Cuidar de um conglomerado de entretenimento não era um trabalho simples, nem rápido, mas era algo que Natasha Dragomir fazia com facilidade e excelência. A diretora de redação, além de excelente jornalista, era uma empresária com visão apurada. Transformara a revista em uma marca, que tinha agora site, aplicativo, canal no Youtube, milhões de seguidores no Twitter e Instagram e milhares de compartilhamentos diários no Facebook. Além de começar e terminar carreiras com poucas palavras. Havia digital influencers e havia a Who's rocking? que criava esses influenciadores. E tudo sobre o olhar atento da russa perfeccionista, que exigia que todas as decisões passassem por sua mesa. Era uma maldita controladora, que passava mais tempo trabalhando que fazendo qualquer outra coisa.

Mas ser assim havia feito com que adicionasse mais alguns milhões a já imensa fortuna dos Dragomir. Além de fazê-la ser uma das pessoas mais influentes do entretenimento no país, isso era o que mais lhe importava. Tinha certo gosto pelo poder e não era nada neutra ou justa. Podia ser comprada com facilidade e o fora, muitas e muitas vezes. Vários tentaram derrubá-la usando sua vida sexual, sua corrupção e o que quer que fosse contra ela, mas só conseguiram aumentar seu poder. E agora ela estava de olho em um outro ramo que negligenciara por tempo demais: os esportes.

Aquela indústria movimentava milhões e ela queria um pouco para si. Por isso, quando viu o sucesso que o novo jornalista esportivo do jornalzinho da cidade estava fazendo, tratou de chamá-lo depois de estudar como poderia ser sua entrada para aquele ramo. Gostando das perspectivas, marcou a reunião com o homem. Já sabia que nos tempos atuais esportes não eram mais predominantemente masculinos e aquilo era perfeito, pois poderia usar o novo jornalista para cobrir a chatice esportiva em si, mas também para descobrir talentos interessantes e, juntando ele com algum de seus passarinhos, também teria boas matérias para as sessões de fofoca.

Natasha não fizera sua revista crescer por sorte, pelo dinheiro ou pelo nome da família, mas porque tinha talento e tino e sabia usar as oportunidades quando as tinha. Assim, naquele dia esperava o ex jogador às 10h, torcendo para que ele não tivesse ouvido falar muito mal dela. E mesmo que tivesse, que fosse mais esperto, porque ele só teria vantagens. A Dragomir era arrogante, mimada, difícil de lidar, porém pagava os salários mais altos.

Quando deu 9h59, Marie lhe avisou que Lewis Eklund estava ali e ela agradeceu pela pontualidade, odiava atrasos. Mandou o homem entrar e o recebeu sentada em sua cadeira, com expressão séria e avaliativa. — Bom dia, senhor Eklund. Aprecio a pontualidade. Pode sentar. Quer um café ou água? — começou a falar, inclinando-se um pouco para avaliá-lo melhor sem esconder que fazia isso. Sabia quem era, sabia sua posição e jamais escondia nada. — Já faz algum tempo que venho lendo suas matérias e me interessei. Quero expandir os horizontes da Who's rocking? e acho que o senhor seria uma boa aquisição. — com ela não havia rodeios ou conversa jogada fora. Ela não queria saber como ele estava ou o que quer que fosse. Tinha várias outras reuniões marcadas para aquele mesmo dia, então quanto antes terminasse aquela, antes começaria as próximas.