the duty above all

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Mensagem por Natasha I. Dragomir Sáb 15 Jun - 18:37:40

Relembrando a primeira mensagem :

the duty above all
Escritório de Natasha Dragomir, , meio da tarde de uma sexta-feira. O lugar é amplo e com uma janela de vidro do chão ao teto, dando uma visão excelente de Nasville, já que se encontra no vigésimo segundo andar. A decoração é elegante e moderna, nas paredes estão emolduradas algumas das capas mais famosas da revista "Who's Rocking?" e nas estantes estão todas as edições, além dos prêmios já recebidos pela diretora de redação.
novembro de 2018
12°C
17h48
Natasha I. Dragomir
Natasha I. Dragomir
diretora de redação who's rocking?


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the duty above all - Página 3 Empty Re: the duty above all

Mensagem por Sam Venwil Zadaward Dom 30 Jun - 0:39:13




Antecedendo o mínimo discurso, veio o olhar doloroso, a circulação de uma atmosfera reversa, completamente tempestuosa e densa. Sua feição não demonstrava nada além de uma icônica expressão vazia, séria, piscando tão poucas vezes que pudera erguer a dúvida de ter, por um inconveniente, transformado-se numa estátua. O peito subindo e descendo vagarosamente era o único sinal evidente de que ainda estava viva, sem indícios de uma paralisação, mas um perfeito reconhecimento de que estava sendo tragada para alguns poucos anos atrás, bem quando se sentira daquele mesmo modo. Atordoada, vazia e completa ao mesmo tempo.

x

A noite estava mais fria que o comum, e mesmo para um lugar onde a frieza era o amigo mais íntimo, a sensação térmica estava mesmo se sobressaindo. Os ambulantes frequentes andavam de um lado para o outro no meio da rua, tão agasalhados que era praticamente impossível identificar quem poderiam ser, para onde iam ou o que faziam. Perto do Lisa’s Coffee um casal estrangeiro se abraçava, posando para uma foto breve, trêmula. A ponta dos dedos revestidas pela luva negra daquele que tirava a foto queimavam, indicando a insuficiência da proteção ou, no pior dos casos, o frio tomando ainda mais intensidade. No centro, os carros trafegando um pouco mais devagar, alguns motoristas indo trocar os pneus para os de neve, outros estavam apenas apressados para chegar em algum lugar. Do outro lado da rua, um casal adentrava o recinto quentinho e confortável.

Bastaram poucos minutos para a mulher tomar os lábios de seu acompanhante, num gesto repentino e intenso. Ele, que esperava por aquilo, recebeu-a de bom grado, retribuindo com todo o seu ser. Gostava dela. Gostava há muito tempo. Não era de se esperar que uma terceira companhia surgiria para assistir de camarote e destinar ao futuro promessas de que Samantha Zadaward estava morta para sua pessoa. Infiel, insensível, monstruosa. Como pudera fazer aquilo? Se afastou bruscamente, sem titubear.

Natasha, vo…. — Tentou chamá-la, mas já era tarde demais. Para a russa que assistira o definhar de uma provável relação, a inglesa tornava-se a sua decepção.

E era verdade. Não existia decepção maior que Samantha naquele momento. Como tinha ousado chegar naquele ponto? Onde estava o seu coração?

Onde, Natasha?


x

Tudo aquilo lhe lembrava as três últimas estrofes de uma poesia curta, que em muito lhe entorpecia naquele instante.

Da paina os vagos flocos cor de neve
Colhe, e por dentro o alfombra com carinho;
E armado, pronto enfim, suspenso, em breve,
Ei-lo, balouça à beira do caminho.

E a ave sobre ele as asas multicores
Estende e sonha. Sonha que o áureo pólen
E o néctar suga às mais brilhantes flores;

Sonha… Porém, de súbito, a violento
Abalo acorda. Em torno as folhas bolem…
É o vento! E o ninho lhe arrebata o vento!

Abaixando a cabeça por alguns segundos, Sam sentiu a essência do perfume que lhe tragava a consciência indicar a saída repentina do Crossfire, o que ainda não era de seu desejo. A Dragomir não poderia simplesmente jogar tudo aquilo em suas costas e esperar que nada viesse em resposta. Não mais. Também estava cansada. Sentia cada linha admitida por ela como um tapa na cara. E quando Natasha parasse no lugar, sentiria a força de uma confissão lhe servir como obstrução.

No túmulo, físicos e matemáticos estudavam a ciência daquela composição. Eram de fato o câncer e a falsa promessa de cura. Existiam, conviviam e ainda que soubessem de toda a verdade sobre a falha por trás da cura, dependiam dela. Eram opostos que juntos funcionavam como a esperança que o mundo precisava. Elas só conseguiam enxergar a ruptura, como se estivessem na borda dos limites de um planeta onde eram as únicas habitantes. Estavam presas numa bolha de complexidade.

Dor emanava dos olhos da advogada, tão intensa como o último suspiro. — Eu amava você, Natasha! — Gritou, furiosa. Não sabia dizer o que doía mais: Admitir ou ter que fazê-lo por completo. Começar era fácil, e já que estava sendo judiada com tanto ódio cuspido em sua cara, poderia expor o seu lado. O que mais perderia? — Ainda amo. — Ditou, num sussurro falho causado pelo nó preso na garganta. Havia prendido tudo por tanto tempo, que esquecera-se de como era sentir. Qualquer coisa. Pelo menos, tinha admitido, coisa que Natasha fizera com outras palavras. Parte de sua vida fora gasta com imaginações absurdas de um futuro juntas, de um passado onde não fora a covarde que sentiu medo. Medo do que sentia. De ter sido colocada de frente para um sentimento tão grande, que nem mesmo seu peito suportava. Amar Natasha sempre lhe deixara repleta de uma sensação de estar…. Inteira.

E tentou, por muitos corpos encontrar o que Natasha Dragomir lhe causava. Tentou buscar amor onde bem cabia, mas não se sentia bem vinda. Em casa. E aquilo era ainda mais aterrorizante. Era ela, não podia negar, mas o fez. E levou a culpa. — Não tenho o direito de que? — Os olhos, que estavam mais verdes do que castanhos naquela noite, tornavam-se cada mais duros enquanto Samantha se aproximava o suficiente para deixá-las a poucos centímetros outra vez. — Você me culpa por tudo, mas não remete a sua própria proporção disso. Você foi a única que eu….Amei. Não podia repetir outra vez. Sentia-se fraca. Sem ar. Tonta. Desgovernada.

O peito doía. Doía lembrar. Doía conviver com aquele amor, com aquela sensação de estar perdida em si mesma. — Eu nunca fui o seu amor. Vivi na sombra, sendo a substituta. A que te fazia lembrar de quem realmente deveria estar no meu lugar. E me mata ter que olhar para você, e saber que tudo continua do mesmo jeito. — Lá estava a Samantha Venwil Zadaward que o mundo conhecia. Fria, impiedosa. Vazia, outra vez. — Saber que nunca teria você me matou, Natasha. Continuou me matando por muito tempo. — Findou, enquanto não se dava o trabalho de recolher suas coisas para dar o fora dali. Rebecca faria aquilo por ela. Se ela queria aquele fim, com a quebra de um contato, lhe proporcionaria tal coisa. Aquele era o jeito de Samantha dizer que havia entregado o seu coração, mas não se dera conta de que Natasha já segurava um. E pertencia a pessoa que segurava o seu.

Rápida o suficiente para não ser parada, Sam se viu face a face com a dona da Whos Rocking, e por muito pouco não a beijou. Seria o fim da meada, ainda que o seu coração, cérebro e todos os componentes do corpo pedissem por aquele contato. O último. Mas, tão rápido quanto se aproximou, abriu a porta do apartamento e percorreu os poucos passos até o elevador. Caso Natasha acompanhasse o ligeiro andar, seria a única espectadora em vida a presenciar um momento épico. Raríssimo.

Quando as portas do elevador estivessem prestes a se fechar e os olhares se cruzassem por aquela vereda, seria possível notar o par de lágrimas que escorria pelos olhos claros e a expressão de quem estava fodidamente fora daquele corpo. Vazia de uma forma que jamais pudera se ver naquela mulher sempre tão inabalável. Seria o suficiente para o dragão dissipar a imagem robótica? Pois, sem uma barreira para se esconder,

Samantha se estilhaçou em mil e um pedaços.


But devil that won't be me  ///  wearing
Sam Venwil Zadaward
Sam Venwil Zadaward
CEO Z-Corp


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Mensagem por Natasha I. Dragomir Dom 30 Jun - 1:43:35

ice  queen


O caminho de Natasha havia sido interrompido, não por um obstáculo físico, mas por algo muito mais forte: os sentimentos que às vezes achava que Sam não tinha. Aquilo, aquele reconhecimento pegou a Dragomir tão de surpresa que ela simplesmente estacou no lugar e encarou a outra, sem ter certeza do que estava acontecendo. Uma dimensão paralela parecia ter se formado de repente e uma outra Samantha ter surgido, alguém capaz de sentir, capaz de expressar. Mas mesmo que essa fosse a verdade, não era tão surpreendente quanto as palavras que a mulher disse em seguida. "Amava? Samantha?" Natasha não conseguia conciliar aquilo, mas no fundo de seu coração entendia que era verdade e uma dor inexplicável começou a acometê-la. Se essa era a verdade, por quê...

O que estava acontecendo ali?


Era como se o chão de repente tivesse se grudado aos seus pés e ela não pudesse se mover, como se tudo ao redor estivesse embaçado e o único ponto de foco era Samantha, mas era dolorido apreender as palavras dela. Se o que ela dizia era verdade, haviam perdido todo esse tempo por quê? Mas não precisou questionar-se muito, pois a Zadaward lhe respondeu e o chão, que antes estava grudado, agora parecia sumir. "a única" Por um instante fugaz um gota de esperança tomou conta dela ao pensar que, se não havia mais ninguém, ainda havia chance. Mas esperança era para tolos e fracos.

E então ela sentiu. As palavras de Sam a atingiram com ferroadas, com facas que cortavam e voltavam a cortar. E havia verdade nelas, mas não a verdade completa. Apenas a que Samantha sabia. Sim, seu coração era de James e sempre seria. Porém quando elas se conheceram, Natasha havia se apaixonado e, pela primeira vez ela não havia comparado Sam com o noivo assassinado. Samantha era apenas Samantha. E conforme elas se conheciam ela transformava-se em alguém que ela confiava. E naquele dia...

Sim, Lou. Tenho certeza que eu amo ela. Descobri do nada, umas três noites atrás, quando ela mando uma mensagem dizendo que minha matéria da página 38 estava ótima. Nem tu presta atenção na página 38! Não precisa mentir, eu sei que tu não presta. Enfim, acho que vou dizer hoje. Está bem, dá um milhão de beijos no Liam. Te amo.

Mas o destino tinha outros planos para elas e ali estavam. Separadas e agora cada vez mais distantes. Duas pessoas que não conseguiam ficar juntas, mas eram incapazes de ficar longe. A vida sabia ser uma vadia sem coração. E ali, vendo a mulher que queria ir, Natasha não conseguiu fazer mais que chamar seu nome, quase em um sussurro. — Sam... — não conseguia se mexer para ir atrás da outra. Se antes as palavras de Samantha não eram toda a verdade, depois do que acontecera com elas, depois do que ela fizera, elas haviam se transformado. A Dragomir não podia negar: amava Sam fervorosamente, mas não confiava nela. E a verdade disso, de saber que o medo e o passado as havia separado atingiu Natasha por fim, a fazendo deslizar até o chão e deixar fluir todo o choro preso em si durante anos. Chorava o primeiro amor perdido e agora o segundo. Mas chorava principalmente a garota que deveria ter sido, mas nunca tivera a chance.
DRAGOMIR, NATASHA wearing//with Sam.

Natasha I. Dragomir
Natasha I. Dragomir
diretora de redação who's rocking?


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