[rp fechada] my first blo... job here

O cigarro estava aceso e preso entre os meus lábios machucados ainda de ontem a noite, e enquanto o tragava um sorriso aparecia aos poucos nos mesmos enquanto lembrava da cena depois de entrar na casa do meu pai. A mulher dele começou a destruir todas as coisas enquanto minha meia-irmã foi tentar parar a mãe o meu meio-irmão mais velho, um grande menino amarelo bundão, devo dizer, foi correndo atrás do papai para avisar sobre a minha caótica e devastadora chegada. E ele chegou na sala de estar irado pela minha revelação, já acertando o meu rosto com um soco, fazendo-me cair para trás sobre a mesa de centro, quebrando-a. Eu só consigo pensar no quão fodida aquela família deve estar agora. Dentro do parâmetro emocional, claro. Financeiramente estão vendendo saúde.

Mas ao contrário deles, já que ainda não executei a melhor parte do meu objetivo aqui em Nashville e por só me restar cinquenta dólares, precisei começar a procurar um emprego ainda hoje cedo, é importante não levantar suspeita da lei logo assim de cara... afinal como um garoto vai conseguir grana para a estadia e necessidades básicas sem estar registrado em qualquer lugar como empregado? Mas parece que os donos dos estabelecimentos da cidade não gostam de um garoto transparente demais. Roupas folgadas e semi-abertas, maço de cigarro na boca, os lábios machucados, além de algumas unhas pintadas de preto, claro. Que quadradões.

E justamente pelo centro enquanto deixava a fumaça do tabaco sair pelas narinas avistei uma livraria um pouco distante. Saquei o celular rapidamente e pesquisei sobre a mesma... Não tinha muita coisa sobre ela na internet. — Acho que essa quadragésima espelunca não vai cobrar muito... — Coloquei as mãos dentro dos bolsos da calça social preta e atravessei a rua, jogando o cigarro dentro de uma lata de lixo próxima ao estabelecimento depois de apagar.

Logo quando entrei ouvi o sino e de cara também avistei a proprietária jogando conversa fora com algum outro cara, vi uma foto na minha pesquisa de alguns minutos atrás, só que eu não tenho tempo para ficar gastando como ela. Meu olhar passou por todo o ambiente rapidamente e no caixa pude ver um avental largado com a logo do lugar. — As coisas por aqui são sempre tão fáceis assim?! — O tom era debochado e meus passos rápidos para aproveitar da distração dela e vestir a farda do ambiente e começar a trabalhar ali por conta própria. Foda-se o vínculo empregatício.

A tarde até que fora proveitosa e o cara passou o maior tempo do mundo conversando com ela, indo embora junto com a maioria dos clientes. Às seis horas da tarde. Foi quando finalmente pude me aproximar dela.

— É o lucro total do expediente de hoje. — Joguei sobre o balcão do café um total de trezentos e cinquenta dólares. — Eu neguei as compras no cartão pois preciso de dinheiro para agora e não trabalho de graça para ninguém. — Cuspi todas as palavras de uma vez só. E estou falando sério, se minha mãe acha que eu não vou cobrar dela por ter passado toda a minha vida trabalhando naquele maldito prostíbulo dela... Ela está muito enganada. — Porém como sequer comuniquei nada, ficarei com a taxa de trinta e cinco por cento de hoje. Ou seja, cento e vinte e dois dólares e cinquenta cents. — Suspirei e tirei o avental finalmente. Ele tinha um maldito cheiro de perfume feminino, ainda que não fosse daqueles doces. — E me parece que isso daqui ainda não é o melhor dos negócios então estou indo embora. Tem cinco minutos para suas considerações finais, não que isso signifique que irei acatá-las. — Falei enquanto contava a minha parte, pegando os cento e vinte e dois dólares do montante jogado no balcão e depois me abaixei para pegar cinquenta cents no chão, evitando que tivesse de ir até o registrador para pegar a moeda. — Nada mais, nada menos. —

Ergui uma das sobrancelhas cruzando o braço já de imediato. Provavelmente teríamos um impasse aqui. — Eu disse que neguei compra em cartão. Não que os clientes foram embora sem comprar nada. — Suspirei — E não, não tinha. Não tenho qualquer vínculo com a livraria. E cento e quinze dólares. — Contestei o valor entre de imediato. O que ela queria que eu fizesse com cem dólares? Melissa só tinha pago uma semana de hospedagem no hotel onde estou agora, até tentei pedir estorno e arranjar um lugar mais barato e ter mais dinheiro em mãos, mas aquela vadia já tinha se preparado para isto.

Apenas continuei de braços cruzados. — Eu não quero emprego. Porém preciso, o que tem uma grande diferença. Já ficaria satisfeita por ter encontrado alguém para trabalhar aqui se fosse você. — O tom era calmo e tranquilo. — Mas se não conseguirmos em entrar em um acordo eu posso sair pela mesma porta que entrei e procurar outro emprego. Esse não é o único lugar, Natasha Burgess. — Inclinei a cabeça e ri em escárnio. — Não. Você ainda não é minha "chefe". — Descruzei os braços e encostei as costas no balcão, apoiando os cotovelos sobre o mesmo. — Então, como vai ser?! —