[rp fechada] Primeiro dia de aula

— Bati.

— Ah, vá para o inferno!

O berro agudo de Janet soou, alarmando alguns do detentos presentes na sala de oficinas e atividades. Sra. Rosa tampou os ouvidos e começou a cantarolar, enquanto Fredrick — um homem em seus cinquenta anos e careca — ergueu os braços para cima e começou a correr em círculos, fazendo com que alguns enfermeiros tivessem que se mobilizar para ajudá-los.

Independente dos olhares feios que recebiam do staff, Jordan sorria. Janet passou o seu último pacote de jujubas azedas e o garota aceitou com prazer, deixando-a dentro dos bolsos finos da calça de algodão, mantendo-se em tom de felicidade mesmo que soubesse que estava sendo amaldiçoado até a décima oitava geração pela melhor amiga.

— Você deveria só parar de jogar. Não tem muito mais sacos de jujuba para perder.

— E você deveria beijar o meu traseiro.

Ela respondeu em tom irritado, cruzando os braços. Jordan apenas deu risada novamente, olhando para Georgie bem a tempo do menino revirar os olhos.

— Janet é a pior perdedora que já vi em minha vida.

— Nem todos estamos acostumados a ser perdedores, ok Georgie?

— Crianças, não briguem. — Jordan falou em tom calmo, conforme recolhia as cartas sobre a mesa e as juntava no deck. — Eu não tenho um celular para filmar.

Era apenas mais um dia como qualquer outro no Saint Anne.

Como de costume, Jordan havia se encontrado com seus únicos dois amigos que havia feito na primeira semana em que havia entrado ali, todos tendo apenas um traço em comum: eram lúcidos o suficiente para manter um diálogo por mais de cinco minutos.

No entanto, se não tivessem sido arrancados dos seus kit identitários e jogados em um manicômio com números ao invés de nomes, nunca teriam se conhecido e feito parte do mesmo grupo. Janet era uma rebelde. Mesmo nos pijamas brancos e obrigando a pentear os cabelos ruivos, o seu pavio curto, piadas excessivamente sexuais e gosto por rock n roll e mortes era algo que deixava claro à qual tribo pertencia antes daquele lugar.

Georgie era um nerd. Do tipo mais clichê do universo: sendo um menino franzino de quinze anos, extremamente magros e com cabelos cacheados volumosos que o fazia se assemelhar com um elfo. Os óculos de lentes grossas também colaboravam para aquela percepção, mesmo combinando com pijamas de algodão branco. E Jordan — Bem… Jordan era um excluído. Uma pessoa de poucos amigos, que não gosta de socialização e preferiria passar o seu tempo dentro do quarto do que socializando com as demais pessoas da sua idade;

No entanto, conforme as circunstâncias, os três agora faziam parte de uma nova tribo: a tribo de pacientes de hospitais psiquiátricos. E, se fossem granularizar ainda mais, seriam “os pacientes mais lúcidos de hospitais psiquiátricos”.

Independentemente da natureza daquela amizade, os Georgie e Jane tornavam a vida de Jordan menos miserável naquele lugar — e ele havia se tornado realmente muito bom em tranca.

— Opa, opa, opa. Nova interna, extremamente gata, às doze horas. Repito: nova interna, extremamente gata, às doze horas.

Janet pareceu se esquecer completamente da raiva quando se deparou com sua coisa preferida no universo: mulheres.

Não estava exatamente interessado em algum novo louco que havia chegado ali, mas cedi ao olhar sobre o ombro e me deparar com uma menina pequena, os cabelos platinados em tom quase prateado. Seu rosto tinha traços extremamente delicados — quase angelicais — e seus olhos eram azuis, mas pela expressão que ela possuía ao olhar em volta, em nada se parecia com um anjo.

Por isso, franzi a testa ao voltar a olhar para a ruiva e olhava de tempos em tempos para a menina, um sorriso quase se formando em seu rosto.

— Não sei não, Jane. Ela tem cara de ser uma serial killer. — Deu de ombros, embaralhando as cartas e redistribuindo. — E conhecendo seu péssimo gosto para mulheres, tenho certeza que ela é. — Finalizou por fim, abrindo um sorriso de canto. Sacou as cartas da mesa, dando uma rápida analisada nos números em sua mão. — Você começa.