo bem, sempre. Por isso ela apenas permitiu que ele se aproximasse e a puxasse para perto em um abraço confortante.

Agora os dois estavam sozinhos. As palavras de Duncan ecoavam na mente da garota, desde "todo meu tempo livro é dedicado a você", até "não vou te soltar, Mel". As palavras aqueciam e envolviam o corpo da menina junto com os braços do seu melhor amigo que a apertava fortemente contra si, afagando seus cabelos. Melanie enterrou o rosto no peito nu do rapaz e apertou suas pálpebras, fazendo com que mais lágrimas silenciosas caíssem por seu rosto. Ela nunca se sentira tão segura na vida e aquele sentimento era indescritível. As palavras de Duncan apenas fizeram com que ela chorasse mais, dessa vez de pura felicidade.

- Você promete? - Perguntou entre soluços, envolvendo fortemente os braços do menino que a rodeavam com suas mãos. - Você promete que não vai me deixar de novo? Por favor, Dunkey, eu não quero ficar sozinha de novo.[/color]

O coração da menina batia de forma dolorida, mas a mistura de tristeza, angústia, conforto e amor se tornava gostosa de uma forma estranha. Melanie estava completamente envolvida pelos braços do garoto e seus sentidos foram inundados por seu cheiro tão específico, que a lembrava terra úmida e Whisky. Seu rosto estava pressionado contra o peito do rapaz, mas aos poucos suas lágrimas pararam de cair e ela não soluçava mais. As palavras de Duncan eram cuidadosamente absorvidas conforme ela as trabalhava em sua mente. Um suspiro deixou seus lábios.

- T-tudo bem. Eu entendo, você tem responsabilidades, mas... Podemos fazer alguma coisa no final de semana? Você pode tirar pelo menos um diazinho para passar comigo? - Pediu em tom baixo, um pouco medrosa pela rejeição. Tudo o que ela queria era poder passar um dia junto da companhia do garoto que ela gostava tanto. - N-nosso escritório?

Perguntou confusa, erguendo apenas os olhos para conseguir olhar o rapaz. Um novo suspiro escapou dos lábios de Melanie, quando ela se afastou de Duncan com algum esforço, se deitando na cama e puxando a ponta do colchão. Debaixo dele, ela tirou um caderno que carregava consigo desde os dez anos, quando começou a escrever no Saint. Anne. Ela se sentou com pernas de índio na cama e abraçou o objeto contra o peito, de frente para Duncan. Seus olhos fitavam seus pés.

- Sinto que passei muito tempo longe e que talvez você ache que não me conhece. Eu sou a mesma menina de dezesseis anos atrás. -Falou cuidadosamente, ainda não conseguindo olhar para ele. - E-eu não te contei muita coisa quando eu era pequena porque... Sei lá, eu não contava pra ninguém. E-e mesmo o tempo tendo passado, eu senti muito a sua falta. Muito mesmo. -Fungou quando os olhos arderam, mas se impediu de chorar. - Só que eu não tinha noção do tempo. Eu nunca pensei que tivessem se passado dezesseis anos. Não tudo isso.

Um suspiro escapou dos seus lábios e então ela fitou os olhos de Duncan, estendendo o caderno em sua direção para que ele pegasse. Ela o observava em expectativa, mesmo que fosse um pouco difícil fazer isso.

- Aqui está tudinho sobre mim. Tudo. E eu quero deixar você entrar. Quero que saiba absolutamente tudo sobre mim.

Se alguém teria coragem de desbravar a mente de Melanie, era um mistério. A menina não gostava de ter seu mundo invadido, mas se alguém fosse olha-la em todas as cores, ela queria que esse alguém fosse Duncan. Ela prendeu a respiração até o momento em que o livro fosse tirado de suas mãos para só então respirar. Melanie foi tomada por um sentimento eufórico de alegria - afinal, as coisas agora estavam bem - e animadamente, ela engatinhou sobre o colchão até onde Duncan estava, se sentando sobre o colo do rapaz, de forma com que suas pernas ficassem atrás da cintura dele.

Seus braços puxaram o pescoço do menino em um abraço e então os lábios da morena se pressionaram fortemente contra os dele, soltando um barulho estalado de selinho, antes de ela apoiar a cabeça nos ombros, ainda envolvidos por seus braços, do garoto.

- Você é o melhor amigo que um dia eu poderia ter! Eu não sei o que seria de mim sem você.

Sorriu, olhando timidamente para ele, mas ainda confortável em seu colo.

- E-eu sei que você está cansado, m-mas eu não queria dormir sozinha. Os monstros estão mais perto do que nunca hoje, mas eles não vêm atrás de mim quando eu estou com você. V-Você pode dormir comigo? Por favor.

As promessas de Duncan eram como música para os ouvidos de Melanie. A garota que há pouco estava se sentindo em um inferno astral, agora não poderia estar mais contente. Era aquilo que Duncan causava nela. Era a única pessoa no universo com quem Melanie realmente se importava, e quem queria ver efetivamente feliz. Seu melhor e único amigo.

Melanie não conseguiu resistir em soltar uma risadinha. Um suspiro escapou dos seus lábios e ela manteve seu rosto pressionado contra o ombro de Duncan, abrindo um sorriso contente.

- Não precisa faltar por minha causa, bobinho. Mas quero todos os seus finais de semana!

Quando o garoto falou sobre o tempo em que haviam passado longe um do outro, Melanie finalmente percebeu como a distância poderia ter afetado, não apenas ela, mas também o rapaz que havia sido deixado para trás. Os olhos mareados e o rosto molhado de Duncan partia o coração da morena em tantos pedaços que seria impossível contar.

Abraçados, Melanie sobre o colo de Duncan, um com o rosto contra o ombro do outro, ambos ficaram naquela posição, aproveitando um pouco a sensação. Melanie adorava sentir o calor do corpo do rapaz contra o seu corpo, lhe dava um sentimento confortante de que ele estava e sempre estaria ao seu lado, assim como o seu coração que pulsava forte contra o seu peito. Melanie abraçava o pescoço do rapaz conforme as mãos dele envolviam a cintura dela e por um momento tudo ficou em silêncio. Apenas os pequenos soluços de Duncan poderiam ser ouvidos, estes que acabavam com a menina por completo.

Duncan aceitou o pedido da menina quando ela solicitou que dormissem juntos e isso arrancou um sorriso do rosto de Melanie, que logo morreu quando ela conseguiu ver de fato as lágrimas que desciam pelo rosto do garoto. Com as mãos apressadas e o coração batendo forte, a menina tirou os óculos do rosto do rapaz e aproximou o rosto do dele, lambendo as lágrimas de suas bochechas. Uma risadinha escapou dos seus lábios, conforme ela afagava cuidadosamente as bochechas recém meladas do rapaz.

- Ei, ei, ei. Dunkey, tudo bem. A culpa não é sua nem de ninguém. Você não sabia e eu tenho certeza que se soubesse teria ido atrás de mim. -Ela garantiu, dando um novo beijinho rápido nos lábios do rapaz. Era a melhor forma de transmitir seu afeto ao seu melhor amigo.
- Me desculpe que eu tenha te comparado sequer por um segundo com meu pai. Você e ele não são parecidos, nem mesmo de longe. -A morena proferiu, ainda com os braços apoiados nos ombros do rapaz, mas mantendo contato visual com ele. - Você tem um ótimo coração, se importa comigo e é uma pessoa incrível. E eu te amo. Você é a única pessoa nesse mundo que eu amo de verdade. Por favor não fique triste. Vamos colocar um sorriso nesse seu rosto, ok?!

A menina passou os dedos pelo pescoço do menino em um princípio de cócegas, em prol de fazê-lo pelo menos sorrir por um momento. Era ótimo estar com Duncan. Com ele os monstros não apareciam, as vozes não a acordavam e os olhos não ficavam zombando dela. Não com ele. Quando ele estava ali, era apenas os dois, e ela amava isso.

- Vamos deitar, ok? Você teve um dia longo e já apagou uma vez! Você precisa do seu soninho da beleza, ou não vai conseguir se manter bonito assim.

Sorriu, passando os dedos pelos cabelos do garoto, admirando seu rosto quando soltou o elogio. Não demorou para que, energizada, a garota pulasse e se colocasse de frente para o garoto, ajoelhada contra o colchão. Suas mãos rápidas foram até o cinto de Duncan e ela o desabotoou agilmente, fazendo o mesmo com o botão da sua calça social. A menina pousou as mãos rapidamente dos dois lados da cintura da peça e a puxou para baixo, deixando Duncan mais confortável em sua roupa de baixo.

Um sorriso inocente se formou no rosto da garota conforme ela puxava os cobertores e entrava debaixo deles, puxando Duncan para junto de si. Ela puxou as cobertas sobre os dois, apoiando o rosto contra o peito do rapaz e se aninhando ao lado dele, deixando uma perna descansar sobre a do mais velho. Um sorriso largo se formou no rosto de Melanie, agora se sentindo melhor do que nunca. Ela olhou para cima, fitando o rosto de Duncan antes de depositar um beijo em seu queixo.

- Boa noite, Dunkey. Sonhe com os anjos.

Sussurrou antes de fechar os olhos - envolvida pelo delicioso e familiar cheio de terra úmida e whisky - lentamente mergulhando no mundo dos sonhos.