[RP FECHADA] Whiskey in the Jar

Wild & Free

Céus... Depois de tudo, do que mais essa garota seria capaz?

Este pensamento lhe surgiu após Brendan ponderar a proposta da loira para que deixassem o local. Aonde iriam? Ele não fazia a mínima ideia, nem sequer conseguia presumir, e levando em consideração a postura impulsiva da recém-conhecida, tinha certeza de que questioná-la a respeito disso seria inútil. Sabia que não havia meios de descobrir senão deixando-se levar pelas suas atitudes. Era exatamente o que pretendia fazer. Antes de partirem, no entanto, ela seguiu de volta ao balcão enquanto o irlandês, que se limitava a aguardar, pôde somente observá-la de uma certa distância. Viu a garota trocar algumas palavras com o barman e em seguida dirigir-se ao caixa. Ao final de tudo, avistou o embrulho que ela trazia consigo ao retornar, porém Brendan teve a prudência de evitar perguntas; como sempre, resultariam em nada. Por fim a jovem fisgou as chaves da moto e ambos percorreram juntos à saída do The Stage on Broadway.

Sob o céu noturno passaram a avançar ao longo do estacionamento. A dúvida repentina da garota em relação à moto já era esperada; Brendan logo lhe respondeu: — É aquela ali. — Seu dedo apontava no sentido de uma suntuosa Suzuki metros adiante — talvez a segunda maior paixão na sua vida. Ao se aproximarem do veículo, um detalhe essencial veio à tona, e eles se depararam com o seguinte dilema: havia apenas UM capacete à disposição. Só que, na verdade, não pareceu um problema à garota, visto que ela, tão certa do que fazia, prontamente negou o objeto e lançou-o ao rapaz, que a encarou com um quê de admiração. — Percebi que teimosia é uma forte característica sua, portanto... — ele foi encaixando o capacete na própria cabeça em meio à fala —, não vou insistir. Só te desejo sorte. — Nessa hora, para a surpresa — e aflição — de Brendan, seus olhos flagraram-na tomar a liberdade de subir à moto primeiro, na dianteira, claramente no intuito de pilotá-la, e súbito uma pontada de incerteza o atingiu.

Porra, e quanto ao álcool que ela ingeriu? Deveria impedi-la? Vai foder minha moto e nossas vidas. Merda...

O problema é que ele não teve a audácia de contestá-la. No fundo, temia fazê-la desistir do que estavam prestes a realizar se tentasse impedi-la de agir conforme suas vontades. — Confiar? Não mesmo. Mas acho que não tenho escolha. — Tendo se dado por vencido, subiu conformado à garupa. Sentia uma apreensão crescente ao se instalar detrás da garota. As mãos ele assentou no suporte traseiro a fim de ter apoio caso ela decidisse abusar da velocidade — o que certamente ocorreria. — Vai com calma. Não há por que... — O ronco do motor rugiu e, ao ganhar vida, se sobrepôs à voz de Brendan. Na sequência a jovem pôs a eficiente Suzuki em movimento. Quando alcançaram a rodovia, a aceleração aumentou consideravelmente, o que produziu nele um misto de emoções diversas. Apesar da imprudência daquele momento, não podia negar o quanto aquelas sensações eram libertadoras. Durante o trajeto o rapaz perdera completamente a noção do tempo, entretanto tinha a impressão de que estariam chegando ao destino em breve — ou ao menos torcia por isso.

Então, a certa altura, um desvio fora feito e o restante do caminho se tornou elevado; subiam em uma espécie de aclive. No ponto mais alto dali a moto finalmente perdeu o vigor e o motor caiu em silêncio absoluto. Um alívio tomou conta de Brendan assim que saltou da garupa e retirou o capacete, largando-o no chão. Agradeceu mentalmente o fato de estar vivo. A seguir lançou um olhar curioso e intrigado ao redor — o novo ambiente, precisava confessar, era impressionante. Depois de avaliá-lo brevemente, fixou os olhos na garota; esta acabara de descer da moto e revelava uma euforia contagiante que arrancou do irlandês um sorriso. — Pode levá-la. Acho que prefiro voltar de Uber para casa. — Evidente que suas palavras estavam repletas de sarcasmo. Nesse instante ele pôde finalmente desvendar o que tinha no embrulho cuja garota transportava desde a boate. Uma garrafa de uísque. Brendan, é claro, não a recusou e se serviu de três longos goles, dispensando um suspiro de plena satisfação ao saborear o álcool.

— Sim, muito bonito. Admito. Calmo e tranquilizante. — Postou-se ao lado da garota e também se ocupou em apreciar os pontos luminosos que o cenário da cidade revelava. — Aqui deve ser seu espaço privado, hm? Todos nós temos um, afinal. — Permitiu-se outro gole da bebida antes de estendê-la de volta à loira. — Tenho duas perguntas a fazer... Primeiro, onde aprendeu a pilotar uma moto daquele jeito? Segundo, pode me dizer por que me trouxe a esse lugar? Achei que preferisse a agitação do The Stage. Para quem procurava diversão, como você... — Brendan interrompeu o diálogo ao espreguiçar-se —, essa área me parece muito sossegada, entende? — A adrenalina começava a abandonar seu corpo, e em seu lugar um entorpecimento foi ganhando cada vez mais espaço, a ponto de incitar o irlandês a sentar-se no chão e posteriormente deitar-se, pondo as mãos entrecruzadas sob a cabeça. Na atual posição ele alternava a atenção entre a garota e o panorama à sua frente. Duas belas vistas.