[RP Fechada] Water or wine, don't make me choose

Quando os olhos esverdeados captaram os ponteiros no Michael Kors que ostentava no braço esquerdo, Sam se redimiu consigo mesma por ter saído cedo de casa naquele dia. Ser a presidente da própria empresa lhe dava o privilégio de entrar e sair na hora que queria, ainda que não fosse um costume ou algo comum chegar atrasada. Tirava um dia em cada semana para se sentir mais a vontade, e adiar sua chegada estava no meio do planejado. Sua preocupação prevalecia sobre o projeto Cadmus, onde um vírus era desenvolvido para auxiliar união de átomos e partículas capazes de acabar com o envenenamento por aspiração do chumbo, algo bastante constante em obras e funções operárias em minérios e afins. O antídoto estava parcialmente pronto, precisando somente de testes. Testes estes que seriam desempenhados no momento em que chegasse ao laboratório da Z-Corp. Seria um passo importante na ciência, e principalmente, na medicina.

— Senhora Zadaward.

A voz de Zac despertara seu pequeno devaneio no trajeto até uma das mais livres e desempenhadas em servir o melhor café de Nashville. A porta do Sedan preto permaneceu aberta até que a mulher aceitasse a mão de seu motorista como auxílio para se por para fora do veículo e adentrar no recinto após alguns passos até finalmente empurrar a porta frontal. O sino intercalou na entrada, cantando com a presença de mais uma recém chegada. O movimento estava razoável; Algumas pessoas sentadas, conversando enquanto aproveitavam seus cafés, outras na fila, onde Sam prontamente se colocou. A bolsa pendurada no braço, celular nas mãos, andava os passos leigos enquanto digitava algumas mensagens e aguardava sua vez.

Quando chegou, prontamente pediu o mesmo de sempre.

— Um mocha duplo. — pediu, bloqueando a tela do moderno eletrônico para pegar uma nota de vinte dólares da carteira. Pagou a bebida, cedendo o lugar para o próximo da fila enquanto se encaminhava na direção de uma das grandes paredes de vidro que serviam de janelas para a esquina do quarteirão, onde sentou num dos bancos acolchoados que acompanhavam as mesas.

Ainda sentira a fracionada vontade de sorrir, quando o cara da mesa ao lado, acompanhado de uma garota aparentemente bem mais jovem lhe dirigia olhares maliciosos. Quando notou tal ultraje, arqueou uma sobrancelha, recebendo sua presença poucos minutos depois. O homem indiscretamente lhe convidara para um dia diferente em sua companhia, prometendo muitos gritos e coisas que preferia não reproduzir uma segunda vez, ainda que mentalmente. A garota, inconformada, levantou-se e deu com o pé para fora do estabelecimento, obrigando Samantha a lhe oferecer uma resposta.

— Não costumo passar alguns minutos do meu dia visitando um pedófilo desconhecido na cadeia. Agora saia daqui antes que eu chame alguém que faça um trabalho que policiais deixam para outros prisioneiros fazerem. — pois aquele deveria ser o único acompanhamento considerável que ele poderia lhe oferecer. A tornozeleira eletrônica não era o único fato que lhe fizera desprezar a presença indesejada dele. Seu jeito intolerante e machista foram suficientes para isso. Nojento. Zac observava tudo, atento, pronto para intervir.

Mas, o que ele não deveria contar, era o fator surpresa: Samantha havia tido boas aulas de defesa pessoal com amigos muito mais ardilosos que professores que ensinavam somente o básico. Sabia quebrar um pescoço sem levar tempo para precisar piscar os olhos. O homem saiu como um foguete, irritado, quase num literal cuspindo fogo. Um sorriso de pura descrença lhe tomou os lábios por um momento, até ouvir seu nome ser chamado e logo se levantar para buscar sua bebida, voltando a ocupar o mesmo lugar minutos depois, enquanto voltava a mexer no celular.